Os silos organizacionais, enquanto se formam em virtude de barreiras que impedem a colaboração entre departamentos, são um empecilho significativo para a Transformação Digital.
Isso ocorre porque, essencialmente, a inovação é uma iniciativa integrada. Além disso, não é possível se adaptar à nova realidade sem desenvolver tanto habilidades necessárias à sua execução quanto a colaboração, que está entre os comportamentos mais desejados em uma organização moderna.
Do contrário, as novas tecnologias não passam de ferramentas incrementais de efeito limitado. É como comprar uma Ferrari e circular com velocidade reduzida em uma estrada cheia de buracos.
Então, confira como quebrar silos e obter resultados. Entre eles, um bom posicionamento e alta competitividade.
A importância da quebra de silos organizacionais
Muitos colaboradores são acostumados a trabalhar com uma visão limitada das suas próprias atribuições. Em parte, isso se deve à forma como são treinados para executar tarefas específicas. De um lado, essa abordagem facilita que aprendam os procedimentos e processos definidos pela gerência, mas limita até mesmo a informação sobre as implicações sistêmicas do que fazem.
Assim, um vendedor está focado em vender, enquanto o financeiro em proteger e controlar os recursos da empresa. Se abordados individualmente, esses objetivos são opostos, pois quanto mais flexíveis as regras, mais fácil para o vendedor e mais difícil para o financeiro.
No contexto atual de transformação, os líderes devem romper os silos funcionais, pois não é possível direcionar os esforços digitais estrategicamente de outro modo. Os CEOs precisam ajudar seus líderes seniores a deixarem de lado o que funcionou bem no passado para moldar um novo futuro. Um que permita a transformação prosperar.
A transformação digital parte do estabelecimento de uma nova mentalidade: equipes em vez de hierarquias; redes em vez de silos; ritmo acima da perfeição; e muito aprendizado sobre os clientes.
Muitos gerentes bem-intencionados e diretores de departamentos lideram seus esforços digitais de maneira pouco estratégica e de forma isolada. Alguns são bloqueados por tecnologias individuais, enquanto outros são impulsionados por tendências de tecnologia, em oposição às necessidades de negócios. Muitos estão simplesmente implantando soluções digitais individuais, sem que elas resultem em inovação real e integração genuína e holística.
Iniciativas que não aplicarem a inovação na escala e na amplitude do empreendimento como um todo não serão capazes de promover a Transformação Digital. Serão como domadores de cavalos tentando domar uma Ferrari a mais de 200 quilômetros por hora (parece que vamos manter a analogia com as Ferraris).
A limitação fundamental dos silos é que eles impedem o entendimento sobre a experiência do cliente com a amplitude que ela tem de fato. Além disso, ela não pode ser formada pela soma de várias experiências diferentes obtidas em cada departamento ou unidade de negócio. A gestão estratégica sempre teve de ser holística e a Transformação Digital não faz concessões em relação a essa característica.
Como quebrar silos organizacionais
Para quebrar os silos organizacionais comece com a identificação dos comportamentos e impactos de cada silo, nos níveis sistêmico e interpessoal. É necessário agir de forma específica e entender profundamente quais são os impedimentos estruturais, quais comportamentos criam silos e os efeitos que esses dois fatores geram para o cliente e para a operação interna.
Como ocorre nas ações de marketing, também é preciso alinhar os objetivos dos departamentos. Por isso, identifique de forma coletiva e transparente os objetivos individuais de cada unidade de negócios e com base na experiência que deseja entregar para o cliente.
Esse processo deve ser transparente, e os desafios internos devem ser comunicados com honestidade. Não só para estabelecer um bom nível de comunicação, mas também para construir confiança na equipe.
Um passo importante é medir e comunicar o custo de oportunidade de trabalhar em silos em comparação com o ganho e o custo de incentivos financeiros e práticos, para atuar em um espírito colaborativo.
É preciso demonstrar o que acontece com a receita quando os departamentos adotam uma abordagem colaborativa e centrada no cliente. Isso pode significar, por exemplo, que uma unidade de negócios deve “abrir mão” de um cliente para o bem maior, porque esse cliente seria mais bem atendido por outra parte da organização.
A ação colaborativa entre departamentos implica na construção de uma estratégia comum com o objetivo de facilitar para o cliente e para a organização como um todo, mas isso pode significar um sacrifício de um ou outro departamento.
Esse pode ser um processo extremamente difícil de administrar, especialmente quando os funcionários que lidam com clientes são incentivados a realizar esforços individuais em vez de colaborativos.
Os clientes apreciam uma abordagem coletiva quando ela permite um foco mais estratégico e alinhado às suas necessidades. No final, a falta de entrega desse valor é que consiste no verdadeiro custo de operar em silos.
O papel dos líderes neste processo
Alguns dos maiores obstáculos para a quebra de silos estão nas lideranças. Entre eles, a centralização é um dos fatores mais impactantes. Com o objetivo de garantir o controle, alguns líderes dificultam o fluxo de informações e limitam a autonomia de decisão de suas equipes, pois foi assim que aprenderam a fazer.
No lugar de treinar para implantar estratégias, os colaboradores são instruídos para executar procedimentos. Muitas vezes, eles nem ao menos sabem o motivo de operar de uma determinada maneira, apenas obedecem. É uma relação hierarquizada e centralizada que impede a atitude colaborativa.
Essa mudança na cultura organizacional e dos líderes não ocorre da noite para o dia e dificilmente vai obter sucesso se operada de forma radical. Mas, mesmo que seja gradual, essa transformação não pode ser lenta, pois o mercado não está disposto a aguardar e o cliente é ansioso por melhorias na sua experiência.
Além de tudo isso, a descentralização e a estrutura de rede demandam pela criação dos incentivos certos. As pessoas não agem com autonomia e, ao mesmo tempo, no sentido estratégico certo se não são direcionadas para ele.
O espírito colaborativo envolve motivação e sinergia baseada em propósito. Ou seja, além de determinar a direção certa, a cultura organizacional precisa estimular e motivar a equipe com base nos desejos individuais de realização profissional. Pois a colaboração é sempre uma atitude voluntária. As pessoas precisam ver razão e sentido nela.
Concluindo
Como você pôde notar, os silos organizacionais são um grande entrave para a modernização das empresas. Ao final, esperamos que tenham ficado claros os pontos fundamentais que podem criar o ambiente ideal: motivação, estímulo, propósito, melhora da experiência e alto foco em estratégias combinadas.
Para continuar aprendendo, entenda o panorama atual do trabalho colaborativo na Transformação Digital!