Os departamentos jurídicos das empresas têm espaço para inovação? Essa pergunta pode passar pela cabeça de muitos profissionais da área.
Não é incomum encontrar alguns deles distantes da Transformação Digital que impacta — sim! — todos os setores do mercado.
Mas existem iniciativas na vanguarda, que levam departamentos jurídicos ao chamado Direito 4.0.
Segundo a estrutura e tecnologia se juntam para criar um ambiente de alta produtividade.
É sobre essa Transformação Digital nos departamentos jurídicos das empresas que vamos falar a seguir.
Como a Transformação Digital impacta os departamentos jurídicos?
A Transformação Digital não é apenas automatizar os processos e adotar sistemas de computador para organizar ou integrar áreas. Isso é apenas digitalizar os negócios.
Quando um mercado passa por uma Transformação Digital, ele emprega tecnologia para transformar o modo como aquele setor se comporta.
Uber transformou o setor de transporte de passageiros, porque, além de usar a tecnologia para facilitar as relações, ele também mudou a forma de pensar e utilizar esse serviço.
No setor imobiliário, o Airbnb fez a mesma coisa.
Ele não trouxe apenas a possibilidade de alugar um imóvel pela internet. A forma como locador e locatário se relacionam, são avaliados e até recebidos mudou completamente.
E quando falamos do impacto da Transformação Digital nos departamentos jurídicos das empresas, estamos falando justamente disso.
Transformar a forma como essas áreas atuam, usando tecnologia para fazer parte da estratégia dos negócios.
Para isso, mudanças além do software são necessárias.
O mindset dos profissionais da área precisa ser ajustado para que compreendam a existência de aspectos atuais que precisam fazer parte do seu dia a dia e da sua forma de fazer o Direito.
Confira a seguir alguns deles.
Mobilidade
Dispositivos móveis, como tablets e smartphones, transformam qualquer lugar em ambiente de trabalho. Informações à mão dão mais agilidade aos processos do departamento jurídico e aos profissionais também.
Automação
Peças jurídicas podem ser pré-formatadas, pesquisas à legislação respondidas em segundos, assim como as consultas a processos em tramitação, o que impacta diretamente a produtividade do departamento.
IA e Analytics
A inteligência artificial (IA) na área jurídica torna a análise de dados algo essencial para predição de ações e estratégias junto aos processos. Além disso, permite que, junto à jurimetria, resultados sejam mapeados e mensurados para tornar o departamento jurídico mais eficiente.
Integração e colaboração
A justiça brasileira vem integrando seus sistemas de dados e inteligência.
O mesmo deve acontecer com os departamentos jurídicos que precisam atuar de forma integrada e colaborativa junto aos demais setores da empresa.
E talvez o impacto mais relevante esteja ligado a uma maior participação na estratégia do negócio.
Com a automação das tarefas rotineiras e a capacidade de análise ampliada por tecnologias como IA, cabe aos profissionais dos departamentos jurídicos entenderem que seu envolvimento com a empresa é essencial.
É preciso enxergar que a época de ficar em suas salas peticionando ou formulando contratos passou.
Agora, é necessário desenvolver a capacidade de interagir com as áreas de negócio de forma a agregar soluções estratégicas que ajudem a aumentar os resultados da empresa.
Como os departamentos jurídicos podem se preparar?
Um dos aspectos para que um departamento jurídico acompanhe a Transformação Digital é contar com tecnologia para otimizar sua rotina.
Tecnologias em nuvem, inteligência artificial, sistemas com segurança de dados e ferramentas de colaboração são alguns exemplos.
Porém, como falamos inicialmente, a Transformação Digital só acontece se formos além da tecnologia. Nesse contexto, vale destacar dois pontos: o desenvolvimento de novas competências e a humanização do Direito.
O desenvolvimento de novas competências
Já em 2015, a consultoria Robert Half, líder mundial em recrutamento, afirmava que os departamentos jurídicos das empresas vinham ganhando um status estratégico e consultivo. E, por isso, os profissionais do setor precisavam desenvolver habilidades de comunicação e gestão de pessoas.
Na sua edição do Guia Salarial de 2019, a consultoria segue afirmando que habilidades comportamentais chamam a atenção dos recrutadores.
Boa comunicação, perfil multitarefas e senso de dono são bem-vistas na busca de times alinhados e focados no crescimento do negócio e na entrega de resultados.
O profissional de Direito é um estudioso nato, e essas informações reforçam a necessidade de desenvolvimento de competências além das técnicas.
Entre elas, podemos destacar:
- empreendedorismo;
- visão de negócios;
- flexibilidade e dinamismo;
- antecipação às necessidades do cliente;
- colaboração;
- criação de novas soluções, produtos e serviços.
A humanização do Direito
Com inspiração nos conceitos de Design Thinking, surge a prática de Legal Design, uma abordagem que visa repensar a forma de oferecer produtos e serviços na área jurídica.
Cultura, experiências pessoais e processos da vida das pessoas são utilizados para ter uma visão mais completa do contexto.
Também são usados para que a solução seja obtida com foco nas pessoas, que devem ser o centro do desenvolvimento de um projeto.
Por exemplo, com a Transformação Digital que já acontece em outros setores, será que seu cliente interno gostaria de acompanhar o andamento de um processo pelo celular, de forma interativa?
A humanização no Direito passa por olhar menos para peças processuais e mais para o cliente final, que recebe seus serviços.
É preciso entender quais suas necessidades e anseios e como o departamento jurídico pode atuar com proximidade e engajamento para obter melhores resultados.
Como os profissionais do departamento jurídico devem se preparar?
Estar mais próximo das áreas de negócio certamente é um bom primeiro passo para mudar seu mindset.
Mas além disso, cada profissional da área pode (e deve!) repensar seu modo de atuar e estar atento a oportunidades como:
- posicionar-se como parceiro das áreas de negócio;
- acompanhar o que acontece na empresa e no seu mercado de atuação;
- trabalhar no planejamento estratégico da empresa e do departamento jurídico para propor inovação;
- compartilhar conhecimento com as demais áreas de negócio;
- ter um olhar de empatia com seus clientes internos.
Dá para perceber que a resposta para a pergunta com a qual iniciamos o texto é sim, os setores jurídicos das empresas têm espaço para inovação.
Muitos profissionais da área precisam se preparar para a Transformação Digital.
Que tal ajudar seus colegas e entender mais sobre os impactos da Transformação Digital nos departamentos jurídicos das empresas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais e ajude a construir o Direito 4.0.