A exploração do espaço sideral é um dos grandes sonhos da humanidade. Vários filmes e livros já foram lançados para saciar a nossa fascinação com o infinito. Por esse motivo, a indústria da tecnologia espacial tem atraído tanto os governos quanto empresas privadas, que veem nesse nicho um negócio bastante lucrativo. Afinal, com tantos bilionários no mundo, quais deles não iriam pagar milhões para chegar onde ninguém foi?

Além disso, não podemos nos esquecer do potencial da curiosidade humana. Por maior que seja, a Terra ainda é um lugar pequeno para a nossa inquieta mente. Que tal então entendermos o atual estado da exploração espacial e das tecnologias futuras?

Como está a atual exploração espacial?

Hoje em dia, ainda estamos longe dos cenários de viagens interplanetárias dos filmes de ficção. No entanto, vários avanços têm sido feitos e estamos caminhando para a realização do sonho das viagens espaciais comerciais. Veja alguns exemplos:

Sondas espaciais

Em 2012, a Nasa enviou um robô de exploração para Marte, em uma viagem de aproximadamente 587 milhões de quilômetros e 9 meses de duração. Junto com outro robô Opportunity, lançado em 2003, essas sondas têm enviado fotografias, análises químicas do solo e outros dados para a Terra a fim de determinar o solo de Marte.

Já a Missão MAVEN, lançada em 2013, tem analisado a atmosfera desde 18 de novembro de 2013 para determinar se há a presença de gases de água, oxigênio e outros elementos importantes para a vida no planeta vermelho. Com isso, espera-se que possamos determinar se é possível colonizar Marte nas próximas décadas.

Estação espacial ISS

A uma distância média da Terra de cerca de 400 km, a Estação Espacial Internacional foi lançada em 2000, tendo recebido cerca de 200 moradores temporários em missões estritamente científicas. Ela é fruto de uma rara cooperação científica internacional que envolveu os Estados Unidos, a Agência Espacial Europeia, a Rússia, o Japão e o Canadá. A estação tem apenas o tamanho de um campo de futebol e dá 16 voltas na terra a cada dia!

Telescópios espaciais

Praticamente todos nós já ouvimos falar do telescópio Hubble, que é um equipamento dotado de poderosas lentes para fotografar os confins do Universo. Lançado em 1990 com um custo de 1,5 bilhões de dólares, atualmente ele faz companhia a diversos outros que fotografam as galáxias por diversos métodos. Há telescópios que varrem o espaço em busca de sinais de raio X, raios Gama etc.

Quais as novas tecnologias utilizadas e como elas estão ajudando na “corrida espacial”?

Se antigamente a corrida espacial era protagonizada pelas duas grandes potência mundiais, como a URSS e os EUA, atualmente ela é disputada principalmente pelas empresas privadas. Para se ter uma ideia, em 2016, a indústria espacial movimentou US$ 329 bilhões (R$ 1,02 trilhões) no mundo, sendo 75% desse valor capitaneado pela iniciativa privada. Na década de 1970, por exemplo, não havia sequer uma empresa privada responsável pelo investimento direto em viagens espaciais.

Mas você sabe quais são as tecnologias que permitem as viagens espaciais atuais?

Estufas espaciais

As estações espaciais só seriam sustentáveis caso tivessem a capacidade de produzir o próprio alimento. Porém, para que isso fosse possível, um longo processo foi percorrido. Primeiramente, foi preciso descobrir quais plantas seriam mais propícias para o cultivo espacial, suportando uma gravidade próxima do 0, temperaturas mais baixas, luminosidade artificial e os níveis mais elevados de radiação solar. Para isso, diferentes espécies foram cruzadas, além de serem submetidas à transgenia.

Rações humanas

Apesar de ser possível cultivar plantas no espaço, a maior parte da alimentação dos astronautas é constituída por rações humanas de última geração, que fornecem todos os macro e micronutrientes necessários à nossa sobrevivência. Elas são embaladas a vácuo e não podem conter nenhum micro-organismo que possa contaminar o ambiente praticamente estéril das estações.

Computadores potentes

O que mantém as estações espaciais e a maior parte das missões não tripuladas são os computadores cada vez mais potentes. Com eles, é possível processar as informações do ambiente espacial e rodar robôs de inteligência artificial capazes de tomar as melhores decisões com o mínimo de auxílio humano. Os computadores das viagens espaciais são cerca de 100 vezes mais potentes do que os mais avançados computadores de uso pessoal. Por isso, eles rodam máquinas de AI e Big Data com informações de todo o cosmo.

Robôs de reparo

As estações espaciais contam com robôs de reparo automatizado para que os astronautas se dirijam para fora da estação somente em situações extremas. Então, quando uma peça é quebrada, não é preciso expor pessoas ao risco.

Avanços na tecnologia de combustível

Por fim, um dos grandes avanços que permitem um menor custo das novas tecnologias é a maior eficiência dos combustíveis. Antes, um foguete tinha de levar milhares de toneladas de combustível fóssil para ser levado ao espaço. Atualmente, o hidrogênio líquido tem o potencial de substituí-los, reduzindo a carga de peso dos foguetes.

Quais as tecnologias que estão em teste?

Talvez, a principal tecnologia para ampliar as possibilidades de exploração espacial seja a inteligência artificial. Ela é essencial, pois precisamos lançar diversas missões não tripuladas para garantir a segurança das viagens e dos equipamentos utilizados. Os robôs de Marte são um exemplo, porém ainda é preciso lançar robôs que avaliem o impacto de viagens espaciais de longa distância.

Se você pensa que a viagem à lua é um bom ponto de comparação, está enganado. O nosso satélite natural está localizado a “apenas” 384.400 km de distância, ao passo que Marte está a 55 milhões de quilômetros. Viajando a 20.000 por hora, uma nave demoraria cerca de 6 meses para chegar até lá. O avião mais rápido desenvolvido até hoje registrou a velocidade máxima de 7.274 km/h. Seus pilotos precisam de equipamentos especiais para proteger o corpo nessa velocidade. Então, imagine os desafios de uma missão especial tripulada.

Como novas empresas estão mudando o cenário da indústria espacial?

A SpaceX é uma empresa que busca reduzir o custo do transporte espacial com o objetivo de criar uma colônia em Marte. O bilionário e empresário norte-americano Elon Musk formou o negócio na Califórnia em 2002, em um projeto chamado Mars Oasis, que explorou maneiras de enviar uma mini estufa para o planeta vermelho para cultivar plantas interplanetárias. A SpaceX tem quase 6.000 funcionários. Ela enviou dois foguetes para a Estação Espacial Internacional e duas vezes aterrissou um foguete reciclado com sucesso.

A Blue Origin é uma empresa startup aeroespacial criada por Jeff Bezos, fundador da Amazon e empreendedor de tecnologia. Como tanto a Blue Origin como a SpaceX são companhias de capital privado fundadas por bilionários entusiastas da tecnologia, muitos paralelos são traçados entre as duas empresas. Embora elas pareçam semelhantes à primeira vista, têm objetivos diferentes.

A Blue Origin, por exemplo, está se concentrando no voo espacial suborbital que permite aos passageiros experimentar as sensações do espaço sem sair da atmosfera da Terra. O novo Shepard não tem o poder de deixar a atmosfera da Terra e entrar em órbita, então o navio retorna à superfície do planeta alguns minutos depois da partida.

Como o desenvolvimento de tecnologias espaciais tem mudado nossa vida aqui na terra?

A Nasa, anualmente, lança um boletim informando sobre como as pesquisas espaciais têm trazido novas soluções para a Terra. No ano de 2018, o Nasa Spinoff trouxe as seguintes novidades:

  • uma tecnologia de radar ultrassensível usada para detectar as flutuações da gravidade foi reaproveitada para identificar os sinais vitais de sobreviventes de desastres presos sob escombros;
  • uma técnica desenvolvida para preservar plantas em uma espaçonave levou a dispositivos que eliminam bactérias, vírus, fungos e compostos orgânicos voláteis do ar, superfícies e até mesmo da lavanderia;
  • o trabalho de uma empresa em fotogrametria estéreo de alta velocidade para análise de ônibus espacial, agora permite que testes de materiais de baixo custo e alta precisão melhorem os projetos de tudo, desde tênis de corrida até jatos​.

Outros destaques incluem: inteligência artificial que ajuda os drones a evitar colisões e que um dia poderia permitir carros autônomos; um jato executivo que seja o mais rápido e o mais eficiente de sua classe e um programa de computador que, 50 anos depois de sua criação, ainda é usado para projetar carros.

Por que é necessário muito mais do que tecnologia para levar a vida ao espaço (e o que é necessário)?

A tecnologia tem avançado constantemente e no futuro, certamente, ela não será um dos fatores que nos impedem de levar vida ao espaço. Então, quais seriam os fatores limitantes?

As condições psicológicas

Aguentar uma viagem ao espaço não é fácil. Os tripulantes, provavelmente, se sentiriam solitários em algum momento e se entediariam com a vida parada dentro de um foguete. Mesmo com o foguete mais avançado atualmente, ainda levariam mais de 6 meses para levar uma missão tripulada ao planeta Marte. Nesse tempo, a saúde mental dos passageiros iria cair bastante à medida que a empolgação inicial sumisse.

Além disso, eles teriam de ter bastante perseverança para enfrentar as condições adversas de um planeta hostil à vida. Para superar essa limitação, é preciso ainda pensar em como tornar a preparação de tripulantes mais baratas, pois atualmente são necessários meses de treinamento intensivo. Isso é impossível para missões “turísticas” no espaço sideral.

As doenças

O risco de doenças em uma viagem espacial deve ser reduzido, pois uma condição leve poderia levar ao óbito de um astronauta. Para isso, não basta reduzir os micro-organismos, pois apenas uma minoria das nossas doenças tem causa infecciosa. Então, seria preciso ter protocolos de prevenção de infartos, AVC, crises hipertensivas, hipoglicemia, desnutrição etc. Além disso, os selecionados para viagem teriam de passar por extensos exames para reduzir os riscos.

Portanto, não há dúvidas de que a tecnologia espacial ainda ampliará muito as fronteiras humanas no Universo. No entanto, será que veremos isso ainda em nossa geração? Afinal, será preciso primeiramente reduzir os custos das viagens e torná-las mais simples. Depois, será preciso a coragem de pioneiros para testar as tecnologias.

Somente depois disso, poderemos criar uma cultura de exploração espacial. Se isso será possível em décadas ou séculos, somente o tempo dirá.

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