Mesmo não usando precisamente o termo, você com certeza já faz uma ideia sobre o que é economia compartilhada e qual sua importância na transformação digital.

Hoje, a melhora da logística de distribuição e a diminuição de desperdícios são objetivos prioritários para a qualidade de vida no futuro. A economia compartilhada é um dos modelos que podemos usar para alcançá-los e, por isso, merece toda a nossa atenção e representa uma grande oportunidade empreendedora.

Afinal, a demanda existe.

Para que isso fique bem claro é preciso ler as próximas linhas, que explicam objetivamente o conceito.

O que é economia compartilhada

O foco da economia compartilhada é a partilha de ativos subutilizados. Em alguns casos, há cobrança pelo uso, mas não necessariamente. O conceito é complementado com a oferta de benefícios de eficiência ao criar formas mais sustentáveis de consumo por meio do uso comum.

Na prática, estamos falando do antigo hábito de dividir entre amigos e familiares bens que não são utilizados o tempo todo, possibilitado por recursos tecnológicos atuais. Normalmente, isso ocorre com a criação de plataformas digitais que impulsionam o modelo.

Para fugir de exemplos comuns como o Uber e o Airbnb, podemos citar a Tem açúcar?, que é uma startup brasileira que visa estimular o compartilhamento entre vizinhos de itens como furadeira, escada, ferramentas ou até uma xícara de açúcar.

Economia colaborativa X economia compartilhada

Antes de continuar, vale a pena fazermos uma comparação pois é comum ocorrer alguma confusão entre os conceitos de economia colaborativa e compartilhada. Para evitar isso, o mais fácil é lembrar do significado dos termos. São eles:

  • compartilhar: dividir algo entre pessoas;
  • colaborar: executar um trabalho pela união entre pessoas.

Assim, um escritório de coworking é um exemplo de partilha. Afinal, ocorre o compartilhamento de um espaço de trabalho entre vários profissionais. Mas se, por exemplo, um deles que trabalha com design e se une a outro da área de programação para atender um cliente, estão operando um modelo de economia colaborativa.

Como funciona o compartilhamento

Os modelos de compartilhamento são apenas ferramentas disponibilizadas para o público. Por mais importantes que sejam seus formatos, a iniciativa de partilhar algo depende da cultura e adesão das pessoas. Por isso, o funcionamento sempre dependerá de como elas reagem.

Fato é que sempre dividimos bens. Quantos grupos de amigos que vivem no litoral não se juntaram para comprar um barco? Alugar uma casa no verão? Ou, ainda, quantos não precisaram de algo emprestado de um vizinho?

Como adiantamos, a diferença é que, com os meios tecnológicos de que dispomos hoje, é possível aumentar a escala dessas partilhas e assegurar que as iniciativas funcionem melhor. As plataformas de compartilhamento fornecem garantias que dependeriam da confiança em caso de empréstimos informais.

Sem elas, quem emprestaria um bem para um desconhecido? E, ao limitar o compartilhamento às pessoas de nossa confiança, que é o caso dos empréstimos entre familiares, também diminuem as oportunidades de dividir bens, já que o número de pessoas que participam da iniciativa é reduzido.

Vantagens e desvantagens

Por isso, a vantagem mais marcante do modelo é o fato de que ele permite o compartilhamento em uma proporção que não ocorreria naturalmente. Em consequência, há geração de valor econômico em duas frentes:

  • alternativa de renda para quem compartilha o bem;
  • economia para todos os envolvidos na transação.

Além disso, o sistema facilita o acesso a bens que não estariam à disposição de todos e, como vimos, proporciona maior sustentabilidade ao diminuir a necessidade de recursos diversos que, quando utilizados individualmente, geram poluição e danos ambientais.

A valorização dos relacionamentos é outra vantagem evidente. Afinal, os participantes da economia compartilhada interagem entre si.

Entretanto, nem tudo é positivo. O principal entrave do sistema é a insegurança jurídica.

Os problemas sofridos pela Uber em razão da regulação governamental e oposição dos taxistas, por exemplo, ameaçaram o negócio em várias oportunidades. Por mais que possamos questionar a responsabilidade da agressiva política da empresa nesses episódios, ela, no máximo, agravou um problema que já existia.

Além disso, toda iniciativa disruptiva se opõe a um sistema que já está funcionando. Considerando que algumas pessoas e empresas trabalham no modelo tradicional, elas sofrem consequências que têm impacto econômico e social.

Case Flapper

Flapper é um case interessante para registrarmos porque foge um pouco do habitual. Ela é conhecida como “a Uber da aviação” e oferece a opção de contratação de dezenas de empresas de táxi aéreo. Porém, é comum que as aeronaves voltem vazias de seu destino.

Nesses casos, a empresa oferece acentos em jatos executivos por um preço bastante acessível. O horário de partida é determinado de acordo com a preferência dos primeiros contratantes e todos os passageiros vivem uma experiência de luxo, com sala vip e um alto conforto na viagem.

Visão do mercado e dos consumidores

Um levantamento feito pela SPC Brasil e CNDL dá uma boa ideia sobre como as pessoas percebem a economia compartilhada. 68% dos entrevistados pretendem optar por esse tipo de consumo nos próximos anos e 79% deles acreditam que a iniciativa contribui para uma vida mais fácil.

Quanto às preferências, os resultados foram:

  • o aluguel de imóveis foi apontado como o serviço preferido em 40% dos casos;
  • caronas aparecem logo depois, perfazendo 39%;
  • aluguel de roupas em terceiro, ou seja, 31%;
  • a diminuição do excesso de consumo é considerada um benefício importante para 45% dos entrevistados;
  • assim como a cooperação entre pessoas, com 38%;
  • a preservação do meio ambiente: 31%;
  • a construção de novos relacionamentos: 30%; e
  • a melhora da qualidade de vida: 29%.

Como poderíamos supor, 47% dos consumidores valorizam a economia de dinheiro em primeiro lugar. Já 28% dos entrevistados esperam ganhar com a economia compartilhada.

Um novo modelo de negócio

Modelos de negócio se baseiam na criação e entrega de valor para um público especifico. No caso da economia compartilhada, parte do que é entregue já está definido antes mesmo da elaboração do formato de cada negócio.

Por isso, ela sempre representa a criação de um novo modelo de negócios. Afinal, a iniciativa é relacionada ao modo como um produto é entregue, independente do que seja.

Sem a definição clara dos valores de sustentabilidade, do conforto de uso, da natureza do relacionamento entre as partes (incluindo garantias), dos canais e da forma de monetização é impossível determinar um modelo eficiente e atrativo. Lembrando que tudo isso deve ser voltado para atender interesses de quem compartilha e de quem usa.

Refletir sobre o que é economia compartilhada também passa por perceber sua importância no contexto atual da sociedade, pois a sustentabilidade é importante para a qualidade de vida das próximas gerações e para a economia. Quanto mais os consumidores perceberem esses benefícios, mais as empresas se sentirão forçadas a criar modelos de negócio compatíveis com a prática.

Aliás, entender como a economia está sendo afetada é fundamental nesse momento de mudanças tão profundas. Acesse nossa postagem sobre os impactos da Transformação Digital na economia.

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