O tamanho do mercado de smartwatches deve ser medido e analisado considerando que estamos falando da próxima fase evolutiva das comunicações móveis. Não bastasse isso, esses dispositivos têm enorme potencial com a ampliação das iniciativas de internet das coisas (IoT).

Os benefícios de controle de dados sobre a saúde do usuário, por exemplo, envolvem um grande mercado. Não apenas em razão do desejo do consumidor de cuidar da saúde, mas pelo aumento de possibilidades decorrentes da evolução tecnológica, viabilizando novos tipos de testes.

Mas esses são apenas dois motivos para considerar os smartwatches na transformação digital. Vejamos agora outras razões e, principalmente, os números desse nicho.

O BOOM no mercado de smartwatches

Antes de entrar em detalhes sobre os números do setor, vale mencionar que estamos falando de um produto que está sendo introduzido no mercado. Isso favorece altos índices de crescimento e justifica um total de unidades vendidas menos expressivo — se compararmos os resultados com o de smartphones, por exemplo.

Em 2014, o setor vendeu 5 milhões de unidades e quase quadruplicou no ano seguinte (19 milhões). A mesma fonte ainda informa 38 milhões de dispositivos vendidos em 2016 e 75 milhões de aparelhos no ano passado.

Segundo a Forbes, analistas da Forrester afirmam que a venda de produtos portáteis é liderada pelos smartwatches, com uma variação de participação de mercado de 21% para 51%.

As principais razões apontadas para o crescimento são:

  • a incorporação de tecnologias de saúde e fitness nesses dispositivos;
  • a redução de preços;
  • e o desejo de conveniência do consumidor — 35% dos adultos dos EUA usam dispositivos portáteis para simplificar sua vida.

A maioria das vendas é de relógios inteligentes do tipo extensão, ou seja, que funcionam como um dispositivo de acionamento de outro equipamento — como um smartphone —, no qual ocorre o processamento.

Os números de vendas mostram que as wearables (as chamadas “tecnologias vestíveis”, que são dispositivos usados como peças de vestuário), obtiveram um crescimento de 10,3% ao ano. Por outro lado, o crescimento de vendas do smartwatch ultrapassou 60% apenas no 3° trimestre de 2017, em comparação com o mesmo período de 2016.

Talvez esse aumento surpreendente tenha relação com o fato de que grande parte do crescimento seja atribuída ao desenvolvimento de um número crescente de modelos voltados para segmentos de mercado específicos.

Entre eles, podemos citar os entusiastas por esporte e pela vida ao ar livre e, obviamente, os mais “fanáticos” por tecnologia. A gradual baixa de preços também é um fator determinante, assim como acontece com todas as novas tecnologias que assumem escala de mercado de massa.

Nesse aspecto, o lento aquecimento dos consumidores e usuários corporativos, que já pode ser notado, parece indicar que o produto se encaminha para um status de maturidade em seu ciclo de vida.

Líderes absolutos

A Apple tem se posicionado como líder na venda desses dispositivos. Após uma pequena queda (em comparação a produtos wearables), voltou à primeira posição no 3° trimestre de 2017 com cerca de 3,9 milhões de unidades vendidas. Isso, segundo levantamento da Canalys, que atribui o crescimento ao lançamento do Apple Watch série 3.

Contudo, na venda específica de smartwatches, a Apple deteve 55% das vendas em 2016, seguida de longe pela Samsung, com 11,4%. De qualquer forma, o posicionamento das marcas ainda não está completamente definido.

Google desenvolve inovações para estimular o uso do Android Wear, que é a versão do sistema operacional Android para smartwatches. Ele é usado por relojoeiros e marcas da moda, que podem fazer diferença no desenvolvimento de funcionalidades para melhorar a experiência de uso.

Se tiver sucesso, o Google pode mudar totalmente o cenário que, sem essa mudança de rumo, tende realmente a ser liderado pela Apple. Um dos possíveis aliados é a Samsung, que conta com uma rede de distribuição abrangente, facilitando a escala do produto no âmbito global.

Considerando que as duas empresas assumem posicionamentos diferentes, tanto em relação ao mercado quanto ao modelo de inovação, é de se esperar que repliquem as estratégias utilizadas para outros equipamentos. Afinal, o valor que o público confere a marca Apple não deixa muita alternativa para a concorrência.

Diferença dos mercados: smartwatches X relógios comuns

Hoje, não é raro encontrar pessoas que já não usam relógio comum, uma vez que esse acessório perdeu sua utilidade com o advento dos celulares. Contudo, ainda é uma peça desejada por muitas pessoas, principalmente os produtos mais sofisticados ou valorizados como itens de luxo.

Ao que tudo indica, os smartwatches estão dando um segundo golpe na indústria tradicional do setor. Segundo estudo da Canalys, eles estão muito próximos de se igualar em tamanho de mercado.

Em comunicado anexado ao relatório o analista Jason Low, da Canalys, diz que: “A sobrevivência dos relojoeiros dependerá da criação de smartwatches competitivos”. Será que eles saberão lidar com isso?

Panorama futuro para o setor

Allied Market prevê um mercado mundial de US$ 32,9 bilhões para os smartwatches já em 2020. Além disso, informa que, seguindo as tendências, a região da Ásia/Pacífico deverá impulsionar o mercado global. Ele tende a ser suplementado pela China, que dominará a fabricação de smartwatch de baixo custo.

Na próxima década, espera-se que o mercado promova uma revolução baseada em produtos com novas tecnologias de sensores. Além disso, uma vez que ele ainda está na sua fase evolutiva, existem oportunidades para novas empresas. Por isso, os analistas da Allied esperam aumento do nível de competitividade.

Global Industry Analytcs aponta para a venda de 110 milhões de unidades até 2020, com grande adoção no mundo dos esportes, confirmando a previsão da Allied.

É curioso observar que o tamanho do mercado de smartwatches diminuiu em 2016, apresentando uma queda de 2%.  Contudo, foi uma situação passageira que já se reverteu. Essas oscilações podem ocorrer em qualquer setor, ainda mais nos ciclos iniciais de adoção de inovações, o que aumenta a importância de se manter informado.

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