É comum observarmos análises puramente instrumentais dos meios de comunicação. Ou seja, uma abordagem que vê cada mídia de forma isolada e puramente técnica em termos do que cada uma delas faz — envio de imagens, da palavra escrita, com rapidez e assim por diante.
Porém, a comunicação só pode ser entendida considerando o contexto de cada mensagem. Por isso, neste texto você vai fazer uma “viagem” conosco na evolução dos meios de comunicação. Sinta-se convidado a refletir sobre a grande influência que eles tiveram e terão na vida em sociedade.
Essa reflexão é fundamental para elaborar uma visão realista sobre o que é um dos principais motivos de nosso protagonismo nesse planeta: a comunicação. O que será dela?
O ritmo da transformação
Começamos nossa viagem aproximadamente no ano 4 mil A.C. — quando surgiu a escrita na Mesopotâmia e no Egito. O efeito foi reconhecidamente impactante, não só pela possibilidade de comunicação que gerou — possibilitou o surgimento dos correios no Egito mais de 3 mil anos depois —, mas porque passou a permitir o registro do conhecimento.
Curioso que alguns resistiram ao usa da escrita. O filósofo Sócrates talvez seja o exemplo mais famoso. Ele receava que perdêssemos o controle sobre o conhecimento da mesma forma que muitos se preocupam com as mudanças atuais na comunicação. Mas o que queremos destacar é que precisamos de mais de 3 mil anos para enviar as primeiras correspondências desde que passamos a registrar a palavra escrita.
Na atualidade, o e-mail acabou de surgir e já está sendo deixado de lado. Outros meios de comunicação, tais como o telégrafo, o jornal e o rádio, duraram décadas até que deixassem de existir ou perdessem importância para outras mídias mais eficientes. É verdade que a evolução tecnológica ocorre cada vez mais rápida, mas não é apenas por isso que surgem novos formatos.
Note que a vida moderna assumiu um ritmo caótico, por isso a crescente a demanda por novas formas de comunicação que nos facilitem a vida, tanto aumentando a agilidade, como a capacidade de armazenamento e de filtro das mensagens — evitando a perda de tempo com o que não é relevante. A diminuição do uso do e-mail em parte se deve a quantidade de spams e ações invasivas que recebemos.
O desafio de sobrevivência
Nesse cenário, já vimos desaparecer alguns meios de comunicação que foram de grande importância e agora isso está acontecendo com o e-mail. De modo geral, o que notamos é uma segmentação da comunicação.
Usamos o LinkedIn para o trabalho, o Facebook para interagir com amigos, WhatsApp para assuntos urgentes, Twitter para notícias públicas, Snapchat para os mais íntimos e assim por diante.
Porém, os novos meios de comunicação facilitaram de tal forma a disseminação da informação, que a maioria resiste em pagar por conteúdo. Os webinars, por exemplo, fazem parte de um conceito moderno de comunicação, trazem a facilidade de se comunicar e trocar aprendizados de forma remota e, em sua maioria, são gratuitos.
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Já para as mídias tradicionais, isso tem se mostrado um desafio. Afinal, a cobrança para acessar uma notícia de jornal, por exemplo, é quase como cobrar ingresso de um cliente para visitar a empresa — um incentivo para que a audiência desista.
Ou seja, a evolução da comunicação e o surgimento e desaparecimento de alguns meios e veículos, produziu como resultado o desafio de encontrar novas formas de monetização para financiar o jornalismo que, para ser feito com qualidade, precisa de recursos. Até o momento, não parece que encontramos uma solução para isso. Até mesmo a publicidade sofre com os recursos de Adblock, que limpam os anúncios em nossos navegadores.
O futuro dos meios de comunicação
Nesse ritmo acelerado, quais serão as próximas mudanças? Parece certo supor que haverá uma crescente preocupação com a criação de interações mais ricas e, ao mesmo tempo, com a demanda por cuidado com a nossa privacidade. Não apenas em termos de proteção de informações pessoais, mas de evitar abordagens não autorizadas.
Além disso, o cenário futuro tende a uma saturação de informações ainda maior. Hoje, todos nós produzimos conteúdo e, na maioria dos casos, desejamos compartilhá-lo, seja por questões pessoais ou profissionais.
Lembremos que o Google surgiu justamente para nos ajudar a filtrar informações que estavam dispersas no mundo digital — se tornou uma potência por isso. Mas, mesmo com a evolução dos algoritmos, será que as ferramentas de pesquisa darão conta no futuro próximo? Ou precisaremos de outros modelos?
Enquanto não temos uma resposta conclusiva sobre isso, vamos nos concentrar na melhora da qualidade das interações. Num futuro próximo, é bastante razoável acreditar que a tecnologia vai nos proporcionar experiências muito próximas e, em alguns aspectos, superiores ao contato presencial.
Mundos virtuais
Imagine que você encomendou a construção de um escritório para um arquiteto. No lugar de marcar no escritório dele para conhecer o projeto, ele agenda uma reunião no ambiente que ele projetou, mas ainda nem existe.
Os mundos virtuais serão espaços de alta resolução, criados para a interação com a utilização da realidade virtual. Cada um será representado por um avatar que será uma réplica quase perfeita do original e permitirá conversar como no mundo real.
Interface cerebral
A Brain Computer Interface (BCI) é um recurso que permitirá conectar o nosso cérebro a um computador. Assim, será possível controlar as funções da máquina com o nosso cérebro. Além disso, como outras pessoas também poderão se conectar, será possível a comunicação de cérebro para cérebro, numa espécie de telepatia artificial.
Obviamente, essa funcionalidade não estará pronta na semana que vem, mas é prevista para a próxima década. Melhor nem imaginar o que Sócrates acharia disso!
Telepresença
Os robôs de telepresença permitem que você participe e se movimente em um ambiente remoto. Eles têm o formato de um monitor de vídeo com uma câmera acoplada que, no futuro, permitirá uma nova experiência sensorial. Por meio de sensores, será possível medir detalhes como a frequência cardíaca do seu interlocutor e, desse modo, interpretar suas reações.
Casas inteligentes
As casas inteligentes rondam o nosso imaginário já faz algum tempo. Podemos esperar que as residências do futuro se comuniquem automaticamente com o supermercado, relatem vazamentos e avisem o médico sobre algum sintoma suspeito em um dos moradores utilizando recursos de Internet das Coisas (IoT).
Mas elas também permitirão a comunicação interpessoal por meio de utensílios diversos. A televisão já se tornou mais interativa e não está longe de ampliar o leque de funcionalidades desse tipo.
Além disso, já existem projetos desenvolvidos de projeções interativas e até paredes sensíveis ao toque. Os pais devem ficar aliviados em saber que as crianças poderão desenhar na parede sem que isso seja um problema, mas também poderão trocar mensagens e acionar aplicações.
Como notou, os meios de comunicação prometem uma revolução na forma como interagimos. Nesse sentido, a Transformação Digital tende a permitir uma experiência que pode ser superior em qualidade a que vivemos presencialmente. Porém, isso depende muito mais de como usaremos os novos recursos do que propriamente das funcionalidades que eles irão nos oferecer. Nada diferente do que já ocorre nas redes sociais.
Não vamos deixar o assunto morrer! Já que estamos falando de comunicação, deixe o seu comentário neste post. Vamos interagir!