Um problema comum das redes sem fio que é solucionado pelas Redes Mesh é a dispersão do sinal. Vários dispositivos conectados a um único roteador e a distância entre cada equipamento e a fonte de sinal prejudicam a qualidade e, em muitos casos, impedem totalmente a conexão.

No entanto, será que escreveríamos um artigo apenas para falar sobre como melhorar o sinal? Não é que não nos importemos com isso, mas, se você já é um leitor habitual de nossos conteúdos, sabe que a questão da conectividade e velocidade da troca de dados impacta muitas outras inovações. Se está nos conhecendo agora, basta continuar a leitura para se surpreender com o alcance dessa tecnologia e seu papel na Transformação Digital.

O que são as Redes Mesh?

Com a leitura da introdução, você já confirmou que, como seria de se esperar, as Redes Mesh são uma solução de conexão. O termo “mesh” significa “malha” e dá uma boa ideia do funcionamento do sistema, no qual vários emissores de sinal conectados entre si e espalhados pela área de cobertura funcionam como pontos de acesso.

Desse modo, se você se locomove pelos ambientes com um dispositivo, a conexão migra automaticamente de uma fonte de sinal para outra, priorizando a mais próxima e estável. Ou seja, a primeira característica é que não é necessário se conectar manualmente a cada mudança — como ocorreria se houvesse vários roteadores.

Porém, não vamos confundir essa alternativa com uma simples repetição do sinal. Essa não é uma rede centralizada, como ocorre com os sistemas em uso. Vamos entender seu funcionamento para que isso fique mais claro:

Como funcionam as Redes Mesh?

Quando você usa seu celular para uma ligação, o aparelho se conecta a uma antena para acessar a rede e o telefone que está recebendo o contato. Isso ocorre mesmo se os dois celulares estiverem um ao lado do outro. Em uma Rede Mesh, cada equipamento é, ao mesmo tempo, receptor e transmissor do sinal. Assim, ele não é dividido, mas multiplicado — formando uma malha de transmissão.

Desse modo, o sinal pode ser emitido indefinidamente em grandes áreas com qualidade e estabilidade. Como os transmissores “conversam” entre si, mesmo que um deles apresente um problema, a rede continua funcionando enquanto houver acesso a outros pontos disponíveis.

Para se ter uma ideia, em Santarém, no Pará, há uma rede pública com essa tecnologia abrangendo aproximadamente 4 km² de área, o que equivale a 65% da região urbana do município. Ela atende 11 infocentros destinados à participação em cursos a distância e usa os postes de iluminação como pontos de instalação.

Qual o papel das Redes Mesh na Transformação Digital?

Agora, imagine milhões de residências conectadas à Internet por meio dos roteadores convencionais. Cada uma delas dispõe de vários dispositivos ligados à rede, como computadores, notebooks, smartphones, tablets e televisões. Nesse caso, o sinal está sendo dividido e, portanto, mais fraco do que se houvesse uma única conexão. Além disso, existem pontos de sombra aos quais o sinal não chega com qualidade.

Adicione a essa equação alguns dispositivos de Internet das Coisas (IoT). Sua geladeira está conectada ao mercado para informar quando algum item faltar, por exemplo, e talvez, até mesmo, você esteja usando sensores que informam ao médico seu estado de saúde — independentemente de quais sejam essas conexões, o fato é que elas crescerão significativamente em volume de dados e quantidade de dispositivos conectados.

Essa nova realidade está muito próxima e, inevitavelmente, traz um problema estrutural difícil de resolver sem as Redes Mesh. Ao mesmo tempo em que o número de equipamentos conectados aumentará, muitos dos dispositivos residenciais estarão rodando sistemas de Inteligência Artificial e Big Data, por exemplo.

Em quantas dessas residências existirão cientistas de dados trabalhando em regime de home office? Ou quantas outras funções que ainda nem existem surgirão e exigirão uma conexão estável? Este é o desafio!

Há também o sistema de Blockchain. Até o momento, a tecnologia é conhecida por ser usada nos sistemas de criptomoedas, mas ela abrange um espectro amplo de aplicações. Como usa milhões de computadores espalhados pelo mundo como blocos de armazenamento de dados, a cada dia, teremos mais registros armazenados com necessidade de consulta rápida e segura.

A revolução das Redes Mesh

Mas também há uma característica disruptiva nas Redes Mesh que ameaça os provedores. A tecnologia permite a conexão de vários dispositivos uns aos outros, sem a necessidade de uma emissão central.

As “redes de malha” conectam computadores e dispositivos diretamente entre si, sem passar por nenhuma organização centralizada — como uma companhia telefônica. Eles podem se reconfigurar automaticamente de acordo com a disponibilidade e a proximidade da largura de banda, o que os torna resistentes a desastres e outras interferências.

Conexões dinâmicas entre nós permitem que os pacotes usem várias rotas para percorrer a rede, o que as torna mais robustas. A única forma de desligar um sistema como esse é desligando todas as pessoas conectadas. Do mesmo modo que a Blockchain certifica a veracidade de arquivos e documentos ao salvá-los em blocos, as conexões das Redes Mesh conferem estabilidade ao sistema ao multiplicarem os pontos de recepção e emissão de sinais.

No lugar de depender da infraestrutura de rede fornecida por terceiros, as Redes Mesh dependem de uma rede de pessoas. Na medida em que todos contribuem com seus próprios recursos para o funcionamento geral, é a comunidade que controla a estrutura de comunicação, eliminando qualquer dependência unilateral dos usuários.

Portanto, o modelo fornece uma perspectiva alternativa àqueles com base na regulamentação e no controle centralizado. Isso já é significativo para quem utiliza a rede com liberdade. Contudo, é muito mais relevante em países em que isso não ocorre e onde as pessoas são privadas da eficiência de comunicação moderna — tão útil em situações de emergência, inclusive.

As Redes Mesh são seguras?

Principalmente depois de ler o último tópico, é provável que você esteja se perguntando sobre o nível de segurança dessa tecnologia. É um questionamento importante. Além de a privacidade ser uma preocupação para muitas pessoas, ela tem sido objeto de regulação governamental.

No entanto, o sistema pode ser considerado uma maneira de preservar a confidencialidade das comunicações on-line. Como não há uma centralização, é extremamente difícil para qualquer pessoa identificar a identidade real dos usuários conectados. E, como as Redes Mesh geralmente são invisíveis, a única maneira de monitorar o tráfego é permanecendo no local e diretamente conectado.

Entendeu?

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