Pensar o empreendedorismo em 2018 envolve muito mais do que a simples observação de casos de sucesso — algo que poderia ser suficiente poucos anos atrás. Vivemos um período de intensa transformação, tanto no campo tecnológico quanto no marketing, na política e no setor social.

Sob um olhar positivo, pode ser edificante viver um período tão significativo da história. Ao mesmo tempo, não é tão simples como gostaríamos prever exatamente como será o futuro. Das disputas políticas globais que influenciam o comércio, até a aceitação das novas tecnologias e dos novos modelos de negócio, são muitas as variáveis para considerar.

Ainda assim, é possível assumir uma posição prática e observar o que, de fato, funcionou e promete continuar com êxito no futuro próximo. É essa a nossa proposta com este texto para você. Dedique sua atenção aos exemplos abaixo e identifique as práticas, tendências, iniciativas e inovações que podem ser aproveitadas na sua atividade.

O modelo de assinatura

Segundo relatório da Interbrand sobre marcas globais, 29% do valor das que estão entre as 100 primeiras colocadas está no modelo de assinatura. A primeira e mais lembrada característica desses negócios parte de uma visão para dentro da empresa: a de que o pagamento recorrente traz vantagens para a gestão financeira da organização.

No entanto, o que nem todos observam é a capacidade dessas empresas de entender a realidade do cliente. No lugar de um contato pontual, empresas como a Netflix operam com intensa, precisa, detalhada e contínua análise da experiência do cliente.

Especialmente as que operam no ambiente digital fazem uso de sistemas de coleta e análise de dados reveladores. Aliadas ao uso de ferramentas como os testes A/B, esse monitoramento trabalha com alto nível de detalhamento sobre o que agrada o cliente e, desse modo, conseguem um desempenho acima da média.

A prática da personalização

Ainda segundo a Interbrand, o setor de luxo foi à categoria de melhor desempenho em 2018. Conforme outro estudo, esse crescimento deve permanecer entre 6% e 8% no futuro próximo. Esse é um segmento que não sente crises como os mais populares, uma vez que os consumidores com esse perfil de consumo são menos atingidos por eventuais oscilações no mercado.

Porém, independentemente de a sua empresa atuar no segmento de luxo, há uma característica que diferencia esse modelo que pode ser aproveitada por qualquer empresa — inclusive e especialmente as de menor porte.

As marcas de luxo conseguem praticar preços premium porque entregam um valor na mesma altura. Elas superam as expectativas do cliente a cada instante de contato.

Além disso, a experiência de compra é altamente personalizada. Cada “cliente é um cliente” nesse setor e, mesmo que um negócio não disponha de uma tecnologia e um modelo de operação que permita escalar essa personalização, ela é sempre viável no topo da curva ABC de cliente, ou seja: onde estão os clientes especiais.

A busca pela sustentabilidade financeira

Grande parte das empresas mais inovadoras da atualidade é movida por um sonho. Obviamente isso é positivo. Contudo, o foco exagerado na busca de investimentos para escalar o negócio, comum em startups, pode colocar tudo a perder quando a companhia se vê diante da realidade.

Scott Price, CEO da Property Shares, aconselha a “[…] não ficar muito obcecado em obter a perfeição logo de início — nas famosas palavras de Reid Hoffman, ‘se você não está envergonhado pela primeira versão do seu produto, você lançou tarde demais’ — sua prioridade de longo prazo deve ser a de obter o produto certo.”

Desse ponto de vista, as empresas que obtiveram melhores resultados se focaram em viver a realidade de mercado e deixar para os clientes a avaliação de seus produtos ou serviços, no lugar de passar um longo período de portas fechadas elaborando uma solução perfeita.

Além disso, é fundamental focar na viabilidade do negócio e não apenas no crescimento. Uma empresa com 5% de prejuízo precisa de 50 mil se tiver 1 milhão de faturamento, mas de 500 mil se a receita também multiplicar 10 vezes.

Com uma boa perspectiva de futuro e uma solução inovadora, várias empresas podem conseguir recursos de investidores para cobrir os gastos, mas não para sempre. Isso significa que, uma hora ou outra, toda empresa precisará ter contato com a realidade. Por isso, é melhor começar cedo com o foco certo.

A visão de oportunidade

Um período de transformação ampla que vivemos pode ser assustador, principalmente pela dificuldade de prever o futuro com precisão e detalhamento. Contudo, é justamente nesses momentos que surgem as melhores oportunidades.

Sempre existe um novo recurso tecnológico, um produto, serviço, processo, ou modelo de negócios que você pode aproveitar para fazer da sua solução mais eficaz e atrativa para o seu público.

Na atualidade, as empresas e profissionais que entregam melhores resultados fazem uma boa leitura do ambiente tecnológico. Em outras palavras, estão “antenadas” no que está acontecendo e, no lugar de serem pegas de surpresa, assumem o papel de agente das mudanças.

O foco nas pessoas

Segundo disse para a Forbes Max Faingezicht, da Thrive Hive, “empreendedorismo é sobre pessoas, sejam clientes, funcionários ou investidores. Mantê-las na frente e no centro estabelecerá uma base sólida para o seu negócio.

Invista tempo para simplificar seus negócios, sua proposta de valor e sua visão. Nada é mais poderoso que a simplicidade ao lançar um negócio. Essa clareza ajudará você a atrair as melhores pessoas para ajudá-lo a alcançar o sucesso.”

O potencial de realização em um ambiente como o de 2018 e para os anos futuros, depende essencialmente de talentos. Não é possível pensar em novos modelos de negócio, novas soluções que entreguem valor superior para o consumidor e que, ao mesmo tempo, garantam a sustentabilidade econômica do empreendimento, sem um time competente.

Esse fator sempre foi relevante, mas será cada vez mais significativo conforme a adoção da tecnologia se torne comum entre as empresas. A forma de aplicá-la, com base em, por exemplo, um modelo voltado para o cliente, foco nas necessidades dele, capacidade de humanizar o atendimento, etc. é que fará diferença — isso depende diretamente das pessoas.

Material complementar: Customer-Centric: estratégias com o consumidor no centro do negócio

O empreendedorismo em 2018 revelou ainda um aspecto notado já há algum tempo, mas com grande tendência de se potencializar: a importância da autenticidade das marcas.

A geração Z já está saindo às compras e espera poder se relacionar com empresas com as quais se identifica. O propósito do negócio moldará as organizações do futuro e ele não pode ficar apenas no discurso, pois o consumidor está preparado para identificar esse tipo de artifício.

Contudo, há muito mais o que projetar para os negócios de amanhã! Confira a nossa análise sobre como serão às empresas do futuro.

mercadoMercado
Cultura DevOps: por que e como adotá-la?
Tecnologia DevSecOps: adicionando segurança ao DevOps