A tecnologia em cargos executivos está entre os aspectos fundamentais da transformação digital, pois novos recursos estão mudando os princípios da prática da liderança executiva. As empresas que demorarem a perceber a importância disso vão sofrer com a perda de competitividade e de mercado.
O desafio de operar a partir desse novo paradigma envolve tecnologia, mas a boa utilização dela depende de profissionais alinhados com práticas que podem ser difíceis de ser assimiladas. Convido você a refletir sobre isso comigo e, ao final, vou relacionar as tendências que alguns executivos de sucesso apontam para até 2020 — que está logo aí. Acompanhe:
A necessidade das empresas de incorporar tecnologia
Antigamente, a tecnologia era um recurso com função de auxiliar os processos necessários à operação principal da empresa. Na atualidade, ela faz parte do negócio. Desse ponto de vista, não existem mais empresas de tecnologia e de outros setores, pois todas as organizações também são da área de tecnologia.
Esse contexto não é novo. Basta observar o que aconteceu com as companhias aéreas no Brasil. Em um passado relativamente recente, elas estavam concentradas em transportar pessoas pelo ar, mas essa realidade mudou. Agora, elas atuam com base em um serviço de reserva e compra de passagens totalmente online.
Para entregar essa solução, elas precisaram desenvolver suas plataformas digitais, oferecer promoções para incentivar o uso e várias outras ações que, em essência, dependeram da incorporação de recursos tecnológicos que não faziam parte do negócio e da digitalização de seus processos. Atualmente, essas organizações são companhias aéreas e de venda de passagens online — o que passou a fazer parte do serviço entregue por elas.
Porém, esse foi um movimento elementar e inicial. Daqui em diante, não se trata apenas de implantar uma plataforma, um aplicativo ou qualquer outro recurso com o qual estamos acostumados, e sim de reformular o modelo de negócios da empresa com o objetivo de entregar maior valor através de recursos digitais — como aconteceu com as empresas de transporte aéreo.
As novas possibilidades incluem inteligência artificial, realidade aumentada e virtual, aprendizado de máquina, Big Data, integração de canais e, principalmente, uma dinâmica de mudança capaz de tornar qualquer inovação obsoleta em curto espaço de tempo. É nesse cenário que precisamos repensar o papel dos cargos executivos — especialmente o dos CTOs.
O novo perfil dos profissionais de tecnologia
Pois bem, os profissionais de tecnologia constroem suas carreiras com base em uma formação essencialmente técnica. Nossas universidades elaboram grades curriculares com foco em disciplinas como lógica de programação e arquitetura de sistemas. Além disso, o perfil mais comum na profissão é o de pessoas voltadas ao conhecimento técnico e sem muito interesse em detalhes sobre o mercado, as pessoas e a equipe.
Considerando o cenário que descrevemos, seria esse o perfil ideal? Se observarmos que, na atualidade, existe grande necessidade das empresas de pensarem na tecnologia de forma sistêmica, integrada e alinhada com o propósito do negócio, e ao mesmo tempo com as exigências do mercado e do consumidor, fica evidente que esse perfil precisa mudar.
Os insights dos executivos de tecnologia impactam diretamente nas operações das empresas. Eles devem alimentar a inovação e prover uma estrutura necessária para garantir segurança, agilidade e alinhamento estratégico. Além disso, essa tarefa precisa ser cumprida no curto prazo, com agilidade e soluções práticas.
Em razão disso, os CTOs estão assumindo um novo status nas organizações. Segundo a revista Exame: “Uma pesquisa exclusiva realizada pela consultoria Korn Ferry sobre remuneração executiva com 318 empresas de grande porte no Brasil mostra que o executivo responsável por tecnologia foi o único com aumento real nos últimos cinco anos.”
Agora, a tecnologia faz parte dos negócios e impulsiona a mudança e a inovação. Os líderes de hoje a utilizam com uma facilidade que era impensável há apenas dez anos. Isso ocorre porque o sucesso dos negócios na era digital depende da capacidade das empresas de incorporar e explorar o meio digital.
Conforme a tecnologia inteligente avança em suas aplicações, a dificuldade das empresas que não conseguem se adaptar ao ambiente também aumenta. Como o processo de digitalização é um caminho sem volta, todos os setores devem unir forças com a tecnologia.
Desse ponto de vista, os líderes do setor tecnológico não são apenas os executores de tarefas que lhes são determinadas, mas agentes dessa transformação. Para assumir esse papel, eles precisam incorporar uma postura de liderança que não faz parte da natureza de grande parte dos profissionais da área.
As equipes de TI já assumiram a posição de fornecer informação para a tomada de decisão, mas a partir de agora elas vão precisar entregar conhecimento — sobre mercado, produto, análise de dados, experiência do consumidor, UX Design e o modelo de negócios.
Esse alinhamento dos líderes da área de tecnologia com as várias particularidades do negócio é fundamental para que eles possam sugerir inovações e gerar conhecimento sobre os meios digitais para as equipes, unidades de negócio, segmentos e canais de atendimento.
Note que os CTOs são capazes de cumprir essa tarefa com uma visão que só eles possuem. Um usuário pode ter ideias maravilhosas sobre o uso da tecnologia, mas os profissionais da área são mais capazes no momento de sugerir alternativas realistas, viáveis e inovadoras.
A tendência de mudança até 2020
Executivos de tecnologia do Forbes Technology Council manifestaram suas visões sobre como o papel dos executivos de tecnologia, especialmente os CTOs, vai mudar até 2020. Relacionamos os aspectos principais desse relato neste último tópico.
Segundo Robert Rice, da St Joseph Healthcare, os CTOs assumirão o papel de diretores de inovação, pois nenhuma empresa poderá se dar ao luxo de não assumir uma postura proativa em relação à tecnologia.
Além disso, a função do CTO terá a incumbência de definir como o negócio é executado e inova usando os dados disponíveis — às vezes, indisponíveis. O seu papel torna-se mais estratégico em relação à entrega dos produtos e serviços ao cliente final, diz David McCann, da CLEAResult Inc.
Sagi Brody, da Webair, levanta outro ponto fundamental: o de que a transformação é muito mais sobre o fator humano do que puramente sobre tecnologia. Solução de problemas e comunicação, por exemplo, são atividades-chave para os CTOs. A tecnologia é apenas a ferramenta que eles usam para alcançar seus objetivos nesses campos.
“É o papel de um CTO ou CIO adotar uma abordagem proativa para proteger seus clientes”, diz Chris Ciabarra, da Revel Systems INC. Devido à preocupação com privacidade e ao crescimento das ameaças à segurança, essa será outra função-chave desses profissionais. Uma visão reforçada pela de Marcin Kleczynski, da Malwarebytes.
De modo geral, podemos observar que, segundo a visão dos especialistas, o centro da tecnologia em cargos executivos parece mesmo estar em uma postura mais interdisciplinar, de modo a favorecer o papel de líder na condução das inovações.
Por isso, que tal entender mais sobre como as lideranças fomentam a cultura da inovação? Descubra agora o papel do CEO na transformação digital!