De acordo com especialistas, este é um ótimo momento para investir na produção de carne à base de vegetais. Nesta semana, a Impossible Foods, conhecida pela fabricação de hambúrgueres semelhantes aos de carne bovina, anunciou que fechou uma nova rodada de financiamento de US$ 300 milhões. Em 29 de abril, o Burguer King anunciou a distribuição de seu Impossible Whopper em todos os Estados Unidos. O McDonald’s está servindo hambúrguer vegano na Alemanha. A Beyond Meat, que fabrica carnes e linguiças vegetarianas, viu suas ações dispararem na bolsa de Nova York nos últimos dias.

Esses são alguns exemplos do crescimento da indústria vegetariana, o que tem despertado a atenção de investidores de todo o mundo. “Tudo isso é indicativo de um público que está muito, muito animado em ver carne produzida a partir de plantas”, diz Bruce Friedrich, diretor executivo do Good Food Institute, organização sem fins lucrativos sediada nos EUA que promove carne, laticínios e ovos, bem como carne limpa, como alternativas aos produtos da agricultura convencional. “Há um grande interesse por parte dos investidores tanto na carne à base de vegetais quanto nos espaços de ‘carne limpa’”, completa.

Segundo as informações, na última década mais de US$ 2 bilhões foram investidos em carnes de origem vegetal, sendo que mais da metade do valor foi alcançado entre 2017 e 2018. E um dos pontos interessantes é que parte desse investimento veio da indústria tradicional de carnes, incluindo grandes empresas, como a Tyson Foods, e de gigantes do setor alimentício, como a Nestlé.

Um dos fatores que tem levado à expansão da indústria vegetariana é o aperfeiçoamento dos produtos. Com grandes laboratórios, os cientistas têm trabalhado para tornar as carnes sem proteína animal cada vez melhores e com sabor mais parecido com o das carnes animais. Nesse novo cenário, o público-alvo deixa de ser exclusivamente o consumidor vegetariano, crescendo para pessoas que consomem carne e que estejam interessadas em alternativas mais saudáveis e de menor impacto ao planeta.

Segundo a FastCompany, as vendas de carne vegetal, bem como de laticínios à base de plantas, estão superando as da carne tradicional. Em relatório divulgado em setembro do ano passado, nos últimos 12 meses as vendas de carne vegetariana cresceram 23%, enquanto o crescimento da carne animal foi de apenas 2%. Diante dessa realidade, as empresas de alimentos tradicionais estão optando por apoiar a popularização da carne à base de vegetais pelo aumento da demanda do consumidor. Para se ter dimensão do impacto na indústria, desde 2008, a presença do termo “vegano” nos cardápios dos Estados Unidos cresceu 490%.

Para os especialistas, a disseminação de alternativas vegetarianas/veganas teve 2012 como grande marco, quando o Vale do Silício começou a dar atenção ao assunto. Com a popularidade do tema, a previsão é de que diversos novos produtos comecem a chegar ao mercado, tanto de startups quanto de grandes empresas. A Tyson Foods, uma das maiores produtoras de carne do mundo, planeja começar a distribuir carne de origem vegetal ainda em 2019.

“Nos próximos 10 anos, vamos ver um monte de novas marcas, novos produtos e tecnologias que simplesmente não existiam cinco anos atrás”, prevê Andrew Ive, sócio da Big Idea Ventures, empresa de capital de risco que está trabalhando para ajudar a trazer algumas dessas marcas para o mercado. Para ele, conforme a mudança de consumo acontece, o meio ambiente também será beneficiado. “É uma grande oportunidade. E o melhor de tudo é que, se fizermos nosso trabalho corretamente e entregarmos comidas deliciosas que simplesmente não têm proteína animal ou subprodutos de origem animal, haverá um impacto realmente significativo no clima”, completa.

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