Existe uma geração que nasceu e está crescendo em meio aos mais diversos tipos de dispositivos digitais. E isso não tem volta. Esse fenômeno é sinal da evolução da sociedade e tem influenciado não apenas o modo de aprendizagem dos pequenos, como também sua rotina social. Por isso, a sociedade não pode se eximir de tratar da temática sobre tecnologia para crianças.

Esse é um assunto sobre o qual muitos especialistas e pesquisadores têm se debruçado. Os adultos estão preparados para lidar com a tecnologia para crianças? Até que ponto permitir que os dispositivos digitais entrem na infância sem prejudicar o desenvolvimento dos pequenos?

Neste post, irei trazer algumas abordagens sobre a temática da tecnologia para crianças e sugerir como pode ser feito o equilíbrio de utilização saudável dos recursos tecnológicos na infância. Vamos lá?

Tecnologia em casa e na escola

Desde cedo, as escolas estão adotando recursos digitais para incrementar o ensino-aprendizagem no nível infantil — e essa interação com diferentes dispositivos também já tomou conta dos nossos lares. Como uma das premissas do desenvolvimento de aplicativos é o uso da intuição, eles são “muito fáceis” para as crianças, que aprendem a manuseá-los com tal rapidez e destreza que acabam desbancando muitos adultos.

Na escola, lousas interativas, recursos de robótica, tablets e conteúdos online se associam às metodologias de ensino e deixam o aprendizado mais lúdico e ativo. Para alguns psicólogos e pedagogos, os recursos digitais são valiosos e auxiliam no estímulo ao desenvolvimento de diversas habilidades infantis, podendo ser usados pelos pais como complemento aos recursos didáticos físicos.

A tendência é que a interação das crianças com as tecnologias emergentes cresça cada vez mais. Afinal, as residências estão ficando inteligentes e a lista de dispositivos conectados à internet das coisas (IoT) não para de aumentar. Isso quer dizer que os pequenos vão mesmo crescer em meio a esses aparelhos e os pais e educadores precisam criar oportunidades para um convívio saudável, estimulando o desenvolvimento e aprendizado da criança.

As crianças e as tecnologias emergentes

Segundo a consultoria Gartner, 8,4 bilhões de dispositivos IoT foram usados em todo o mundo em 2017 — um crescimento de 31% em relação ao ano anterior. Estima-se que esse consumo aumente para 20,4 bilhões de dispositivos até 2020.

Para prevenir abusos e garantir a segurança das crianças e das famílias em geral, algumas empresas, como a norte-americana Dynepic®, financiada pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, estão empenhadas em lançar plataformas para permitir a conexão segura de crianças ao mundo digital.

A ideia do seu projeto principal, o playPORTAL, é facilitar que as marcas se associem à sua plataforma para construir e lançar experiências sociais e comunitárias para as crianças, enquanto os pais gerenciam tudo e com facilidade.

Big Data e inteligência artificial ajudam as crianças

Na educação, o Big Data poderá trazer muitos benefícios para a aprendizagem. Como cada aluno é singular e, nessa sistemática, a geração de dados pode identificar as melhores formas de ensino, prever dificuldades individuais ou coletivas e ajudar a escola a fazer uma análise preditiva que sirva de suporte à definição de novas estratégias pedagógicas.

Por meio do Big Data, uma vastidão de métricas pode ser utilizada como parâmetro de melhoria do ensino. Apenas para citar algumas:

  • tipo de aula ou assunto que provoque maior interesse no aluno;
  • perfis predominantes na sala de aula e como cada aluno ele consegue reter melhor os conteúdos;
  • níveis de aptidão para áreas de humanas, exatas ou biológicas.

Ao combinar informações comportamentais, apuradas com base no Big Data, e outros dados externos, os educadores terão condições de compreender inúmeros contextos e cenários no ambiente escolar. Com isso, as crianças serão estimuladas adequadamente ou, caso necessitem, receberão um atendimento mais personalizado e assertivo.

As crianças no mundo da inteligência artificial

Embora ainda sejam tecnologias caras, especialmente no Brasil, a realidade virtual e a inteligência artificial poderão transformar o ambiente escolar numa verdadeira experiência. Imagine como será estudar o fundo do mar como se realmente estivesse dentro dele? Muito mais que colher e reproduzir informações, será possível experimentar as sensações provenientes delas.

Sistemas inteligentes de tutoria são bons exemplos da disseminação dessa tecnologia. Dois dos mais conhecidos são o Third Space Learning e Carnegie Learning, que ajudam o professor a criar uma forma mais efetiva de ensinar seus alunos de acordo com seus talentos e necessidades.

Já o NVIDIA Deep Learning é um sistema de aprendizado profundo, que sintetiza informações e permite criar uma sistemática customizada para a assimilação de conhecimento.

Exposição responsável das crianças às novas tecnologias

Em 2016, na esteira da discussão mundial sobre os impactos da tecnologia para crianças, a Associação Brasileira de Pediatria (SBP) lançou um manual inédito no país, intitulado “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”. O trabalho foi inspirado em estudos e recomendações internacionais, devidamente adaptados à realidade brasileira.

Na época, a presidente da SBP, a médica Luciana Rodrigues da Silva, ressaltou que existem benefícios e prejuízos advindos dessas tecnologias. “O desafio é saber usá-las na dose certa”, alerta. Segundo ela, é necessário estabelecer uma intensa parceria entre a família, a escola e os pediatras para que atuem de maneira coordenada, evitando um ambiente de risco para a criança.

Problemas do uso descontrolado de tecnologia

O texto da SBP aponta os inúmeros problemas do uso desenfreado de dispositivos digitais por crianças e adolescentes, que se refletem em todos os ambientes em que estão presentes, sobretudo em casa e na escola, oferecendo riscos para a saúde individual e coletiva. Entre os malefícios, foram citados:

  • baixo rendimento escolar;
  • crescimento da ansiedade;
  • cyberbullying;
  • dificuldade de interações em sociedade;
  • exposição precoce a drogas;
  • fraqueza física;
  • problemas de coluna;
  • sedentarismo;
  • sexualização precoce;
  • transtornos do sono.

Recomendações para recuperar o equilíbrio

Para reverter o cenário e tornar positivo o contato das crianças com as tecnologias, é preciso estabelecer regras e combinados que deem equilíbrio ao uso dos dispositivos digitais. Confira a seguir alguns cuidados apontados pela SBP.

Estabeleça um screen time (tempo de tela)

Na realidade, é estabelecer um limite de tempo para permanência em frente a tela proporcional a cada faixa etária. Lembre-se de que o uso excessivo pode prejudicar as “etapas do desenvolvimento cerebral-mental-cognitivo-psicossocial das crianças e adolescentes”.

Outro cuidado é investir em jogos ou aplicativos que promovam a interação com outras pessoas e estimulem o raciocínio lógico. Jamais permita que as crianças fiquem sentadas assistindo passivamente a programações.

Veja as dicas para manipulação adequada em cada faixa etária:

  • até 2 anos: preferível não haver exposição, sobretudo nas horas das refeições ou de dormir;
  • de 2 a 5 anos: 1 hora diária;
  • de 6 a 10 anos: não ter contato com jogos violentos e não permitir o uso de computadores ou notebook no quarto (para evitar exposição a conteúdo violento ou sexual);
  • adolescentes: estabeleça limite de horários e equilibre as horas de jogos virtuais com atividades esportivas e ao ar livre.

Priorize o diálogo e adote recursos de segurança

Desde a primeira a infância, dialogue com seu filho sobre a necessidade de se proteger na internet. Ressalte valores de bom convívio no meio social e a importância de não postar ou compartilhar mensagens ofensivas ou com discursos intolerantes. Destaque também que ele não deve, em hipótese alguma, compartilhar fotos ou vídeos pessoais sem conversar com você.

Com relação aos equipamentos, instale filtros de segurança e monitoramento para sites, categorias ou termos utilizados. Há filtros que até restringem tempo de permanência em jogos on-line e uso de aplicativos e redes sociais, de acordo com a faixa etária.

Siga recomendações gerais (mas muito úteis)

Confira abaixo algumas orientações importantes:

  • verifique a classificação indicativa de aplicativos, jogos, filmes e vídeos;
  • monitore salas de bate-papo e redes sociais;
  • intercepte e discuta com o seu pequeno o envio de mensagens ofensivas, obscenas ou ameaçadoras;
  • recomende às crianças que jamais cedam a qualquer chantagem ou pressão em ambiente on-line;
  • de exemplos para seu filho, assumindo regras de trabalho on-line e desconectando-se completamente na hora de interagir com eles.

A tecnologia para crianças é um tema amplo e, muitas vezes, polêmico, que precisa ser encarado com seriedade. A transformação digital está alterando completamente a sociedade, por isso, há apreensão por parte de pais e educadores quanto aos seus impactos sobre o desenvolvimento dos pequenos.

Entretanto, a tecnologia é cada dia mais vital para os relacionamentos pessoais, para o desenvolvimento de novas habilidades e, claro, para o mercado de trabalho. Pensando nisso, as crianças devem sim ter contato com ela desde cedo, porém de maneira equilibrada e saudável.

Aldo César

CEO na Rits Tecnologia Bacharel em Ciências da Computação pela UFRN e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Startup Builder. Founder da Rits Tecnologia, Mobister, SignUp e GO Delivery, com mais de 12 anos de experiência em projetos de TI.

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