Você já ouviu falar no termo propaganda computacional? Ainda não? Pois bem, nos últimos tempos esse conceito tem surgido com força no mercado e ainda não é possível identificar se trata-se de uma ameaça ou uma oportunidade.

transformação digital tem sido responsável pelo surgimento de várias novas tecnologias, a maioria delas utilizada para o bem, mas não é de hoje que vemos pessoas fazendo mau uso de ferramentas computacionais.

Aqui, falaremos um pouco mais sobre o conceito de propaganda computacional e como os profissionais da área de tecnologia e publicidade estão encarando esse termo. Confira!

O que é a propaganda computacional?

O poder computacional, a capacidade das máquinas em fazer cálculos complexos, tem aumentado muito nos últimos anos, consequência natural da evolução da computação.

Determinadas tarefas, que antes eram possíveis apenas aos chamados supercomputadores, estão começando a se tornar rotina para máquinas menores, sendo que nossos próprios smartphones já têm grande poder de processamento.

Quando trazemos o conceito de propaganda computacional à tona, ele parece um tanto quanto estranho. A palavra propaganda está ligada diretamente à disseminação de ideias, o que não parece combinar com o termo.

A propaganda computacional nada mais é que a combinação de algumas tecnologias para a realização de disseminação de ideias na rede. Entre elas estão inclusas:

  • Big Data — grande volume de dados pessoais de usuários que permitem entender o perfil de cada um;
  • Inteligência Artificial — sistemas inteligentes capazes de compreender padrões de comportamento na rede;
  • Bots — sistemas autônomos que navegam e postam informações em mídias sociais.

Essas tecnologias são aplicadas para coletar informações de usuários na rede e interagir com eles de forma automática, disseminando ideias pré-programadas de forma muito eficiente.

Quais os principais riscos?

O uso da propaganda computacional poderá ter grandes impactos em nosso cotidiano no futuro e contribuir para um aumento nos riscos de publicação e disseminação de notícias falsas, atuando como modelo de desinformação.

Esse fenômeno vem sendo conhecido e amplamente divulgado na mídia como “fake news”, ou seja, notícias que não são verdadeiras e têm como objetivo prejudicar uma pessoa ou organização.

Mesmo que algumas delas possam parecer um tanto quanto estranhas, o poder de persuasão é alcançado com o nível de divulgação e compartilhamento nas redes por meio dos bots.

Outro risco cada vez mais próximo é a adulteração de vídeos e fotos com o intuito de difamar empresas e pessoas. Existe um vídeo na internet, por exemplo, no qual o ex-presidente Barack Obama tem sua voz e boca sobrepostos digitalmente pelo comediante Jordan Peele.

Logo, com o aumento do poder computacional, mesmo que seja possível identificar o truque e o vídeo seja apenas um alerta para esse tipo de manipulação, fraudes como essa serão cada vez mais comuns.

Esse tipo de propaganda computacional voltada para a fraude é utilizada para criar os chamados “incêndios digitais”, situações embaraçosas para quem é atacado nas redes, que causam problemas para a sua imagem.

Que impactos podemos esperar?

Com a possibilidade de criar e disseminar informações na mão de várias pessoas, uma vez que o poder computacional de máquinas de usuários comuns vem aumentando, esperam-se alguns impactos críticos nos governos e nas empresas.

Governo

A última eleição dos EUA foi uma das mais polêmicas dos últimos anos, com várias acusações de mau uso da Internet em ambos os lados, demonstrando como a propaganda computacional pode exercer grande influência sobre a democracia.

No dicionário, o termo propaganda se refere à ação de promover causas políticas ou ponto de vista, o que em conjunto, com o poder computacional disponível hoje, concentra um raio de alcance muito maior, o que pode ser perigoso.

Nesse processo, podemos ver as redes sociais como um dos principais motores da propagando dessa nova era da transformação digital, sendo que o tempo de TV e outras mídias já não têm tanto impacto quanto antes.

Nas eleições brasileiras de 2018, o candidato Jair Bolsonaro teve cerca de 46% dos votos válidos no primeiro turno, sendo que ele contava com apenas 8 segundos de exposição na propaganda gratuita na TV.

Esse fenômeno pode ser entendido pela exposição que ele conquistou nas redes sociais, com uma grande quantidade de seguidores que replicam suas mensagens, num alcance muito maior que a TV e outras mídias.

Outro ponto que foi levantado nas eleições americanas e não podem ser descartadas nas brasileiras é o uso de bots para a disseminação de posts e a criação de “fake news”.

Leitura complementar: Eleições 2018: o grande papel do Big Data na política

Negócios

Por mais que possamos visualizar a utilização da propaganda computacional apenas na política, ela também é aplicada com sucesso no âmbito dos negócios.

A manipulação de imagens, vídeos e disseminação de notícias falsas também tem grande impacto negativo sobre as marcas e empresas, que podem sofrer com a implantação dos incêndios digitais.

A reputação é algo muito importante nos negócios, pois a confiança que o consumidor deposita em uma empresa está ligada à fidelização desse cliente, a partir do momento que ela é perdida, o número de vendas pode cair drasticamente, levando até o fechamento.

O principal alvo da propaganda computacional no meio empresarial é a reputação das marcas, buscando fazer com que os consumidores pensem que as empresas apoiam atitudes que eles não apoiam realmente.

Além disso, a manipulação de vídeos pode permitir que cibercriminosos divulguem situações, como a contaminação de alimentos ou a prática de determinadas ações questionáveis. Mesmo que a empresa consiga reverter o fato e demonstrar de forma convincente que as notícias espalhadas são falsas, os estragos na confiança do consumidor não são totalmente recuperados.

Contudo, é preciso dizer que as empresas podem fazer bom uso da propaganda computacional, utilizando a Inteligência Artificial aliada a Big Data e bots para entender melhor seus clientes e entregar uma melhor experiência para eles.

No entanto, é preciso desenvolver formas de garantir a inalterabilidade da informação, utilizando metadados que garantam a visualização de fraude, aplicação da tecnologia de Blockchain e outras maneiras de indexar marcadores que evitem alterações.

A propaganda computacional ainda é um termo muito novo e ouviremos falar muito dela no futuro. Mesmo que suas aplicações atuais sejam controversas, esperamos que seus pontos positivos prevaleçam.

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