Quando achamos que nada mais poderia nos surpreender vindo do Google, eles nos mostram o contrário. Sundar Pichai, CEO do Google, apresentou na conferência da empresa algumas novas “funcionalidades” de seu assistente pessoal.

Agora ele também pode fazer ligações, e como demonstrado, marcar um corte de cabelo ou tentar reservar uma mesa em um restaurante. Tudo isso sem que a pessoa do outro lado do telefone consiga identificar que está falando com uma máquina.

Logo, surgiram alguns comentários do quão ético seria isso, e o Google teve que prometer que, a partir de agora agora, a assistente irá avisar que se trata de uma máquina ao telefone antes do início de qualquer conversa.

Máquinas no mundo dos homens

Ainda teremos muitos capítulos polêmicos sobre esse assunto. A guerra entre a máquina e o humano começou nos cinemas com filmes como Terminator e Eu, Robô, que mostra a revolução das máquinas através da inteligência artificial se desenvolvendo de uma forma sem precedentes.

Posteriormente, surgiu uma animação para tentar quebrar esse estigma: Operação Big Hero, vivido em um mix de São Francisco e Tóquio, traz a visão dos Japoneses com relação a aplicação da robótica, onde Baymax, inicialmente um Assistente pessoal de saúde, se torna um Super Herói que salva a cidade junto com seu parceiro humano, Hero.

Voltando para o mundo real, existe uma grande discussão sobre os modelos de negócio e preocupação com a geração de empregos em um futuro cada vez mais automatizado, onde a aplicação da inteligência artificial poderá substituir várias posições de trabalho. Pessoas como Bill Gates e Elon Musk são alguns dos envolvidos nesse tema, onde chega a se cogitar uma renda básica universal como uma saída para uma possível crise.

Mas será que realmente, teremos esse cenário?

A Inteligência Artificial no futuro do mercado de trabalho

O que nos espera, um futuro como Terminator, ou um como Operação Big Hero? Cada vez mais vemos profissões sendo totalmente substituídas por automação. Porém, vários especialistas citam esse fenômeno como uma parte dessa revolução, mas não o todo, e não preveem um cenário apocalíptico como em filmes.

A inteligência artificial é vista como um mecanismo para potencializar a performance humana, ou seja, homem e máquina trabalharão em conjunto, cada um com sua especialidade. A base para os algoritmos “aprenderem” é o esforço repetitivo de analisar cenários e informações.

O potencial e a velocidade de aprendizado são enormes. Em um primeiro momento a automação substituiu os processos manuais e rotineiros. O próximo passo, além de somente fazer o esforço repetitivo, é aprender a fazer da melhor forma essa tarefa. E é nesse momento que homem e máquina se complementam, revolucionando os processos tradicionais.

Um com a capacidade de processamento, e outro podendo agora dar foco no que realmente importa, atuando de forma mais criativa, e também ensinando os algoritmos a melhorar suas equações.

Nesse cenário de transformação, algumas empresas estão surgindo ou se reinventando entendendo que o momento não é da substituição de tarefas, e sim de uma transformação de processos, de forma mais inteligente, data driven e suscetível as mudanças.

Resultados reais

Podemos citar casos próximos como o da Legal Insights, LawTech brasileira que possui uma plataforma para auxiliar o gestor jurídico a identificar oportunidades de melhoria, quais são os riscos baseado no perfil do caso e região de tramitação, e também quais são as reais causas raízes dos processos através de Analytics e Big Data.

Segundo Marcos Speca, CEO da Legal Insights, seu principal cliente conseguiu reduzir custos na ordem de 48% com processos trabalhistas utilizando sua plataforma. Outro caso é o da 4mapIT, empresa de gestão de custos e ativos de TI e Telecom: “Nossa plataforma utiliza mecanismos de IA para identificar os serviços contratuais dentro do detalhamento das faturas e padrões de consumo, variações de serviços, entre outros itens, aumentando a assertividade e a cobertura do processo de auditoria. Enquanto soluções tradicionais de mercado acham em média 7% de erro em uma fatura de telecom, nós achamos e recuperamos 26%, em média, para nossos clientes através do uso de Inteligência Artificial”, diz Guilherme Lousada, Diretor de Soluções da 4MapIT.

Desafios reais

Esses são apenas alguns exemplos de como a Inteligência Artificial pode dar superpoderes para o ser humano, assim como outras tecnologias disruptivas também farão o mesmo através da “robotização” de processos. Essa revolução já está em andamento, e não é mais veloz por uma situação: falta de capacitação e de profissionais que se reinventem para atender essas novas habilidades.

Hoje, estima-se que existam 6 milhões de vagas abertas nos EUA, sendo 350 mil no setor de manufatura, que não conseguem mão de obra qualificada. 38% das grandes empresas globais tem dificuldade para contratar no cenário atual. Um terço das skills que não são consideras cruciais atualmente, serão até 2020.

Satya Nadella, CEO da Microsoft, tem uma frase que representa muito bem a dificuldade atual dos profissionais. “Don’t be a know-it-all, be a learn-it-all”. No português, “não seja um sabe tudo, seja um aprende tudo”. O grande problema e desafio dos próximos anos não será a falta de emprego, mas sim o GAP educacional para preparar as próximas gerações para esse novo cenário de força de trabalho.

Elton Conceição

Gerente de Portfólio de Transformação Digital na TOTVS

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