Entender o cenário digital brasileiro é imprescindível para quem deseja investir com segurança e ter insights mais precisos sobre o futuro. Isso, além de aumentar a eficiência na gestão dos negócios que têm estratégias voltadas para esse meio, ainda desenvolve a capacidade autoavaliativa da corporação.
Separamos aqui números e informações sobre o cenário digital do Brasil em 2018 para que você possa retirar insights para investimentos, revisões, ideias e ações. Essencialmente, ela pode ajudar a avaliar por onde pode começar e quais as oportunidades que podem ser aproveitadas para promover a Transformação Digital. Confira!
Um pouco além dos números
Vamos começar com uma análise do comportamento de crescimento do mercado com uma interpretação que pode nos ajudar a evitar pequenos enganos. Isso porque os números precisam ser observados no contexto econômico.
Um crescimento de 200% pode parecer ótimo. Porém, quando aplicado a uma empresa que acabou de entrar no mercado, tinha um pequeno cliente e conquistou mais dois, é um indicativo de potencial de crescimento, mas não um resultado que indica sucesso consolidado.
Um bom período para observar o crescimento do mercado digital dessa ótica é o do biênio 2016/2017. Segundo relatório Webshoppers 36 da Ebit relativo ao primeiro trimestre de 2017, o mercado digital apresentava um crescimento tímido e abaixo do esperado (7,5%), o que levou a uma alteração da previsão de crescimento daquele ano com uma diminuição em 5 pontos percentuais.
Contudo, também era possível perceber um crescimento de 10% no número de compradores — acima do de 7,5% no volume de vendas. Essa perspectiva indica que, apesar de uma redução naquele ano, a tendência de crescimento de compras efetuadas por meio eletrônico se mantinha.
Considerando que estávamos no auge da crise econômica nesse período, é fácil deduzir que, em um momento de reação da economia, essa repressão de demanda termine e os resultados apareçam de forma significativa.
Essa análise é um indicativo importante de que os investimentos de longo prazo no mercado digital se mantiveram com uma perspectiva positiva, independentemente de, momentaneamente, o cenário econômico não ser muito animador.
É importante mencionar isso porque a Transformação Digital mudou a dinâmica dos negócios, isso nos força a observar mudanças que ocorrem o tempo todo e com uma velocidade impressionante. Contudo, em termos de investimento precisamos observar o cenário no longo prazo.
O horizonte do cenário digital
No mesmo período do relatório da Ebit, Luciana Burger, diretora da comScore Brasil, apresentou em um webinar com detalhes que vão nos ajudar a ampliar os horizontes de nossa análise. Uma demonstração interessante é a forma como os tipos de conteúdo são distribuídos entre os dispositivos.
Materiais de entretenimento são consultados em todos eles, assim como as mídias sociais e os portais, mas as notícias são mais acessadas por meio de smartphones e tablets, bem como a busca e navegação ainda ocorre essencialmente nos desktops — que mantém 4% de crescimento em âmbito mundial e 11% na América latina.
Porém, o tempo de acesso nos dispositivos móveis teve um crescimento espantoso. No Brasil, ele representou 232%, quase o dobro do observado no Reino Unido e no Canadá, por exemplo. Uma diferença equivalente é notada no número de usuários que utilizam exclusivamente o móbile para navegar — mais de 29% no Brasil.
Contudo, é fundamental notar que essas preferências variam de acordo com a idade do usuário. Por isso, ela pode ter relevância diferente de acordo com o público de cada negócio. Se, entre 25 e 34 anos, há preferência pelo mobile, ela é oposta entre usuários de mais de 55 anos.
Outra informação curiosa é que existe uma relação diretamente proporcional entre a idade e a preferência e tempo dedicado a conteúdos em vídeo. Quanto menor a idade, mais vídeos são acessados e mais curtos eles são.
A audiência multiplataforma nas redes sociais também ganha destaque entre os brasileiros. Ela é maior por aqui do que na soma da Argentina, México, Chile e Colômbia. Entretanto, a audiência do Facebook é absurdamente maior do que em todas as outras redes.
O Instagram, por sua vez, aparece em segundo lugar, bem atrás do Facebook, mas com uma ligeira liderança em relação o Google +, ao Twitter e ao LinkedIn — para citar as mais importantes.
A distribuição por faixa etária também é marcante nas redes. O Facebook tem presença de todos os públicos, mas Instagram, Twitter, Tumblr e Snapchat atraem os mais jovens. Ainda conforme a comScore, podemos destacar alguns insights para você. Eles permitem conclusões pontuais:
- predomina o consumo multiplataforma;
- o número de usuários que utilizam apenas dispositivos móbile está em crescimento: já é superior a 30% em quase 50% dos mercados avaliados;
- com claras preferências de conteúdo de entretenimento e em vídeo.
O futuro do cenário digital
Com base nos números acima já podemos ter uma boa ideia do cenário que se desenha no Brasil. Contudo, existem algumas particularidades mais subjetivas que precisam ser consideradas, pois já são fatos de notória influência. Veja logo abaixo.
Fake news
Recentemente, o Facebook eliminou páginas que considerou propagadoras de fake news com o argumento de que elas não cumpriam as diretrizes de segurança. Independentemente do aspecto político do caso, esse tipo de medida gera impacto para todas as entidades e pessoas envolvidas, inclusive a rede social.
O Facebook terá de explicar a medida, do mesmo modo que qualquer um que seja considerado responsável por propagar notícias falsas. Contudo, o que nos interessa é entender como essa questão afeta as empresas. Acompanhar esse tipo de ocorrência é importante como forma de observar o comportamento das pessoas nas redes sociais.
Todo esse debate sobre notícias falsas e ações fraudulentas aumenta a importância de construção de uma marca que inspire confiança. As pessoas estão engajadas na política e, com a eleição para ocorrer ainda em 2018, essa pauta tende a ser cada vez mais quente e constante.
Nesse contexto, as marcas precisam encontrar espaço e garantir o não envolvimento com qualquer ocorrência mal vista pelo público. Desse ponto de vista, se, por exemplo, sua empresa apoia um influenciador ou uma causa, é fundamental se certificar de que você não será surpreendido por algum comportamento condenável de terceiros.
Automação
A automação é uma tendência presente já faz algum tempo. A diferença é que ela passou a permitir ações mais humanizadas recentemente. Incorporar essa característica será fundamental para diferenciar seu negócio no futuro próximo, especialmente no atendimento.
Algoritmos, aplicativos e chatbots que permitam um autoatendimento mais humano do que o aplicado inicialmente são essenciais para garantir o posicionamento de marketing das empresas e, ao mesmo tempo, um foco mais estratégico do que operacional.
Realidade virtual e aumentada
Ray Wang, fundador e CEO da consultoria Constellation Research, em entrevista para a Revista Época, afirma que, nos EUA, 43% das pessoas já tiveram contato com a realidade virtual e 47% com a aumentada. Ele diz que “A demanda por esses tipos de conteúdo está crescendo rapidamente, e as empresas não estão conseguindo acompanhar”.
Considerando o que observamos em relação aos números de visualização de vídeos, utilização de dispositivos móveis e esse alerta do executivo da Constellation, o cenário digital do Brasil 2018 aponta ao menos para uma oportunidade para as empresas que puderem investir em recursos visuais dinâmicos.
Por fim, vale ressaltar que temos outros pontos para considerar sobre tendências. Acesse o artigo “As tendências da Transformação Digital em 2018” e confira!