O termo Startup se popularizou sem que muita gente entendesse bem o que ele significa. Praticamente qualquer nova empresa que apresente um produto diferenciado se tornou uma startup. Porém, a coisa não funciona desse modo.

Tal modelo de negócio diz respeito a uma série de novas ferramentas e a um modo de pensar também completamente inovador. Trata-se de levar a simplicidade e a inovação a cada etapa.

Você sabia que no Brasil quase 60% das empresas fecham nos 5 primeiros anos de atividades? Dentre outros motivos para a estatística, podemos destacar as práticas caras e burocráticas que engessam o negócio e o impedem de crescer.

Além disso, a falta de planejamento leva muitos empresários a gastarem exageradamente no início de um empreendimento e, pouco tempo depois, a se deparem com a falta de capital para investir no próprio negócio.

Criar um novo negócio é sempre uma tarefa desafiadora. Afinal, você precisa se superar para elaborar um plano de negócios viável, conseguir capital, contratar funcionários e se firmar no mercado. Nos momentos iniciais, toda ajuda é fundamental. Pensando nisso é que elaboramos este guia sobre como montar sua startup.

Sabemos que é impossível falar de um assunto tão rico em um post comum. Por isso, este guia contém todas as informações necessárias para os primeiros passos rumo ao sucesso. Boa leitura!

Faça pesquisa de mercado

Fazer pesquisas de mercado é o primeiro passo para determinar se você realmente tem uma ideia que vale a pena investir. Comece escrevendo os problemas reais que seu produto pretende resolver. Com a pesquisa, avalie quantas pessoas estão enfrentando esses problemas e como seus serviços ou produtos podem solucioná-los.

Depois de obter os resultados, analise a concorrência e descubra se seu produto é diferente o suficiente para competir no mercado.

Dica: Quando terminar essa fase, mantenha bem guardados todos os materiais de pesquisa, pois eles podem ser úteis para você conseguir um parceiro ou um investidor mais tarde.

A pesquisa de mercado é um passo essencial para o sucesso de uma startup, pois muitas empresas têm cometido o equívoco de tentar forçar um produto no público somente porque ele é dito “inovador”. Porém, a verdadeira inovação não vem de um produto diferente ou irreverente, mas de abordar problemas antigos de uma forma nova e realmente resolutiva.

Proteja a propriedade intelectual

Essa é uma etapa essencial, mas que muitos empreendedores negligenciam. A Propriedade intelectual (PI) se refere ao processo pelo qual um indivíduo ou uma empresa começa a possuir os direitos legais de um produto criado.

Os exemplos incluem patentes, direitos autorais e marcas registradas. É vital para o sucesso de sua empresa seguir o protocolo adequado para proteger seu fator de diferenciação.

Ao proteger sua PI no início, você se protegerá contra cópias de seu produto. Além do mais, dar atenção à PI é também uma chance de saber se você não está plagiando outras marcas, mesmo que acidentalmente.

Decida sobre o branding

Branding é mais do que o ato de escolher um nome para a empresa. O termo também diz respeito ao esforço de construir uma identidade para a marca. Aqui, é preciso considerar os valores que norteiam o negócio, já que são esses os princípios aos quais o cliente deve se apegar no momento de consumir seu produto.

Assim, também é essencial a escolha da logomarca, do lema empresarial, das cores e de quaisquer elementos que devem compor sua identidade empresarial.

Incorpore a sua empresa

Incorporar é o processo de transformar seu negócio em uma entidade legal e decidir como ele será estruturado. Normalmente, as startups são incorporadas como uma microempresa individual, uma sociedade limitada ou uma sociedade anônima.

Além das diferenças tributárias, há uma série de outras considerações que você precisa fazer ao incorporar uma empresa. Por exemplo, a compensação de capital é diferente, dependendo da estrutura de negócios que você escolher.

Além disso, é preciso considerar onde incorporar a empresa, pois diferentes estados têm diferentes formas de taxação. Então, até mesmo o ato de registrar uma empresa deve ser uma escolha estratégica, uma vez de que você tem de escolher um local propício para a inovação, sem muitas burocracias estatais e sem impostos muito elevados que sufocarão sua capacidade de investir.

Escolha um co-fundador

Não ter o suporte adequado para as melhores ideias prejudica seu empreendimento. Na verdade, alguns investidores olham a equipe fundadora antes de olhar para a ideia a fim de escolher se fazem um investimento em uma startup. Se você já tem um co-fundador, ótimo! Caso contrário, você deveria procurar um!

Procure alguém com uma experiência sólida de mercado. O recurso principal é encontrar alguém com um conjunto de habilidades que sejam complementares às suas. O estilo e a personalidade também são importantes, pois você estará trabalhando ao lado dessa pessoa todos os dias e precisa saber que pode cooperar para realizar metas com uma equipe.

Além disso, pode haver espaço para somente uma pessoa no centro das atenções. Então, saber como montar sua startup é reconhecer que alguns membros da equipe vão trabalhar nos bastidores e precisam estar bem com isso.

Escreva um plano de negócios

Uma maneira de configurar sua inicialização no caminho certo é escrever um bom plano de negócios. Usando a pesquisa de mercado que você fez anteriormente, crie seu plano de ataque e decida o que deseja realizar com seu novo negócio. Determine metas de curto prazo (1 mês é muito pouco – 12 meses é tempo demais), marcos e quais as etapas que você precisa cumprir para atingir tais marcos.

Escolha um local de trabalho

Onde você trabalha, na verdade, tem um efeito enorme sobre o início de um negócio. Diferentes ambientes se adequarão a diferentes estilos de trabalho. Muitos fundadores optam por trabalhar em casa inicialmente para economizar dinheiro. Mas há quem escolha alugar um espaço de trabalho, seja para compartilhar um escritório, seja para ter um escritório próprio.

Não tenha medo de experimentar, mas não deixe a busca pelo espaço perfeito atravancar o caminho de seu negócio.

Encontre um mentor

A mentoria é uma matéria delicada. Primeiro, você deve determinar se ter um mentor é bom para você como um fundador. Se assim for, encontrar o mentor certo pode fazer uma grande diferença.

Mesmo com a experiência combinada de você e de seu co-fundador, um mentor pode fornecer visão e sabedoria profunda da indústria para ajudá-lo a navegar alguns dos desafios que se aproximam.

Solicite um programa de aceleração

Se você precisar de alguns recursos e conhecimentos adicionais, considere contratar uma aceleradora de empresas, que é um programa para empresas de inicialização destinadas a ajudar no crescimento da empresa, fornecendo uma rede de mentores e, às vezes, um ”pequeno” investimento.

Esses programas também podem dar às empresas a oportunidade de se lançar formalmente à mídia e outros membros da comunidade. Tenha em mente, no entanto, que a maioria de programas do tipo exige participação de capital de sua empresa.

Levante o capital

Para muitas startups, chegar ao próximo nível requer um investimento financeiro. Os fundadores dão parte da participação de sua empresa a investidores-anjo ou investidores de capital de risco em troca de dinheiro e, às vezes, de conselhos.

Se você precisa levantar capital para seu negócio, deve começar por decidir quanto dinheiro aumentar e como isso afetará sua inicialização. Uma vez que você tenha descoberto o valor, é preciso decidir como fazer para levantá-lo — por crowdfunding, por meio de um investidor-anjo ou de um banco tradicional.

Invista em MVP e Break Even

Já falamos dos passos essenciais relacionados a como montar sua startup, agora é hora de explicar as ferramentas inovadoras que transformaram os modelos de negócios, diferenciando os empreendimentos modernos daqueles mais tradicionais. Estamos falando do MVP e do Break Even. Confira:

MVP

Um produto mínimo viável (MVP) é um conceito do método Lean Startup que enfatiza o impacto da aprendizagem no desenvolvimento de novos produtos. Assim, um MVP é a versão de um novo produto que permite à equipe coletar o máximo de aprendizado sobre seus clientes com o menor esforço possível.

Ou seja, trata-se de fazer uma versão mais simples de um produto para testar seu conceito o quanto antes e, então, ir aprimorando-o com os feedbacks. A filosofia por trás dessa ideia é extremamente simples: caso o conceito inicial do produto esteja errado, o prejuízo será pequeno e você ainda terá tempo e capital para aprimorá-lo.

Com isso, a cada etapa, sua equipe aprende um pouco mais. A grande vantagem do MVP é que você ainda pode aplicá-lo a qualquer mudança dentro de sua equipe. Por exemplo, no Marketing, você pode produzir um MVP para o lançamento de um blog ou de uma landing page.

Alternativamente, no TI, você pode implementar a automação gradativamente e verificar a satisfação de seus clientes internos. Porém, é na Pesquisa & Desenvolvimento que o MVP ganha mais valor.

O principal benefício de um MVP é que você pode entender o interesse dos clientes em seu produto sem desenvolvê-lo completamente. Quanto mais cedo ele for lançado, mais rapidamente você pode descobrir se seu produto atrairá clientes.

Muitas empresas cometem o equívoco de querer lançar um produto pronto e acabado no mercado e, quando o veem falhar, são levadas à falência. Devemos evitar que isso ocorra.

Algumas equipes, ainda, usam o termo MVP, mas não entendem completamente o uso ou o significado pretendido.

Muitas vezes, essa falta de entendimento se manifesta quando se acredita que um MVP é um produto com a mínima quantidade de funcionalidades que se pode oferecer. Isto é, as equipes destacam a parte mínima do MVP e se esquecem da parte viável. Assim, o produto entregue não é de qualidade suficiente para fornecer uma avaliação precisa acerca dos clientes que usarão o produto.

Outro erro é os times entregarem o que consideram um MVP, mas, em seguida, não fazerem mais alterações nesse produto, independentemente do feedback que receberam sobre ele.

O uso adequado de um MVP significa que uma equipe pode mudar drasticamente um produto entregue aos clientes ou abandoná-lo com base nos comentários recebidos.

Essa é a filosofia da aprendizagem validada, que difere bastante as startups das grandes empresas. Nestas, a pesquisa e o desenvolvimento de produtos é tão cara e burocrática que se torna extremamente difícil mudar o conceito de um produto após ele ter sido lançado.

Em resumo, o MVP é uma técnica necessária para obter os dados iniciais que confirmam o interesse do usuário em um produto. Os resultados positivos no estágio MVP dão sinal verde para se começar a desenvolver a versão completa do produto, além dos seguintes benefícios:

  1. economizar tempo e recursos, certificando-se de que se está investindo em um projeto que provavelmente será bem-sucedido;
  2. descobrir qual tendência será ideal para o desenvolvimento completo do produto com a ajuda de integrações baseadas em feedbacks do público-alvo;
  3. criar uma base de clientes potencial e achar os adotadores iniciais (early adopters) do produto;
  4. economizar tempo e dinheiro no desenvolvimento de produtos finais por não precisar realizar pesquisas de mercado caras;
  5. atrair investidores o quanto antes.

Aqui está um exemplo de como o MVP funciona: o desenvolvimento final do produto leva de 6 a 8 meses com um orçamento de R$ 200.000. Como resultado, você obtém um produto final que colocou no mercado e, então, espera as reações dos usuários, isso quer dizer, se eles gostam ou não.

No caso de o produto não atrair usuários, o tempo e o dinheiro gastos em seu desenvolvimento se tornam um desperdício.

O método MVP permite acelerar o lançamento do produto, pois são necessários apenas recursos essenciais antes de se começar a receber feedback verdadeiro sobre o conceito geral. O desenvolvimento do MVP geralmente leva apenas de 1 a 1,5 mês com orçamento entre R$ 10.000 e R$ 15.000.

Alguns aplicativos e sites cresceram a partir de sua forma MVP inicial. O Foursquare é um exemplo. O MVP da empresa previa somente um aplicativo para check-in em locais públicos, como bares, parques e baladas, além de uma premiação de acordo com o engajamento do público.

Depois de avaliar as reações iniciais dos usuários, os desenvolvedores começaram a expandir o produto, adicionando recomendações e guias de cidade. Hoje, o Foursquare une 50 milhões de pessoas responsáveis por registrar mais de 8 bilhões de vezes.

Outro caso é o Instagram. Inicialmente, o MVP estava focado apenas em filtros de foto. Os usuários podiam tirar fotos, aplicar um dos filtros sugeridos e salvá-los em um álbum no dispositivo.

Os usuários gostaram do aplicativo e desde então foram atualizados para incluir vídeos, geolocalização, marcação de outros usuários. O Instagram também passou a adicionar hashtags e a se integrar a outras redes sociais.

Facebook, Snapchat, Spotify, Airbnb, Dropbox e muitos outros produtos populares também foram desenvolvidos primeiramente como MVPs.

Desenvolver MVP significa encontrar o equilíbrio certo entre design mínimo e valor máximo. A versão MVP deve apresentar o propósito e a funcionalidade mais básicos de um produto. O desenvolvimento deve ser o menor possível, mas não deve privar o produto de suas características exclusivas.

Recomenda-se, entre os principais conselhos de como montar sua startup, iniciar a elaboração do MVP adicionando apenas as funções essenciais para o projeto, sua proposta principal de valor e aquilo em que ele realmente se diferencia dos concorrentes.

As demais funcionalidadesbre devem ser adicionadas durante o processo de teste, à medida que o feedback dos usuários vai surgindo. Ao desenvolver dessa forma, um produto pode ser criado e validado por usuários iniciais.

Break Even

O processo de cálculo do Break Even — ou ponto de equilíbrio, como costumamos chamar em português — para o início de sua startup é bastante simples em teoria. O problema é que é difícil prever alguns dados para a maioria das empresas porque o processo exige que você faça uma série de pressuposições.

Se essas premissas estiverem erradas, seu ponto de equilíbrio pode mudar drasticamente. Isso pode causar uma série de problemas, como escassez de dinheiro, o que o levará a investir mais suas economias pessoais, a encontrar novos investidores ou a garantir um empréstimo. Isso pode ser bastante doloroso.

Agora, deixe-me explicar como calcular seu ponto de equilíbrio. A fórmula é bastante simples:

Preço de venda por unidade – Custo dos produtos vendidos por unidade = Lucro bruto por unidade

Se você tem um negócio de serviços, vai fazer tudo por hora em vez da unidade. Por exemplo:

Preço de venda por hora – Custo dos serviços vendidos por hora = Lucro bruto por hora

Uma vez que você calcula o lucro bruto, precisa seguir alguns passos:

  • determinar quais são suas despesas fixas em cada mês. Geralmente, o que se faz é tomar qualquer das despesas anuais ou trimestrais e apenas dividir por 12 meses ou 3 meses, respectivamente, para chegar ao equivalente da despesa mensal;
  • definir o número de unidades vendidas para o equilíbrio. Tudo o que você precisa fazer é levar suas despesas mensais fixas divididas por seu lucro bruto por unidade e você poderá determinar quantas unidades você precisa vender para vencer o equilíbrio.
  • estimar quantos dias, meses ou anos a empresa vai levar para alcançar o ponto de equilíbrio. Por exemplo, se você descobriu que precisa vender 500 unidades por mês para o ponto de equilíbrio e só está vendendo 250 unidades agora, você pode estimar quanto tempo levará até ponto de equilíbrio.

Ainda no exemplo acima, primeiramente, descubra quanto tempo leva para sua equipe de vendas vender mais uma unidade e, depois, multiplique esse número por 250. Se sua equipe de vendas estiver aumentando as unidades mensais vendidas por 5 unidades por dia, então você deve esperar alcançar um ponto de equilíbrio em 50 dias (250 dividido por 5).

Você pode dar um passo final ao determinar quanto dinheiro precisará para alcançar um ponto de equilíbrio. Se você sabe que vai levar 50 dias e suas despesas mensais fixas são de R$ 10.000 por mês, suas despesas fixas por dia são R$ 333.33. Trezentos e trinta e três vezes 50 dias equivale a R$ 16.666,67.

Você precisa emprestar ou investir aproximadamente R$ 17.000 para sobreviver até alcançar um ponto de equilíbrio.

Os cálculos são bastante simples. A parte difícil é prever o custo dos produtos vendidos, suas despesas mensais e quanto tempo você vai levar para gerar novas vendas. Se seus pressupostos estão corretos, esse processo lhe dará uma boa ideia sobre quando e como você vai alcançar o ponto mais baixo.

Todas essas informações darão a você uma boa visão de como são os processos iniciais de um novo negócio baseado no modelo de startups. Lembre-se de que esse ramo de negócios é marcado por soluções diferentes para os problemas corriqueiros, mas que nunca foram resolvidos de maneira satisfatória.

Portanto, as etapas de como montar sua startup envolvem o famoso “pensar fora da caixa”, isto é, ter um processo de pensamento criativo em que as oportunidades de mercado podem ser resolvidas de uma forma única e inteligente. Porém, esse é um assunto para outro momento.

Na ânsia de lançar sua empresa rapidamente no mercado, você pode focar excessivamente no conteúdo e se esquecer da forma! O que diferencia as startups das empresas tradicionais também é seu modo único e prático de resolver problemas empresariais.

Então, não adianta nada ter um produto inovador sendo que você continua a praticar as ideias ineficientes e burocráticas de modelos de negócio tradicionais. Montar uma startup é tão importante quanto o produto que você está oferecendo. Afinal, startup não é um novo nome para fazer as coisas da mesma forma que temos feito há anos, mas sim uma disrupção com o modelo antigo para criar algo novo e melhor!

As startups têm ganhado muito espaço no Brasil graças ao grande espírito empreendedor dos brasileiros! Por isso, é preciso aproveitar essa grande oportunidade para criar uma cultura inovadora que levará o país para o futuro.

Se você não sabia como montar sua startup, agora já tem todas as informações para um início sólido. Então, não há desculpa para adiar essa decisão tão importante.

Além disso, as possibilidades de desenvolvimento são enormes. Quer saber como está o cenário de crescimento para essas empresas no Brasil? Não deixe de conferir nosso post!

Tiago Magnus

Fundador do Transformação Digital Tiago Magnus atuou nos últimos 10 anos em projetos digitais, trabalhando com marcas como Lenovo, Carmen Steffens, Mormaii, VTEX, Carrefour, Centauro, entre outras, e como sócio de uma das principais agências digitais do Brasil. Hoje, é Diretor de Transformação Digital na ADVB e Fundador do TransformacaoDigital.com.

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