No Brasil, 49% dos usuários acessam a Internet pelo celular, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2017. Toda a comodidade de ter a informação sempre à mão para manter-se atualizado, descontrair, acessar a conta no banco ou fazer uma compra online pode facilitar algo com consequências perigosas — a disseminação de fake news.

É claro que o fenômeno não é exclusividade do nosso país. Porém, a preocupação por aqui aumenta ainda mais em 2018, ano de eleições, em que um dado falso pode alcançar milhões de pessoas e influenciar seu voto.

Mas por que as pessoas compartilham as fake news tão facilmente? Qual o perfil desses usuários? Entenda aqui os riscos que a Internet pode oferecer para o Brasil neste ano e como evitar a disseminação desse tipo de conteúdo!

Por que as pessoas compartilham fake news?

O maior estudo feito sobre o assunto — publicado na revista Science — é dos pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos.

A conclusão da pesquisa foi que as fake news se disseminam 70% mais rápido que as notícias verdadeiras — enquanto as postagens verdadeiras chegam, em média, a mil usuários, as mais populares entre as falsas podem atingir 100 mil.

Foram analisadas mais de 126 mil postagens disseminadas no Twitter de 2006 até 2017. O conteúdo falso, replicado por cerca de 3 milhões de pessoas (e retuitado mais de 4,5 milhões de vezes), foi checado por 6 agências independentes.

No entanto, qual a característica das postagens falsas que acarretam esse efeito cascata, ou seja, o compartilhamento tão intenso nas redes sociais? Segundo o estudo do MIT, as fake news:

  • são inusitadas;
  • usam linguagem simples e direta;
  • apelam a sentimentos, como surpresa, temor, raiva e desgosto.

A notícia inusitada, com o apelo da novidade, atrai a atenção do leitor e o encoraja a disseminá-la. Além disso, dá a ele a sensação de estar bem informado e de reter uma informação valiosa (uma forma de status), por isso, seu compartilhamento é tão rápido, sem muita reflexão se aquilo realmente é real ou não.

Apesar de o tema político dominar as fake news e ter disseminação 3 vezes maior do que o conteúdo verdadeiro desse assunto, outras fake news bastante compartilhadas são de:

  • terrorismo;
  • desastres naturais;
  • lendas urbanas;
  • ciência;
  • informações financeiras.

Qual o perfil do usuário que espalha esse tipo de notícia?

O estudo publicado na Science apontou que os usuários que mais disseminam fake news são menos ativos no Twitter — têm menos seguidores e seguem menos pessoas. Além disso, estão na rede social há menos tempo do que aqueles que espalham notícias verdadeiras.

No entanto, o fenômeno das fake news ganha força com os bots — robôs que imitam o comportamento humano através do machine learning. Eles são projetados, muitas vezes, para dar a impressão de que um dado conteúdo chamou a atenção dos usuários. Isso faz com que os algoritmos das redes sociais reforcem a distribuição dessa postagem.

E, nesse caso, temos o mau uso da tecnologia, já que os bots se mostram tão eficazes no atendimento online e, por isso, são bastante disseminados para reforçar as estratégias de marketing de marcas e empresas para o novo consumidor digital.

Quais os perigos para as eleições 2018 no Brasil?

É um cenário bastante preocupante — 12 milhões de pessoas compartilharam conteúdo político falso ou distorcido somente no mês de junho deste ano no país, de acordo com pesquisa do Gpopai, grupo da Universidade de São Paulo (USP).

Os eleitores tomam sua decisão de voto baseados em informação e, se ela é falsa, isso certamente vai tumultuar o processo eleitoral brasileiro. Os Estados Unidos, nas eleições de 2016, tiveram perfis falsos nas redes disseminando conteúdo para influenciar a opinião pública. O congresso norte-americano investiga se organizações russas estão por trás do problema.

Por aqui, o governo se organizou para combater as fake news: criou um comitê formado pela Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e outros órgãos para monitorar e barrar postagens distorcidas antes que se espalhem e desorganizem as eleições.

Além disso, tramitam no congresso dois projetos de lei para criminalizar quem cria e quem dissemina fake news para trazer prejuízos a outras pessoas, saúde, economia ou, até mesmo, às eleições — o PL 6.812/2017, de autoria do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e o PL 473/2017, do senador Ciro Nogueira (PP-PI).

Como evitar a disseminação de conteúdo falso?

O grande problema é que o avanço da tecnologia — com as possibilidades de manipulação digital — pode levar as fake news para além de mensagens falsas via texto. Vídeos ou gravações distorcidas que pareçam reais podem dificultar ainda mais o combate a esse fenômeno na Internet.

Evitar que as fake news se espalhem é um desafio, pois qualquer ação ou punição podem esbarrar em direitos fundamentais, como a liberdade de expressão. Então, o que fazer?

As plataformas de redes sociais têm um alcance global e uma velocidade muita rápida para que uma postagem distorcida seja disseminada, no entanto, cada país só tem competência para agir em seu próprio território.

As principais plataformas, como Facebook, Google, YouTube, Twitter e WhatsApp, anunciaram que estão criando mecanismos para combater esse tipo de conteúdo.

O WhatsApp, por exemplo, passou a incluir a marcação “encaminhado” quando a informação não veio diretamente da pessoa que a enviou. Já o Facebook realizou acordo com agências de checagem de informação para verificar se as notícias são falsas, além de atuar no combate a perfis falsos.

Em paralelo, é imperativo que os usuários aprendam a navegar de forma consciente em meio à avalanche de informações que a Internet oferece. É preciso que eles sigam alguns passos, como:

  • verificar a reputação da fonte do conteúdo;
  • ler a postagem e não compartilhar somente pelo título;
  • separar matéria jornalística de conteúdo de opinião;
  • checar se grandes veículos de comunicação também divulgaram aquele fato.

As fake news invadiram as mídias digitais e podem atrapalhar bastante o cenário eleitoral do Brasil. A questão é saber se os órgãos públicos realmente estão preparados para enfrentar esse perigo para o nosso processo democrático.

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