A automação do trabalho e os possíveis impactos que esse novo contexto pode trazer para as relações entre a empresa e o colaborador é um debate constante em qualquer conversa sobre inovação. Dois exemplos de situações que podem ser impactadas são a demissão em massa e a mudança de habilidades requerida dos profissionais.
Contudo, o que é real e o que é apenas especulação em todas essas projeções? Em que etapa as iniciativas de automação estão ao redor do mundo? Essas são algumas questões que podem ajudar as organizações a se prepararem para esse cenário.
Nosso objetivo com este artigo é mostrar o surgimento de uma nova relação entre os colaboradores e as empresas, sem a necessidade de demissão. É possível atingir um alcance mútuo de benefícios utilizando a automação do trabalho, como você confere aqui:
O atual estado da automação do trabalho
Em 2014, a BMW lançou uma fábrica inovadora com a primeira planta totalmente automatizada, localizada em Leipzig, na Alemanha, tendo como alvo a fabricação de um dos modelos de veículos da montadora, o I3.
A ideia da empresa era buscar a fabricação de todos os outros modelos na planta por meio da automação até 2025, o que está dentro do cronograma atualmente.
Já estamos acostumados a visualizar robôs trabalhando em fábricas como essa, ou até mesmo máquinas complexas, munidas de Inteligência Artificial, realizando diversas atividades de produção e substituindo a demanda por trabalhadores braçais.
Contudo, o contexto de automação já não se aplica mais apenas à fábricas e linhas de produção. Já estamos na era do uso de sistemas para a realização de uma série de tarefas administrativas dentro das organizações.
Por exemplo, o envio de e-mails agendados por parte de um CRM para uma determinada lista de leads. O profissional deve apenas determinar a hora que acha mais adequada para o envio, sendo que o software utiliza um template pré-determinado e pode entrar em contato com milhares de clientes em segundos.
Pode parecer um exemplo simples, mas demonstra como a automação vem se introduzindo aos poucos em nosso dia a dia e substituindo a demanda por trabalho braçal.
Outro contexto é o dos chatbots, sistemas capazes de realizar atendimentos aos clientes.
Essas ferramentas podem emular a linguagem natural, resolvendo diversos problemas de um cliente e só passando o contato para um colaborador caso não consiga encontrar uma solução adequada.
Como você pode notar, mesmo que não pareça, a automação do trabalho está ao nosso redor e avança rapidamente conforme a transformação digital e as novas tecnologias se instalam no ambiente das empresas.
Esse avanço pode gerar várias dúvidas, tanto em empregadores quanto em empregados, acerca da relação futura entre eles e quais os seus papéis nessa nova era do trabalho
A nova cultura organizacional
A cultura organizacional está mudando completamente, não com a saída de todos os trabalhadores humanos, mas sim com a demanda por novas habilidades. A aplicação da força de trabalho também será requerida, uma vez que as atividades repetitivas ficarão por conta da automação.
O último relatório emitido pela KPMG, Global CEO Outlook, afirma que cerca de 58% das empresas que participaram da pesquisa conduzida por ela estão investindo em tecnologias que permitam a automação de alguns de seus processos.
O que poderia parecer algo crítico para a força de trabalho humano, que teoricamente perderia vagas, tem uma previsão totalmente diferente em outra pesquisa, conduzida Pew Research Center: neste novo cenário de automação, espera-se que a criação de empregos seja 52% maior do que a extinção deles.
Essa relação é muito simples de entender: mesmo que a mão de obra seja substituída em determinadas áreas, novas posições irão surgir para abraçar esses trabalhadores, que deverão ser capacitados para isso.
Um exemplo claro de como a transformação digital auxilia na criação de novos empregos é a necessidade atual de um gerente de mídias sociais, cargo que hoje é muito demandado dentro das organizações.
Diversas relações mudarão, um motorista para transportar cargas de um local ao outro pode não ser mais necessário, mas esses profissionais poderão se reencaixar no mercado em outras posições que surgirão, uma vez que muitas coisas não serão automatizadas.
Na nova cultura organizacional voltada para automação do trabalho, os colaboradores não serão, de forma nenhuma, substituídos. E sim realocados para novos cargos que demandem sua mão de obra e experiência antiga.
Os benefícios do trabalho conjunto entre humanos e máquinas
O relacionamento conjunto de trabalho entre máquinas e humanos pode trazer uma série de benefícios para as empresas. Alguns deles são:
- aumento de produtividade ─ com boa parte das tarefas repetitivas realizadas por sistemas e máquinas, o colaborador poderá se dedicar a outras atividades;
- redução de custos ─ a operacionalização é mais simples e rápida, diminuindo os gastos com uma grande quantidade de trabalhadores;
- maior segurança ─ automação garante um maior controle sobre os processos;
- aumento de qualidade ─ os resultado da soma entre controle e produtividade é a qualidade do produto final e do trabalho realizado.
A capacitação necessária ao RH
O papel do RH é fundamental para incutir na empresa uma nova visão acerca da automação, seus benefícios e possibilidades.
Qualquer mudança dessa magnitude é vista com desconfiança pelos colaboradores, ainda mais por tecnologias que estão sendo previstas como ladras de emprego.
É função do RH criar uma estratégia que deixa a força de trabalho a vontade com as novas tecnologias, não apenas realizando contratações estratégicas, mas também capacitando os colaboradores atuais da empresa.
Para obter sucesso na automação é preciso escolher as tecnologias cercas, contar com um conjunto de habilidades e cultura corretos, além de garantir uma boa estrutura.
Entre os pontos a serem observados para seguir para o próximo passo na busca pela automação, podemos destacar:
- habilidades ─ o conjunto de skills necessárias deve ser avaliado constantemente para tirar o maior proveito das ferramentas de automação;
- cargos ─ novas posições devem ser criadas de acordo com a demanda imposta pela transformação digital;
- direcionamento ─ a modelagem da estratégia de força de trabalho deve ser conduzida pelo RH, mas desenhada pela gestão de negócios, verificando os caminhos da empresa no futuro;
- hierarquia ─ o modelo top-down de trabalho deve ser substituído por uma visão horizontal das relações internas;
A automação do trabalho muda, a cada dia, a relação enter trabalhadores e empregadores, fazendo parte da nova era da transformação digital. Porém, isso ocorrerá aos poucos, permitindo uma adaptação suave das duas partes.