Agricultura é uma das atividades mais antigas da humanidade. Desde o período Neolítico, quando ela surgiu, até a Era Pós-Digital, com a inclusão de tecnologias digitais na gestão agrícola, são mais de 8 mil anos.
Foram milhares de yottabytes de informação e geração de conhecimento ( 1Yotta = 1 milhão de Gigabytes) sobre o ambiente, tecnologia e agricultura. A forma com que interagimos, trabalhamos, aprendemos e compartilhamos conhecimento no meio urbano ou agrícola tem passado por grandes mudanças ao longo das Eras Históricas da Humanidade: Pré-história, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea e, agora, vivemos a Era Pós-Digital.
Marcada por verdadeiras tsunamis de metadados (grande fluxo e disponibilização de informações), a Era Pós-Digital vem transformando o mundo e a agricultura. Termos como: big data, right data, eScience (data science), web service e internet das coisas (IoT) estão cada vez mais inseridos no dia-a-dia agrícola.
A busca pelo termo big data aumentou mais de 1.200,0% (13 vezes) nos últimos 10 anos e cerca de 15% nos últimos 3 anos, segundo pesquisa no Google Trends. De acordo com o Censo do IBGE 2010, o acesso à internet no campo aumentou quase 2.000% – se oito anos atrás o número já era alto, imagine agora!
Esse é o novo ecossistema tecnológico, inovativo e empreendedor da agricultura mundial. Nesse artigo, vamos ver algumas tendências da transformação digital na agricultura. Boas reflexões e ótimos insghts:
e-Agriculture e multidisciplinaridade
Você pode não ter lido ou escutado o termo e-Agriculture, mas se está atuando no meio agrícola, certamente já teve contato com suas ferramentas. O e-Agriculture é um misto das áreas de Computação e Ciências Agrárias. Vale lembrar que a área de Ciências Agrárias é subdividida em: Agronomia, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Engenharia Agrícola, Medicina Veterinária, Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca e Zootecnia.
O e-Agriculture explora e cria alternativas para solucionar desafios em diferentes subáreas das Ciências Agrárias utilizando Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Alguns tópicos relevantes do e-Agriculture no Brasil e no mundo com grandes oportunidades são:
- Internet das Coisas no meio agrícola;
- Agricultura e Zootecnia de precisão;
- Data Science e visão computacional em Ciências Agrárias;
- Sistemas embarcados como computadores de bordo e sensores em Agro, Vet, Zoo e Pesca;
- Cadeias produtivas na produção e distribuição de alimentos – Tecnologias Pós-Colheita (TPC);
- Robótica e conectividade no campo;
- Sistemas de informação (SIGs) para agricultura e agropecuária;
- Agronegócios, fazendas digitais e bioinformática.
Agricultura 4.0 e tecnologias digitais: IoT no ambiente rural
O mundo rural vivencia a mesma quarta revolução industrial que todos os outros setores do mercado. A diferença é que, aqui, chamamos a Indústria 4.0 de Agricultura 4.0. Ela engloba tecnologias que vão desde automação no campo para produção, utilização de peças, insumos, até troca de dados entre implementos e os centros de operação.
O Agro 4.0 envolve todas as etapas da cadeia produtiva agrícola (agronegócio), permitindo que todos os segmentos da cadeia trabalhem de maneira integrada baseado em TICs. Essas transformações tem relação com a Quarta Revolução Industrial marcada pela convergência de tecnologias físicas, biológicas e digitais como Internet das Coisas – IoT (conexão de objetos com a rede para coletar e transmitir dados) e Computação em Nuvem (uso da memória computacional, armazenamento e cálculos via objetos interligados pela internet).
Segundo o Chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária durante 4º Foro de Agricultura da América do Sul, o número de usuários que acessam a internet móvel na zona rural passou de 4% para 24% entre 2008 e 2014. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), apoiou a realização de um estudo para o diagnóstico e a proposição de plano de ação estratégico para o país em IoT.
O estudo, chamado de “IoT: um plano de ação para o Brasil”, apresenta resultados de pesquisa interessantes sobre o potencial global (US$ 61 a US$ 362 bilhões) e brasileiro da IoT no ambiente rural em 2025 (US$ 5,5 a US$ 21,1 bilhões). Se você é estudante, professor, gestor, empresário, empreendedor, consultor, enfim tem alguma relação direta ou indireta com o campo e as Ciências Agrárias, veja o relatório!
As informações apresentadas podem ajudar você na elaboração de projetos científicos, tecnológicos e empresariais em AgroTech com foco em Agricultura 4.0 (clique aqui para acessar o relatório). Acompanhe e fique por dentro de algumas tendências e inovações que podem ser incorporadas ao manejo agrícola: (1) Robótica na reconstrução 3D de plantas, folhas e frutos, (2) monitoramento de pragas agrícolas via sensoriamento remoto, (3) antecipação de fenômenos atmosféricos extremos (ex.: granizo), (4) aumento da autonomia de voo dos vants e (5) monitoramento da fertilização de lavouras por vant.
Ecossistemas inovativos no agronegócio: AgTechs e conexões de sucesso
A agricultura brasileira mostrou ao mundo sua competência para explorar de forma sustentável os recursos naturais.
Os avanços do Brasil em P&D (pesquisa e desenvolvimento) e C,T&I (ciência, tecnologia e inovação) com foco em Ciências Agrárias contribuíram para a tropicalização da agropecuária, colocando o país no circuito do agronegócio mundial.
O Atlas da Agropecuária Brasileira, publicado recentemente, mostra que Brasil está mais eficiente em termos produtivos e emitindo menos gases de efeito estufa por tonelada de proteína produzida no campo (ex.: grãos de soja e milho). O Atlas é resultado do esforço e integração de equipe interinstitucional com especialistas do Brasil e da Suécia apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)
Segundo a equipe do projeto, a agricultura tem sido mais eficiente na produção de proteína (PTN) por hectare e emissões de gases de efeito estufa.
Já a agropecuária brasileira tem condições de melhorar ainda mais esses indicadores de sustentabilidade e eficiência. Nosso ecossistema de inovação agrícola ganha força a cada dia com o surgimento de novas startups agtech (empresas emergentes com foco em solucionar desafios das Ciências Agrárias).
Algumas dessas agtechs foram mapeadas em 2018 e apresentadas nos relatórios “Brazil Agtech Market Map” e “AgTech Mining Report”. Esses mapeamentos promoverem importantes insights para tendências da transformação digital na agricultura.
Em um dos mapeamentos, descobrimos que cerca de 30% das agtechs estão se especializando em gerar soluções para fabricantes de equipamentos e insumos agrícolas. Esse segmento de atuação é conhecido no meio agrícola como “antes da porteira”. É tudo que é necessário à produção, mas não está na fazenda (ex.: sementes, máquinas e adubo).
Outros 50% dos startups focam na gestão de áreas agrícolas, incluindo aqui serviços de agricultura de precisão e outras categorias. E aproximadamente 20% das agtechs atuando “depois da porteira”: na armazenagem e distribuição, incluindo a logística.
Todo esse avanço e digitalização dos processos agrícolas ajudam o agronegócio brasileiro à conectar e criar relações comerciais ou colaborações entre agricultores, produtores, empresários e especialistas de diferentes áreas.
As soluções brasileiras para os desafios da agricultura tropical colocam algumas feiras nacionais do setor agro como Agrishow, TecnoShow, Femec e Expointer em destaque na América Latina e entre outras feiras mundiais como: Farm Progress Show e World AG Expo, nos Estados Unidos; Salon International de l’ Agriculture. na França; International Green Week Berlin e Agritechnica, na Alemanha; Agrotech, na Polônia; Agroexpo Eurasia, na Turquia; e AgraME, em Dubai.
Para que o movimento de transformação digital da agricultura brasileira continue crescendo e impactando positivamente o setor e as pessoas, é preciso analisar e predizer as tendências tecnológicas para alcançar objetivos com assertividade.
Um dos relatórios da International Data Corporation (IDC) aponta quatro pontos para refletirmos sobre a transformação digital em diferentes segmentos:
- Mobilidade. Ex.: quais atividades do seu trabalho já são realizadas, ou poderiam ser, por dispositivos moveis como tablets e smartphones?;
- Inteligência. Ex.: sua equipe toma decisão com base em relatórios analíticos a partir de big data e inteligência artificial?
- Conectividade e integração. Ex.: como está o processo de automação nos diferentes setores do seu trabalho e a integração dos dados de diferentes atividades?;
- Velocidade e produtividade. Ex.: o quão importante é para você e sua equipe o processo de transformação digital para seu trabalho? O quão rápido você e sua equipe conseguem integrar a transformação digital nas suas atividades?
Transformação digital nas Ciências Agrárias não é uma tendência, é uma realidade. Fique por dentro e conecte-se com soluções e oportunidades!
Para continuar aprendendo, entenda à fundo o que é a Quarta Revolução Industrial e a Indústria 4.0!