No momento em que o desafio da transformação digital bate à porta das empresas, nem tecnologias nem processos são o principal alicerce para a ruptura necessária: está na capacitação de equipes o trunfo para a revolução esperada.

Enfrentar as limitações desse processo de mudança precisa estar no cerne das estratégias que vêm sendo desenhadas para que um negócio transite de um modelo convencional para um digital. Isso porque uma mentalidade que não alcança os valores da nova era dificilmente conseguirá propor caminhos inovadores e capazes de trazer longevidade a um empreendimento.

Este artigo trata exatamente dessa importância do investimento em pessoas, com foco em torná-las verdadeiros agentes de mudanças radicais em seus ambientes de trabalho.

Como é um assunto complexo, relativamente novo e ainda em construção, a proposta é levantar a relevância do tema e estimular gestores e lideranças a buscarem mais informações sobre o assunto. Que seja uma boa leitura inicial!

As barreiras para a consolidação do paradigma digital

Pessoas desalinhadas com as premissas que norteiam o mercado têm pouco a contribuir com a sustentabilidade das empresas em que atuam. Mas elas não escolhem ser assim, não estão por vontade própria em uma posição aquém da esperada pelo mercado. Elas simplesmente enfrentam limitações.

São dificuldades naturais do ser humano, como medo do novo, resistência a mudanças, insegurança de não conseguir executar tarefas de formas diferentes das usuais, falta de conhecimento para lidar com novas tecnologias e com novos fluxos de trabalho.

Além disso, outros fatores externos podem reforçar a situação, como a falta de liderança adequada e o fato de estar hierarquicamente submetido a uma má gestão empresarial.

Conheça, agora, outros aspectos que influenciam negativamente a evolução das capacidades pessoais e profissionais:

Inércia

As pessoas tendem a se acomodar em suas zonas de conforto, especialmente se sua carreira está bem encaminhada e se os negócios estão indo de vento em popa.

É por isso que querer mudar raramente faz parte da lista de desejos dos profissionais, que muitas vezes escolhem se especializar em determinado domínio de conhecimento e se fechar em um mundo específico, se isolando de um leque de possibilidades que a cada dia se abre mais.

Incredulidade

A falta de fé no valor que mudanças podem trazer acaba estagnando as pessoas, fazendo com que muitos colaboradores torçam o nariz quando novas políticas internas são propostas ou quando um time resolve seguir um caminho diferente do traçado até então.

Essa descrença no potencial de novas rotas acaba engessando pessoas e equipes inteiras que, sem coragem de se lançar em cenários desconhecidos, preferem repetir as rotinas, os acertos e também os erros.

Desengajamento

Um colaborador que não veste a camisa da empresa será uma “pedra no sapato” da gestão que se pretende transformadora. Dele partirão uma infinidade de motivos para defender o status quo e muitos argumentos para tirar o crédito da intenção de dar uma cara nova ao negócio.

Para criar uma dinâmica mais favorável ao fim do círculo vicioso que acabamos de apresentar, é preciso dotar os colaboradores não só de novas habilidades, mas também de uma nova visão de mundo que os instigue a renovar sua capacidade produtiva. É sobre isso que trataremos no próximo item.

A superação do desafio de inaugurar uma cultura digital

Não existe uma fórmula padronizada para que seja implementado um plano de capacitação de pessoas e de construção de uma cultura organizacional favorável à transformação digital. Mas é possível elencar algumas iniciativas que podem contribuir para essa empreitada. Veja!

Implemente programas de aprendizado contínuo

Ser digital é compreender que as respostas dadas hoje ao mercado podem ser insuficientes para as demandas de amanhã. Por isso é preciso estabelecer projetos de capacitação permanente do corpo funcional, incentivando as equipes a aprenderem ininterruptamente.

Isso pode se dar por meio de universidades corporativas em ambientes online, como a Intranet, que facilita o acesso a conteúdos bem ao estilo digital. O ideal é que os conteúdos foquem em temas que são as bases da nova era: experiência do cliente, inovação, tecnologias disruptivas, métodos ágeis, relacionamento com o consumidor digital, Indústria 4.0.

Crie redes internas colaborativas

A cocriação é uma das tendências mais fortes da atualidade. Estimular que soluções sejam desenvolvidas de maneira colaborativa é uma das formas de internalizar, na empresa e na mente das pessoas, um dos valores mais fortes da presente fase digital.

Ter um espaço corporativo para que experiências sejam compartilhadas e respostas possam ser construídas coletivamente é uma das vias para se estabelecer um modelo colaborativo.

Além disso, ferramentas de colaboração precisam estar acessíveis, como chats, comunidades e fóruns online e blogs corporativos, com espaço para postagens, enquetes e comentários.

Lance desafios de inovação

As consultorias em temas essencialmente digitais, muito explorados por startups, costumam iniciar os trabalhos de desenvolvimento de times e de nova cultura organizacional com os chamados hackatons.

Nada mais são do que dinâmicas ou maratonas de atividades que instigam os participantes a desenvolverem soluções inesperadas, surpreendentes, revolucionárias e de fato inovadoras para problemas comuns da empresa.

Outra técnica que pode ser adotada é a implementação de campanhas de ideias, que podem ser permanentes ou sazonais, como forma de coletar insights, estimular a solução criativa de questões que impactam o dia a dia e possibilitar o exercício de arriscar e de não temer os erros.

A influência do capital humano na transformação digital

Para concluir este artigo, trouxemos uma estatística relevante do State of the American Workplace, ligado à Gallup — uma consultoria em gestão empresarial e de pessoas. Segundo o estudo encomendado pela Microsoft, apenas 32% dos trabalhadores se sentem engajados em seus empregos. Para tornar esse dado mais dramático, a pesquisa complementa com os seguintes números:

  • 49% dos funcionários temem mudanças quando iniciativas de transformação digital são introduzidas;
  • 59% estão preocupados com a segurança no trabalho mediante a crescente automação das tarefas;
  • 39% se sentem ansiosos com a implementação de novas tecnologias.

Esses números mostram que é indispensável focar o ser humano nas estratégias de migração para modelos digitais. Quando as pessoas não se sentem parte integrante e indispensável da mudança, elas não só não agregam como acabam sendo um obstáculo para o movimento que se deseja.

Para que não seja assumida uma contramão da cultura digital, é preciso deixar as pessoas à vontade com as novas possibilidades tecnológicas e confiantes de que são capazes de propor novas ideias e que podem, efetivamente, fazer a diferença para o sucesso do negócio.

Ter times focados na transformação digital é vital para que o DNA da empresa seja renovado e possa responder à altura a cada demanda que o mercado apresenta. Por isso, a capacitação de equipes é a base para se alcançar essa ressignificação da razão de ser do negócio e precisa passar a ser encarada com a devida relevância estratégica para a evolução das organizações.

Tiago Magnus

Fundador do Transformação Digital Tiago Magnus atuou nos últimos 10 anos em projetos digitais, trabalhando com marcas como Lenovo, Carmen Steffens, Mormaii, VTEX, Carrefour, Centauro, entre outras, e como sócio de uma das principais agências digitais do Brasil. Hoje, é Diretor de Transformação Digital na ADVB e Fundador do TransformacaoDigital.com.

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