Este artigo relaciona as principais tendências de negócios para 2019 com um critério especial: a prioridade às possibilidades práticas. Ainda que tivesse sido possível especular sobre expectativas, digamos, mais chamativas, nos interessa muito mais aquelas que podemos, de fato, aplicar no ano que vem.
Afinal, as tendências servem essencialmente para que possamos identificar oportunidades de acordo com um comportamento esperado pelas empresas e consumidores.
Aliás, conceitualmente, elas são fatores aplicáveis em prazos mais curtos, as de efeito mais duradouro e que ocorrem em prazos mais longos são chamadas nas aulas de marketing de megatendências.
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Crescimento do modelo de nanodregrees
Já não deve ser novidade para você que, cada vez mais, precisaremos de qualificação contínua. A forma tradicional de aprendizado precisa ser reinventada para garantir que estejamos aptos a atuar em um mercado de trabalho que sofrerá transformações constantes. Nesse novo contexto, o profissional do futuro dificilmente obterá sucesso permanecendo em uma mesma atividade até o final da vida.
Enquanto esse cenário não se faz presente de maneira tão marcante, todos nós já percebemos no nosso dia a dia que, eventualmente, nos falta um conhecimento específico que poderia ser útil em uma tarefa ou projeto. Por isso, os cursos no formato nanodregrees têm tido aceitação incrível, o que tende a se intensificar ainda mais em 2019.
Adoção da blockchain
Inicialmente, a blockchain foi ligada às criptomoedas, mas sua aplicação vai além do registro das transações financeiras que ocorrem nas negociações de moedas digitais. Esse recurso permite o registro seguro de uma infinidade de documentos e foi, inclusive, objeto de debate na última eleição como alternativa para desburocratizar controles governamentais.
Se já é cogitada como uma opção estatal, quem dirá nas iniciativas tradicionalmente pioneiras do ambiente privado. Empresas de consultoria, como Accenture e Deloitte, já estão formando parcerias para adoção da blockchain.
Nestlé, Costco e Walmart também formaram aliança com a IBM para aplicá-la. É natural que esse processo se intensifique em 2019 e é esperado que surjam soluções acessíveis para que pequenos negócios possam utilizar essa tecnologia.
Massificação de plataformas
O processo de digitalização é mais facilmente alcançado com a opção por plataformas prontas do que com o desenvolvimento de soluções sob medida. Isso não significa que a personalização não seja possível, mas apenas que não faz sentido construir do zero um sistema que, em suas funcionalidades genéricas e básicas, já está disponível no mercado.
É um caso parecido com o que ocorreu com sistemas ERP no passado, no qual não fazia sentido desenvolver detalhe por detalhe um programa de registro de pedidos, por exemplo. A diferença é que, na maioria dos casos, os sistemas legados oferecem menor possibilidade de personalização.
Segundo o relatório Digital Means Business de 2018, “60% das organizações estão envolvidas em transformação digital por meio de terceirização”. A Technology Services Industry Association confirma que os serviços gerenciados por tecnologia crescem em 40%. Assim, podemos concluir pela tendência de aumento do uso de plataformas prontas e serviços gerenciados.
Cuidado com segurança e privacidade de dados
Governos em todo o mundo elaboraram normas de proteção à privacidade dos usuários de soluções digitais, seja nas redes sociais, seja nos sites de venda online, seja em qualquer outra interação ou transação que ocorra na rede e que exija troca de dados, nos quais a atenção com a segurança é mais critica.
Não bastasse a intervenção do poder público, o consumidor também está preocupado em garantir o sigilo dos dados que compartilha de alguma maneira. Esse é um desafio significativo, uma vez que, ao mesmo tempo em que exige cuidado, o cliente espera um atendimento mais personalizado feito sob medida para ele — algo que exige um levantamento cada vez mais detalhado de informação sobre comportamento e perfil dos clientes.
Corrida pelo real-time business
A inteligência de negócios é um dos campos com maior tendência de transformação para os próximos anos. Em primeiro lugar, porque entender o consumidor e o seu comportamento é uma tarefa cada vez mais impactante na competitividade das empresas. O segundo ponto é que já temos tecnologias que podem contribuir substancialmente para nos ajudar com isso.
A Inteligência Artificial e a Internet das Coisas são dois ótimos exemplos. Respectivamente, elas nos ajudam a processar e a compreender um grande universo de dados e a coletar informações mais detalhadas e imediatas.
Contudo, a inteligência aplicada de forma tardia é uma deficiência no processo. As empresas precisarão desenvolver a capacidade de entregar respostas imediatas às demandas dos clientes. Como mencionamos, as novas tecnologias podem eliminar esse gap e podemos esperar uma corrida das organizações em agilizar essas entregas.
Criatividade superando a conformidade
A Transformação Digital não é sobre a aplicação rápida de novas tecnologias, mas sim sobre a capacidade das empresas em adotar esses novos recursos com benefício para a geração de valor para o cliente.
Desse ponto de vista, por mais que consideremos algumas tecnologias como tendências, elas têm valor limitado quando não contam com o “upgrade” da criatividade. Imagine que, se todas as empresas adotarem as mesmas tecnologias exatamente do mesmo modo, elas limitarão os seus diferenciais. Toda empresa pode se tornar digital, mas nem toda consegue observar as oportunidades de usar essa transformação para fazer algo realmente diferente.
Por isso, as organizações devem considerar campanhas integradas, mudanças no modelo de negócio e táticas de distribuição criativas — capazes de encantar e fidelizar seus públicos de uma forma que os concorrentes não sejam capazes de fazer.
Obviamente, isso não significa fazer tudo completamente diferente, mas aponta para a tendência de que as empresas devem evitar o engajamento em processos de adoção da Transformação Digital como uma simples adequação de conformidade — como costuma ocorrer na implementação de boas práticas operacionais ou de um programa de qualidade.
Para concluir, vale reforçar que as tendências se consolidam com maior facilidade quando representam uma agregação de valor para o consumidor, que resiste em comprar uma transformação pela simples proposta de mudança.
As tendências de negócios para 2019, e em qualquer outra época, não se tornam uma realidade apenas pelo empenho das empresas em implantá-las, mas porque elas conquistam o consumidor. Por isso, é sempre um ótimo exercício refletir sobre quais dessas novidades são mais atrativas para os seus clientes.