As construtechs estão virando uma realidade no mercado graças à evolução da indústria 4.0 e o surgimento das novas tecnologias que impulsionam a produtividade e melhoram os resultados.
Com isso, grandes construtoras estão buscando por novas oportunidades de negócios e utilizando as soluções criadas por essas startups para melhorar a sua cadeia de valor e entregar seus produtos com mais qualidade e rapidez ao cliente final.
Neste artigo, vamos falar um pouco mais sobre as construtechs, como elas atuam e qual o seu impacto até agora no mercado de construção no país e no mundo.
O que são construtechs?
Antes mesmo de falar o que é uma construtech, precisamos desdobrar o conceito de cadeia de valor da construção civil. É natural imaginar que apenas a obra faça parte do processo, mas ele vai muito além.
A FIESP separa toda a cadeia de valor da construção em quatro grupos, sendo eles:
- extração ─ processo de beneficiamento da matéria-prima utilizada para a construção ou fabricação de materiais utilizados para esse fim;
- indústria de materiais ─ responsável por transformar os insumos extraídos em determinados produtos para utilização na construção;
- comércio e serviços ─ toda a cadeia de distribuição e comercialização de produtos e serviços a serem utilizados no canteiro de obras durante todo o seu ciclo;
- construção ─ por último, a atividade de construção propriamente dita.
Como podemos observar, toda a cadeia de valor dessa indústria vai muito além do canteiro de obras e, a partir disso, podemos afirmar que as construtechs são startups que focam na criação de produtos e serviços para qualquer ponto dessa cadeia produtiva.
Essas empresas buscam resolver problemas comuns de organizações, como construtoras, imobiliárias, mineradoras, empreiteiras e até mesmo, em alguns casos, do governo.
Podemos conceituar o termo construtech como um negócio, baseado em tecnologia, que atenda um ou mais problemas dentro da cadeia de valor da construção civil, utilizando um modelo repetível e escalável de trabalho.
Como elas funcionam e quais setores já atuam?
É preciso deixar muito claro que utilizar tecnologia ou manter um negócio com base tecnológica é diferente de comercializar um determinado software ou hardware.
Para ser classificada como uma construtech, a empresa deve se utilizar e aplicar soluções tecnológicas para resolver problemas comuns dentro da cadeia de valor da construção, tanto nos seus processos internos quanto nos de seus clientes.
Elas funcionam trazendo a transformação digital e novas soluções para um mercado que sempre foi considerado um dos mais atrasados em termos de tecnologia, mesmo sendo responsável por uma grande fatia do PIB no Brasil e também no mundo.
Entre os setores que já sofrem transformações digitais com a entrada de novos players, estão:
- aluguel de equipamentos pesados;
- gestão de canteiros de obra;
- compra, venda e aluguel de imóveis;
- contratação de mão de obra especializada;
- orçamentos;
- segurança do trabalho;
- gestão de resíduos;
- modelos 3D com uso de realidade virtual;
- prospecção de terrenos e lotes;
- reformas e decoração.
Esses são só alguns exemplos de pontos que já contam com construtechs especializadas, sendo que a cadeia de valor da construção ainda fornece muitas outras oportunidades para entrada.
Como elas impactam o mercado de construção?
Podemos falar sobre dois pontos principais que são consequência direta da entrada das construtechs no setor de construção e que vem transformar digitalmente o mercado:
Empresas eficientes
A eficiência é um dos principais benefícios do uso de tecnologia em qualquer setor e na construção civil não é diferente. As empresas que atuam nesse mercado podem melhorar substancialmente seus resultados por meio da aplicação de soluções tecnológicas, software ou hardware.
Essa eficiência traz consigo uma série de outros benefícios, como redução de custos, minimização de desperdícios, aumento de receita e melhoria da experiência do cliente final.
Novos modelos de negócio
Outro grande impacto do surgimento das construtechs no mercado é a criação de novos modelos de negócios, visando suprir problemas e demandas que até então estavam sem solução.
Essas propostas disruptivas devem se tornar cada vez mais comuns em todas as partes da cadeia de valor da construção, conforme as construtechs forem se estabilizando e ganhando mercado.
Quais os principais exemplos?
Vamos listar apenas alguns poucos exemplos de empresas que estão atuando no setor e que podem ser consideradas como construtech:
- Archie ─ essa é uma empresa de arquitetura e decoração focada em ligar profissionais do setor a clientes;
- InovaHouse 3D ─ busca trazer a tecnologia de impressão 3D para utilização no setor de construção;
- Quinto Andar ─ plataforma que foca em descomplicar o processo de aluguel de imóveis para ambas as partes interessadas.
- Gerencia Obras ─ sistema completo para o gerenciamento de todos os itens existentes em uma obra, além do acompanhamento de todas as fases produtivas;
- My Cond ─ aplicativo que permite a administração de condomínios com diversas funcionalidades;
- B2 Blue ─ consultoria especializada na destinação de resíduos de obras;
- Tracktoor ─ plataforma que permite o aluguel de equipamentos para a construção com base em geolocalização;
- Rainmap ─ sistema que simula o aproveitamento de águas pluviais, visando gerar economia no canteiro de obras;
- Aprova Digital ─ plataforma de controle de documentos como alvarás e licenciamentos necessários na construção civil;
O que esperar do futuro?
As startups citadas acima são apenas a ponta do iceberg, existem diversas outras empresas especializadas em prover produtos e serviços para a cadeia de valor da construção.
Além disso, estamos em plena recuperação de uma recessão econômica, sendo que o setor de construção civil voltará a receber investimentos pesados para manter o crescimento do país.
Ou seja, estamos em um período propício para o surgimento de mais construtechs e oportunidades para novos modelos de negócio e aplicação de tecnologias nesse mercado.
É preciso aproveitar essa chance para entrar no setor, antes que ele acabe se tornando altamente competitivo, dificultando o crescimento de novos players disruptivos.
É chegada a vez das construtechs ocuparem os holofotes no cenário da inovação e, nos próximos meses, veremos o surgimento de diversas empresas focadas no mercado de construção civil e sua cadeia de valor.