Sou de um tempo distante, de um outro milênio. O Brasil que eu assistia na TV é o que hoje se convém chamar de “Brasil profundo”, em que Chacrinha lotava um cassino maluco e atirava bacalhau à plateia – e essa, em vez de sair correndo, se estapeava para pegar o peixe.

Nelson Ned era um anão-referência; Zé do Caixão, nosso lado sombra; Jece Valadão, nosso macho alfa tropical; e, Wilza Carla, uma musa divertida plus size que rompia com todos os padrões.

Aliás, o padrão da minha infância, nos anos 1980, era não ter padrão.

E havia Os Trapalhões. Os originais, mesmo: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Falar sobre a influência deles para a minha geração (e várias outras) demandaria mais uns oito artigos aqui para o TD.

Um ponto, porém, sempre permeou a trajetória do grupo formado nos anos 1960 e que estreou no Fantástico, em 1977: as referências circenses. Ninguém valorizou mais o circo, seus artistas e cultura do que Os Trapalhões.

Talvez por isso, meu choque de realidade tenha sido tão brutal ao assistir, a convite da SAP, na última sexta, em São Paulo, ao Cirque du Soleil, uma reinvenção completa do circo e um dos mais incríveis espetáculos da Terra.

O picadeiro sob a lona bicolor, com animais e personagens excêntricos, virou, definitivamente, uma doce lembrança.

Criado por dois artistas de rua de Baie-Saint-Paul, uma pequena cidade perto da cidade de Quebec, no Canadá, em 1984, o Cirque é um dos maiores cases de sucesso do século 20.

Máquina global de entretenimento, ele agrega 4.000 colaboradores e vende 12.000.000 de ingressos por ano, nos quatro cantos do mundo.

Seus 1.300 artistas vêm de 50 países e estão divididos em esportes (36%), artes do circo (33%) e artes do espetáculo (31%).

Transformação Digital

Para coordenar tantos esforços, o Cirque du Soleil mergulhou de cabeça na Transformação Digital.

Parceira desde 2001 da SAP, gigante alemã da tecnologia de presença global, a companhia circense conta com um complexo gerenciamento dos pontos de venda, marketing, business intelligence para o RH, finanças, compras e tudo o que se encaixe sob o mesmo guarda-chuva.

“A SAP reinventou a maneira como gerenciamos negócios complexos. Apesar de não poder estar no palco todos os dias com nossos artistas, ela desempenha um papel indispensável para colocá-los lá. Faz sentido tê-la em nossa estrutura e divisões até os últimos detalhes”, reconhece Charles Décarie, diretor de Operações da trupe canadense.

A tecnologia empregada igualmente ajuda alavancar os negócios do Cirque, a começar pela consolidação de informações de suas 27 contas bancárias, em 26 países, e a coordenação dos 16 mil fornecedores globais.

Os dados consolidados de todas as áreas do negócio, seja nos bastidores, seja no palco, contribuem para avaliar o desempenho, gerenciar recursos e prever futuras necessidades e oportunidades.

Recentemente, a tecnologia passou a integrar um fator fundamental no sucesso do Cirque: a plateia.

No ano passado, no show Toruk – The First Fligth, um aplicativo baseado na plataforma de processamento de dados em tempo real SAP HANA permitiu, pela primeira vez, que o público interagisse via celular com personagens, cenários e efeitos especiais.

Amaluna

Amaluna, show que está em São Paulo, história de amor entre o marinheiro Romeo e Miranda, filha da deusa Prospera, celebra pela primeira vez um elenco majoritariamente feminino (65%).

A música ao vivo, poderosa, serve como estímulo para 46 trapezistas, equilibristas, clowns, ginastas e atores que saltam, sobem e descem de postes e cordas, mergulham n’água, se penduram e representam em um palco giratório, impecavelmente iluminado e em sincronia perfeita.

No total, são 110 profissionais trabalhando, de 18 países.

Os trajes, carnavalescos na medida, reluzem como diamantes e projetam personagens superbem maquiados que, mesmo sem dizer uma palavra, divertem, emocionam, amedrontam, encantam e nos fazem refletir.

“É preciso haver uma sólida base de gestão e operação se quisermos que a criatividade tenha qualquer chance de crescer e florescer”, justifica Décarie.

Graças à tecnologia, a visão de futuro do Cirque du Soleil inclina-se para um reino brilhante, colorido, inovador e de possibilidades infinitas. A companhia garante “que será assim por muitas décadas”.

Como duvidar?

Marc Tawil

#1 LinkedIn Top Voices / Head na Tawil Comunicação Jornalista, radialista e escritor. É head da Tawil Comunicação, agência que fundou em 2010, em São Paulo. É comentarista da Rádio Globo (94,1 FM), SAP Marketing Influencer e diretor de Comunicação do Instituto Capitalismo Consciente Brasil. Atua como coordenador na Câmara de Comércio França-Brasil e participa ativamente de instituições, como conselheiro e embaixador, ligadas às causas do Refúgio, Educação, Igualdade Racial e Comunicação.

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