Para entender a importância da humanização da tecnologia vale pensar em como você se relaciona com as pessoas. Elas são diferentes e, quando as encontra, você reage de forma adequada à personalidade e preferências de cada uma delas.

É improvável que você converse sobre filmes dramáticos com quem é fanático por futebol ou sobre religião com quem não tem nenhuma fé. Ou seja, grande parte daquilo que nos faz humanos decorre dessa atitude empática. É ela que permite uma resposta compatível ao modo de ser de cada um.

A tecnologia está desenvolvendo essa mesma capacidade, embora dependa de como a aplicamos para funcionar assim. Tudo decorre de como olhamos para ela e é justamente sobre isso que vamos falar aqui.

Mais do que desvendar qualquer dilema, vamos verificar que, em certos casos, a tecnologia pode até nos superar e potencializar a nossa humanidade. Ela faz isso ao executar ações que estão além da nossa capacidade cognitiva de observação, processamento e análise. Prepare-se para entrar em uma ‘viagem’ empolgante!

Como as novas tecnologias podem ser usadas para humanizar processos?

Ainda que esse olhar positivo sobre a contribuição da tecnologia possa causar surpresa em muitos de nós, ela sempre teve esse papel. Imagine uma ferramenta bem antiquada como uma lança. Na época em que surgiu, ela aumentou a nossa capacidade de enfrentar animais mais fortes, caçar e nos proteger.

Ao mesmo tempo, foi usada como arma e causou sofrimento. Do mesmo modo, como serão usadas as ferramentas tecnológicas atuais vai depender de nós. Contudo, ao incorporar capacidade inteligente, elas estão aumentando outra força, justamente aquela que nos diferencia dos animais e nos torna humanos: o pensar.

Além disso, você certamente já observou que a inteligência autônoma nos causa certo receio. Aquela preocupação de não nos deixarmos dominar e de tentar manter o controle sobre tecnologias cada vez mais independentes. Há nisso um pouco de instinto de preservação e, ao mesmo tempo, indisposição em aceitar interações mecânicas — algo bastante significativo na cultura brasileira.

Por isso tudo, a humanização de processos passa por uma mudança cultural das organizações. Nela, os processos precisam ser vistos além de sua utilidade instrumental ou tecnicista. Em outras palavras, não basta programar um algoritmo para abrir uma porta automaticamente e na hora certa, é preciso encontrar uma forma de fazer isso demonstrando alguma característica humana, como a gentileza.

Como a automação e a humanização se relacionam na era da Transformação Digital?

A relação entre as duas tendências que abordaremos neste tópico talvez seja o centro do dilema em questão neste texto. Por um lado, existe uma grande e crescente expectativa de um modo de vida mais confortável. Eficiência e rapidez são características da automação que superam o desempenho humano — muitas vezes lento e pouco produtivo.

Porém, continuamos valorizando experiências de interação inspiradoras, lúdicas e emotivas. Há algo na descrição poética de um pôr do sol que não pode ser vivenciado na possibilidade de, por exemplo, adiantar uma tarefa de trabalho enquanto se é conduzido por um veículo autônomo.

Por outro lado, você pode usar o período de viagem para observar a paisagem e, quem sabe, observar o sol por si mesmo, em vez de depender do talento do poeta. Do mesmo modo, qualquer empresa pode elaborar modelos de negócio que entreguem uma experiência personalizada, íntima e humana.

Isso significa que, ao mesmo tempo em que a automação elimina postos de trabalho, ela cria demanda pelo verdadeiramente humano. Assim, abre espaço para novas maneiras de lucrarmos com nosso conhecimento, paixões, personalidade e tudo aquilo que temos de único.

Essa realidade criará novas formas de trabalho inspiradas na tendência de automação alimentando a de humanização. Principalmente para quem tem um perfil e formação mais técnicas, esse é um grande desafio, mas todos precisaremos aprender a colocar um pouco de arte e humanidade em tudo o que criamos.

Como o ‘toque’ humano está sendo aplicado em cada tecnologia?

Segundo diz Richard Socher, cientista chefe da Salesforce e professor associado da Universidade de Stanford, a tecnologia da Inteligência Artificial precisa aprender conosco. Ela é uma maneira de melhorar o relacionamento com os clientes ao simular a capacidade racional do ser humano.

Para tanto, é preciso aprimorar a capacidade dos algoritmos de entender o contexto dos dados. Um exemplo simples: quando alguém digita o termo ‘panela’ no Google, muito provavelmente está fazendo alguma pergunta relacionada ao utensílio e não apenas manifestando um interesse pelos tipos de panelas existentes. Pode ser curiosidade sobre a mais adequada para cozinhar um prato específico ou uma pesquisa da faculdade sobre o mercado de panelas.

O caso da saúde

Um dos setores de grande promessa na atualidade é o da saúde e do bem-estar. Soluções de monitoramento de nossa condição geral estão em alta, assim como as de diagnóstico remoto e compartilhamento de informações entre médicos.

Mas também cresce a tendência por aplicações que possam fazer recomendações personalizadas sobre alimentação e prática de exercícios, por exemplo. Também é o caso de tecnologias ligadas ao sono saudável. Há até um ‘robô fofo’ chamado Somnox que ajuda a relaxar ao despertar.

Como operam as tendências da humanização da tecnologia?

A CES – Consumer Electronics Show é a maior feira de tecnologia do mundo. Por isso, a versão 2018 ocorrida em Las Vegas no começo do ano é, obviamente, uma grande referência de tendências para um futuro próximo. Historicamente, o evento serviu para lançar as maiores novidades dos últimos 50 anos e esteve focada em dispositivos.

Do vídeo cassete às impressoras 3D, inúmeros equipamentos foram apresentados ali. E dessa vez não foi diferente. Muitas dessas soluções não eram esperadas pelo consumidor. Estamos falando de inovações que visavam resolver problemas antes mesmo de serem considerados problemas. Ou será que as secretárias de antigamente não estavam contentes com suas máquinas de escrever elétricas?

Por outro lado, no último evento muitos produtos apresentavam soluções para problemas em que pensamos o tempo todo. Ou seja, estamos falando de tecnologias como softwares que melhoram a experiência de uso de vários dispositivos já conhecidos e que podem tornar essa utilização mais humanizada, como as iniciativas de Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA).

A questão da segurança

Ao mesmo tempo, a tendência de preocupação com segurança esteve bastante evidente. A tensão entre benefícios e riscos da tecnologia pode até ter diminuído em relação a alguns aspectos, mas aumentou em outros. Naturalmente, isso cria uma demanda ainda maior pela humanização.

Para concluir, tenha em mente que há uma profunda mudança social em curso. O centro do tema em questão é muito mais sobre como desejamos viver do que sobre como queremos comprar. Isso significa que, de um espectro mais amplo, a humanização da tecnologia implica elaborar a transformação para nos servir, em vez de nos colocar a serviço dela.

Se você  quer se informar ainda mais sobre o tema, não deixe de ler este artigo sobre as principais tendências tecnológicas para o futuro!

Aldo César

CEO na Rits Tecnologia Bacharel em Ciências da Computação pela UFRN e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Startup Builder. Founder da Rits Tecnologia, Mobister, SignUp e GO Delivery, com mais de 12 anos de experiência em projetos de TI.

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