Com a tecnologia sendo o principal assunto da última semana, a maior feira de eletrônicos do mundo, a Consumer Electronic Show (CES 2018) está tomando conta das conversas dos menores a maiores players do mercado.

As mais variadas empresas, de praticamente todos os setores mundiais, estiveram na feira para falar sobre seus produtos e ideias disruptivas para o futuro. Por disruptivos entenda revolucionário. A adição de características melhoradas à produtos e serviços abre espaço para a superação de tecnologias existentes que dominam o mercado e é exatamente esse clima de novidade, conhecimento e novos questionamentos que dominou a feira.

De pequenas startups aos gigantes de cada setor, a CES é uma experiência que leva tanto o consumidor quanto o prossumidor em uma jornada de conhecimento e valor no que se diz respeito ao famoso futuro.

De casas inteligentes à drones virando taxistas, a imersão em um universo completamente novo é uma das experiências mais marcantes que alguém pode ter. O cérebro chega a precisar de um tempo para parar e pensar em todas as possibilidades que nos aguardam no futuro, mas principalmente os questionamentos que tangem o “possível impossível” apresentado à impressionante aversão automática quanto ao encontro do “normal”. É o sentimento que fica durante a passagem pela CES.

Intel, dança de drones e seu novo brinquedo

Enquanto se ouve o diretor executivo da Intel, Brian Krzanich, prometendo atualizações para 90% de seus processadores e produtos devido às inoportunas falhas de segurança que afetaram PCs e notebooks com chip Intel, ARM e AMD, aprecia-se o show de centenas de graciosos e coordenados mini drones sobrevoando os expectadores e criando uma dança aérea emocionante, sem falar no momento, provavelmente histórico, onde homem e máquina se juntam para criar arte em forma de música com a Inteligência Artificial (IA).

O primeiro pensamento que vem à cabeça de todas as centenas de pessoas que assistiam a Intel com suas bocas mais do que caladas, abobalhados com o espetáculo, possivelmente era “Como se respira mesmo? ”.

Você, independentemente da idade, já deve ter pensado “quando eu for grande os carros poderão voar” ou, se for de uma época específica, assistia os Jetsons e se imaginava dentro daquele universo, certo?

Foi com essa premissa que, em outro momento, muito provavelmente histórico, a Intel apresentou seu novo brinquedo, o Volocopter. Um drone que está sendo testado na Alemanha, capaz de levantar voo com 2 passageiros.

“O que a Intel vê nesta tecnologia é uma habilitação de todo um novo mercado, com diferentes segmentos e parceiros diferentes”, diz Jan Stumpf, chefe de arquitetura do grupo drone da Intel. “Mas o Volocopter é, naturalmente, agora nosso maior e mais importante”.

Em um mundo onde os drones são brinquedos de crianças adultas ou figurinhas principais nos casamentos modernos, pensar em um deles como taxis aéreos parece fora da realidade, mas, como mostrou a Intel, a realidade é apresentada da forma como a imaginamos – e se o futuro é disruptivo, por que o transporte não seria?

O Volocopter tem capacidade de voo de 30 minutos e alcance máximo de 27km, embora a companhia diga que suas baterias podem ser rapidamente trocadas.

A Inteligência das Coisas

A Internet das Coisas (IoT) é uma rede de objetos físicos, veículos, prédios e outros que possuem tecnologia embarcada, sensores e conexão com rede capaz de coletar e transmitir dados simultaneamente.

O que isso quer dizer? Quer dizer que sua torradeira pode começar a preparar sua torrada sem você pedir. Como ela sabe a hora de fazer? Sua cortina contou pra ela. Como sua cortina sabe a hora que você acordou? Foi uma dica da sua cama, que com sensores que permitem monitorar e ajustar a qualidade do seu sono, sabem a hora que você acordou.

IoT foi um dos principais assuntos durante a feira e todos seus expositores, seja em carros que se movimentam sozinhos (os famosos Self-driving cars, que chegam a autonomia nível 4, entregando pizzas em tempo real durante uma palestra) ou mapeando a cidade e mandando informações para a nuvem aos robôs pet de companhia, super econômicos em termos de ração e tapetinhos para necessidades.

As tecnologias estão tão evoluídas que um novo termo surge para definir a conexão entre elas: Inteligência das Coisas. A Internet das Coisas e a Inteligência Artificial hoje são realidade e, mais do que isso, trabalham em conjunto para que os exemplos citados acima sejam reais. E logo.

A discussão acima da Inteligência das Coisas é justamente suas aplicações para o futuro. Em um cenário ainda desconhecido, a Ford, um dos fabricantes de automóveis mais famosos de todo o mundo, questiona as direções para onde o IOT e o futuro nos levam.

“Chegou o momento de atualizar fundamentalmente a nossa abordagem e mudar nossa missão central para aproveitar essa tecnologia como uma ferramenta para melhorar a vida humana”, disse Jim Hackett, CEO da Ford, na conferência de imprensa da Ford na CES 2018.

A preocupação com a forma de como a informação será difundida em um futuro onde tudo está conectado levou a Ford a dirigir sua conferência de imprensa para o assunto “Segurança”. A montadora está se concentrando em melhorar a mobilidade nas cidades e em um novo modelo para os self-driving cars.

Uma nova plataforma open source foi aberta para que o fluxo de informações entre veículos seja compartilhado, nos mostrando que os prossumidores ainda serão figurinhas marcadas no futuro.

Tirando o estigma de que as empresas estão competindo para ver quem chega ao futuro primeiro, a colaboração com a Qualcomm, gigante de chipsets, apresenta o Cellular Vehicle-to-Everything (C-V2X), que é destinado a garantir que tudo, incluindo semáforos, sinais, motos e ambulâncias falem entre si e compartilhem informações.

A tecnologia C-V2X complementa outras tecnologias de sensores de veículos, ampliando a capacidade de um veículo para “ver” mais adiante na estrada e proporcionando um maior nível de previsibilidade para maior segurança e condução autônoma.

CES 2018 - Ford
Ford questiona o futuro. Você prefere um carro automaticamente detecta em suas feições faciais que você acaba de ter um derrame ou prefere continuar com sua privacidade intacta sem participar de todos os dados gerados em uma nuvem? E qual nuvem?

O futuro dos escritórios

Outra gigante que marcou presença na CES 2018 foi a Samsung e seu mais novo melhor amigo, o Flip.

“Quero que imaginem a sua última reunião de equipe. Notebooks, papéis, anotações e um quadro branco poluído o qual todos estão tirando fotos. Agora, imaginem digitalizar todo esse processo”, acrescenta Alanna Cotton, vice-presidente da Samsung Electronics America, em sua apresentação

O Flip é exatamente isso, um quadro branco na melhor de suas interpretações. Com um simples toque, o quadro digital da Samsung é capaz de reconhecer seu celular e notebook e captar informações para jogar na tela. Com a possibilidade de uso para 4 participantes ao mesmo tempo, as reuniões nunca mais serão as mesmas, sem contar dos brainstorms que poderão ser alimentados com fotos, vídeos, músicas e muitos Etceteras.

O que mais nos aguarda?

As novas tecnologias sempre nos fazem pensar no relacionamento do presente com o passado. As inúmeras imersões em diversos questionamentos filosóficos, sejam eles gerados ou não através de máquinas, nos levam a acreditar que o futuro terá muito mais “e se” do que imaginamos.

Se trabalharmos com a premissa de que o futuro está constantemente sendo desenvolvido e evoluído, como ficam a filosofia e antropologia, assuntos pouco abordados durante toda essa mudança de tecnologia?

E o mercado, será que ele está pensando em continuar o mesmo ou já entendeu que as mudanças não apenas ocorrerão na maneira que fazemos as coisas? Estariam as escolas e universidades se preparando e preparando os futuros programadores e engenheiros que precisaremos para este futuro?

Enquanto os grandes estão pensando na maneira como vão fazer as coisas, como nos colocamos entre a maneira como vamos sentir e aprender a diferenciar as novas sensações que todas essas novas tecnologias nos proporcionarão?

Ainda não tenho todas as respostas, mas já estou sofrendo de ansiedade pelo futuro!

** Isso me faz lembrar de uma máquina que vi na feira oferecendo tratamentos para Parkinson em menos de 2h. Será que já trata ansiedade?

 

Natasha Caiado Castro

CEO da Wish International Event Management e Tech Hunter de Inovações Disruptivas CEO da Wish International Events Management, empresa global de turismo corporativo da indústria MICE, com escritórios no Brasil, Europa e EUA. Líder em Inovações Disruptivas e soluções personalizadas.

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