Quando o tema é Direito 4.0 é comum encontrar escritórios distantes de uma adoção de impacto. Apesar de ser natural, já que se trata de uma profissão tradicional, essa realidade gera certa discrepância no setor.

Enquanto algumas iniciativas operam na vanguarda, outros empreendimentos demonstram resistência à mudança. Não se trata de fazer juízo de valor de uma ou outra postura, mas observar essa realidade com o objetivo de formar conhecimento sobre o tema. De modo a não ser engolido pela mudança e, ao mesmo tempo, evitar que sejam eleve os riscos de inovar.

O que não podemos fazer é permanecer alheios à transformação em curso. Por isso, começaremos com uma definição do termo. Confira!

O que é Direito 4.0?

Direito 4.0 é um estado estrutural e tecnológico de alta produtividade para o qual estamos nos encaminhando. Imagine, por exemplo, o momento da Revolução Industrial. Com as tecnologias adotadas na época, passamos de um modelo de produção artesanal para um de larga escala.

O mesmo ocorre agora com as possibilidades geradas pelas tecnologias atuais, como a Inteligência Artificial e o Blockchain, que já começam a demonstrar resultados práticos de aplicação.

Na área industrial, esse novo estado para o qual as empresas caminham é chamado de Indústria 4.0 e no Direito, de Direito 4.0.

A grande importância dessa transformação para os advogados se manifesta em aspectos distintos, como na:

  • demanda por serviços jurídicos — patentes, segurança jurídica de startups, privacidade de dados e responsabilidade civil por danos causados pela tecnologia são exemplos de áreas ativadas pela inovação da Revolução 4.0;
  • melhora de produtividade nos escritórios — seja uma banca, o jurídico de uma empresa ou as instituições do judiciário;
  • oportunidade de empreender com lawtechs — startups que oferecem soluções tecnológicas para o Direito 4.0.

Como aplicar o Direito 4.0?

Colocar em prática a estratégia 4.0 pode ser um desafio que começa com a capacitação. As formações da área no Brasil ainda não preparam o profissional com as competências multidisciplinares necessárias.

É preciso buscar conhecimento sobre ferramentas como Design Thinking, tecnologia e gestão. Além disso, essa variedade de conhecimentos não permite abrir mão de uma formação sólida no Direito, que continua sendo a chave dos talentos da profissão.

Invista na cultura inovadora

Além desse conhecimento diverso, é fundamental trabalhar na criação de uma cultura inovadora. As teorias sobre gestão da inovação são claras no sentido de que nenhuma mudança tem valor, se não for aplicada no mercado com sucesso.

Desenvolver um mindset favorável à inovação implica correr riscos e altera totalmente o ambiente interno, que precisa ser mais dinâmico e inspirador. Desse ponto de vista, a primeira coisa que precisa mudar é a visão do líder.

Esse não é o tipo de tarefa que pode ocorrer com a contratação de um especialista em Direito 4.0. Sem autonomia para decidir e investir, ninguém exercerá o papel dos decisores.

Pense em termos de criação de valor

Outro aspecto determinante é que a tecnologia mais avançada do mundo não é suficiente, se não for capaz de gerar valor. Ou seja, não se trata apenas de adotar novas tecnologias, mas de aplicá-las para resolver os problemas dos clientes.

Isso significa que a tecnologia é o meio – e não o fim – em si mesma. O fim é o homem, como ocorre na Teoria da Justiça.

Quais são as novas tecnologias do setor jurídico?

Com base nessa visão, você pode  desenvolver o seu programa de inovação. No entanto, antes disso, vale a pena conhecer algumas das tecnologias mais marcantes no setor.

Inteligência Artificial e Machine Learning

A Inteligência Artificial (IA) é uma simulação da expertise humana, feita por meio de algoritmos capazes de explorar uma infinidade de dados em poucos segundos. O objetivo é combiná-los de acordo com diretrizes predefinidas para chegar a uma inferência sobre eles.

Já a Machine Learning, ou o Aprendizado de Máquina, é uma versão mais sofisticada da IA, capaz de acumular conhecimentos novos com base nas comparações que faz – ou seja, de aprender. Com esses recursos, é possível automatizar processos de levantamento de pareceres, jurisprudência e revisão de contratos, por exemplo.

Blockchain

Blockchain costuma ser confundido com as moedas digitais, porque é usada para armazenar e compartilhar dados sobre essas transações. Este recurso é visto como uma possibilidade na substituição de registros feitos em cartório. E, basicamente, permite salvar arquivos em blocos espalhados por milhares de computadores, de forma simultânea.

A sincronização entre eles evita variações nos registros e, portanto, confirma a autenticidade das informações armazenadas.

Chatbots

Chatbots são robôs que desenvolvem uma conversa com humanos. Eles podem interagir por meio de sistemas de atendimento online, responder sobre questões elementares, enviar arquivos informativos e direcionar o caso para o setor de direito imobiliário ou penal, por exemplo.

As versões mais sofisticadas contam com sistemas de aprendizado em máquina e são capazes de prestar um atendimento altamente humanizado.

Jurimetria

A jurimetria é uma área nova que trabalha com levantamento de dados sobre o setor. Por meio dela, é possível saber, por exemplo, o prazo médio de decisão de cada vara e instância.

Uma enormidade de dados sobre os processos que ocorrem no judiciário e no próprio escritório permitem identificar gargalos, oportunidades de melhoria e até novos negócios na área do Direito.

Software jurídico

É importante mencionar os softwares jurídicos, pois, além de agregarem recursos do Direito 4.0, melhoram os processos internos, criam versatilidade, oferecem produtividade, automatização e controle. Eles estruturam a execução das tarefas mais operacionais do escritório e registram dados fundamentais. Desse modo, servem de base para incorporar as novas tecnologias.

Por fim, reforçamos que o Direito 4.0 é um mundo de oportunidades. Ele nasce de uma cultura visionária, que depende de capacitação e é centrado na criação de valor para o cliente. Para isso, usa a tecnologia como ferramenta e não como o objetivo final. Todo esse processo também implica em se habituar às interações que ocorrem na Internet.

Pensando nisso, você está preparado para os desafios do Direito 4.0? Ficou com alguma dúvida? Tem uma experiência para relatar? Deixe seu comentário abaixo deste texto e vamos exercitar essa interação!

Equipe Marcelo Tostes

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Marcelo Tostes

Escritório com espírito jovem e vanguardista que elabora processos internos na mesma linguagem corporativa dos seus clientes. Uma janela aberta para o mundo, antenada com a revolução tecnológica que exige versatilidade, mas com muita gestão e seriedade.