A economia de recorrência é a aplicação de um novo modelo de comercialização em que a venda única é substituída por pagamentos mensais — assinatura de um serviço. Também é chamada de economia do acesso, uma vez que é justamente o que está sendo comercializado.
Nesse modelo, ao invés de vender a propriedade de um carro, por exemplo, a empresa oferece um serviço pago mensalmente que disponibiliza o bem para uso num determinado período de tempo. Inclusive, empresas como Unidas e Porto Seguro já oferecem essa possibilidade no Brasil.
A vantagem do modelo? Bem, veremos isso mais detalhadamente no decorrer do texto. Porém, basicamente, a garantia de uma receita recorrente traz vantagens para muitos setores em que há dificuldades em garantir um resultado de vendas regular.
Contudo, essa não deve ser a motivação principal de trabalhar com a economia de recorrência, uma vez que ela facilita o acesso do bem. Dessa forma, está potencializando a venda e melhorando a experiência de compra. Sabendo trabalhar esses efeitos, o ganho de competitividade supera qualquer outro de facilidade na administração do fluxo de caixa.
Como funciona a economia da recorrência
Como adiantamos, o funcionamento da economia de recorrência consiste na oferta de um serviço no lugar de um bem. O modelo foi satisfatoriamente incorporado por várias empresas de software e vem se expandindo para outros seguimentos. O objeto de contratação é a liberação de acesso ao produto — licença de uso no caso do software.
Não pode haver melhor exemplo que o de empresas como Microsoft, Adobe e outras gigantes do setor. Elas viveram a transformação, migrando da venda de disquetes para instalação de seus programas, ofertando a assinatura.
É importante não confundir com um simples aluguel. Não é o caso de entrarmos em detalhes conceituais, basta perceber que o aluguel está limitado a disponibilização do bem, quando a oferta de um serviço implica em um compromisso com a facilidade de uso.
De forma comparativa, seria como assinar a hospedagem em um hotel no lugar de alugar um imóvel. Nesse caso, o acesso à moradia inclui uma série de serviços, como limpeza e reposição do frigobar. De maneira geral, o modelo se caracteriza por:
- facilidade na contratação e cancelamento;
- opções de preços baseadas no consumo;
- regras de contratação transparentes;
- conveniência, sustentabilidade, conforto, racionalidade e utilidade.
O exemplo dos automóveis
Segundo a Exame, no caso do Brasil os exemplos que usamos ainda não oferecem uma vantagem significativa em relação à compra — apesar da divulgação apontar em outra direção. Porém, já existem serviços que agregam o modelo de compartilhamento — car sharing.
Por meio de um cartão magnético, uma senha e um aplicativo de celular, os usuários do serviço encontram veículos disponíveis perto de sua localização, dirigem até o seu destino e o estacionam para que fiquem disponíveis para outros usuários. Até mesmo a Porsche oferece uma alternativa de assinatura nos EUA. O pagamento mensal de US$ 3000 dá direito a alternar o uso entre 22 modelos.
Qual o impacto social e importância na Transformação Digital
Contudo, a economia da recorrência não deve ser analisada considerando apenas as particularidades e procedimentos operacionais que o caracterizam. O modelo propõe uma nova forma de consumo — por isso chamamos de economia da recorrência e não apenas sistema de pagamentos recorrentes.
A iniciativa promete revolucionar a forma como consumimos e, desse modo, assume um importante papel na transformação social. Ao democratizar o consumo, a economia da recorrência oferece uma experiência mais rica e sustentável.
Dessa forma, seu funcionamento visa atender uma necessidade social e econômica de distribuição de bens mais racional e, ao mesmo tempo, oferecer uma melhor experiência. Como foi dito, o compromisso com a facilidade de uso também é recorrente. Do contrário, a assinatura é cancelada pelo usuário.
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Quais tecnologias viabilizam a economia de recorrência
Do aspecto mais prático, a primeira solução tecnológica que uma empresa de economia recorrente precisa é relativa à cobrança. Se pensarmos que o modelo operacional implica em um número de transações muito maior (pagamento único X pagamentos mensais), podemos concluir que esse é um ponto fraco com implicação direta nos custos.
Contudo, isso deixa de ser um problema se os processos de cobrança e pagamento forem automatizados e funcionais, com a retaguarda de um bom sistema de ERP e de uma solução moderna adequada ao pagamento recorrente.
Um bom exemplo é a Vindi, que oferece uma série de funcionalidades que facilitam o sistema de recorrência e que opera no mesmo modelo. De integrações, um API, gateway de pagamento e cuidados com segurança, tudo é oferecido no modelo de assinatura.
Além disso, é preciso garantir a prestação de um serviço de qualidade e um bom nível de produtividade. Recursos de automação são fundamentais para cumprir com esse objetivo. Não bastasse isso, as plataformas usadas por essas empresas só se tornaram viáveis nos ambientes que nasceram com a Transformação Digital.
Contudo, a grande questão está no entendimento sobre o impacto econômico. Estamos migrando para um modelo mais distributivo. As novas soluções tendem a utilizar a inteligência artificial, mais especificamente o aprendizado por máquina, para encontrar formas mais racionais e sustentáveis de distribuição.
Desde o seu surgimento, a economia tende a resolver o problema da escassez. Quando ela surgiu, faltavam alimentos, utensílios e diversas necessidades básicas. Isso foi praticamente resolvido do ponto de vista da produtividade.
Hoje, somos capazes de produzir em larga escala uma infinidade de produtos a custos mais baixos. O novo desafio é escalar a entrega desses produtos e serviços para um número cada vez maior de pessoas.
As mudanças tecnológicas necessárias já estão em curso e o processo foi conduzido com sucesso, tendo sido auxiliado por várias tecnologias — a internet, a nuvem, a robótica, o aprendizado por máquina, o big data, a inteligência artificial e cada uma das tecnologias empregadas na Transformação Digital.
Contudo, o grande impacto está na criação de uma inteligência paralela na forma de algoritmos, alojada em máquinas virtuais. Os processos empresariais estão agora baseados em estoques de funções inteligentes, não mais de produtos.
Não significa pensar em robôs com forma humana agindo a nossa imagem e semelhança, mas na capacidade da IA de fazer associações apropriadas e detectar a ação ideal para a melhor forma de agir. No que se refere especificamente ao nosso tema, estamos falando de racionalizar a distribuição considerando uma variedade de dados impossíveis de serem processados pela inteligência humana.
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Como mencionamos, produzimos o suficiente e essa inteligência é um recurso promissor para conquistar um novo patamar de realização econômica, que implica em elaborar formas mais eficientes, racionais e sustentáveis de compartilhamento do que é produzido.
Pois bem, hoje não existem mais limites geográficos e estamos caminhando para romper com limites da racionalidade humana a ponto de identificar a distribuição ótima de recursos que, necessariamente, envolve o uso e não a propriedade.
A economia de recorrência é, em essência, um modelo de negócios que faz uso dessas tecnologias para entregar e escalar produtos com maior eficiência. Além dela, várias alternativas irão surgir no atual processo de transformação com o objetivo de gerar valor superior e mudar a realidade econômica da sociedade.
Confira alguns dos novos modelos de negócios que estão mudando a forma que compramos e vendemos.