Para entender o que são AgTechs é preciso observar que, se em outras épocas a maioria das pessoas trabalhava no campo, hoje isso mudou e o agronegócio produz muito mais com muito menos necessidade de mão de obra.

Isso ocorreu graças à tecnologia empregada. Contudo, temos um enorme desafio para os próximos anos. Segundo a AFP, a população urbana vai dobrar até 2050, ocasionando esgotamento de recursos, poluição e perda da biodiversidade.

Para suprir essa nova demanda mundial, o setor agroindustrial precisará aumentar a produtividade de forma mais sustentável, usando menos espaço e com maior responsabilidade ambiental. Do contrário, corremos o risco de comprometer nossa qualidade de vida em razão dos impactos negativos.

Por isso, as AgTechs despontam como uma das grandes apostas em termos de negócios promissores para investimento. Antes de entrar propriamente no tema, entenda melhor o que são.

O que são AgTechs?

AgTech é um termo que surgiu nos Estados Unidos. Ele denomina empresas que promovem inovações no setor do agronegócio por meio de novas tecnologias aplicadas no campo. Entre elas, figuram:

  • softwares para o setor;
  • iniciativas voltadas para a criação de alternativas energéticas;
  • aproveitamento de resíduos;
  • controle ambiental;
  • monitoramento;
  • biotecnologia e sementes.

Com já adiantamos, a crescente demanda por produzir cada vez mais com menos impacto ambiental tem impulsionado os investimentos no setor. Eles aumentaram substancialmente depois que a Monsanto comprou a Climate Corporation, em 2013, por quase US$ 1 bilhão. Essa AgTech fornece dados sobre o campo para ajudar agricultores na tomada de decisões.

Um bom motivo para ficar de olho nesse mercado é que o Brasil tem startups de destaque e relevância no agronegócio e, por isso, o setor de AgTech é promissor por aqui. Para ter uma ideia, a Bug Agentes Biológicos, que vende insetos criados em laboratório para combate de pragas, está entre as 50 empresas mais inovadoras do mundo.

Quais as tecnologias envolvidas?

O campo de aplicação da tecnologia no agronegócio é muito vasto. As oportunidades incluem o desenvolvimento de soluções voltadas para fertilização, controle de pragas, produção e logística.

Os equipamentos agrícolas como tratores, colheitadeiras e outros implementos tendem a incorporar em escala tecnologias da internet das coisas (IoT). A facilidade de uso é um grande estímulo para que as novidades sejam aceitas no setor e a IoT funcione com autonomia.

A internet das coisas permite monitorar o desempenho desses equipamentos em tempo real com o uso de sensores. Eles podem informar, por exemplo, o aquecimento excessivo de uma peça ou outro problema que indique a necessidade de troca antes que ocorra uma quebra.

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Além disso, drones, dados de satélites e alternativas de geolocalização são uma promessa importante, uma vez que é difícil monitorar tudo o que acontece no campo. Como podemos deduzir com base no caso de aquisição da Monsanto, as tecnologias que permitem o levantamento de informações são uma boa aposta para o setor.

Há casos curiosos e empolgantes. A MimicTec, por exemplo, é uma startup australiana que desenvolveu mães galinhas artificiais. Elas são capazes de gerar calor e sons característicos que diminuem o estresse e melhoram a saúde das aves.

Esse caso demonstra que não existe limite para o que podemos fazer que não seja a criatividade e capacidade de perceber e solucionar problemas. Contudo, a biotecnologia ainda mantém um alto nível de importância para o setor, caracterizando-se como uma tecnologia destacada.

Quais os benefícios para o agronegócio?

Embora a produtividade implique a possibilidade de aumento da lucratividade e da rentabilidade, o setor oferece grande oportunidade em razão do aumento da demanda. Por isso, um benefício significativo é o de poder investir em um ramo com grande promessa de crescimento.

Além disso, a tecnologia vai garantir mais informações em tempo real sobre o que ocorre no campo, incluindo informações climáticas. Esse tipo de solução promete otimizar processos e o uso de recursos. Inclusive, diminuindo o espaço necessário para plantar e criar animais.

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Outro aspecto é que o transporte e armazenamento de produtos do campo é um grande problema. No Brasil, é comum observarmos notícias que informam sobre a grande perda que temos no transporte, especialmente de grãos. Só de soja, registra-se a estimativa de 115 toneladas perdidas em uma única safra.

As AgTechs podem ajudar a diminuir o problema de logística com melhor controle, novas tecnologias de armazenagem e outras soluções.

Quais os benefícios para sociedade?

O principal benefício é, obviamente, atender a demanda de produção e garantir nossa sobrevivência. Além disso, a nossa qualidade de vida depende de produzir alimentos mais saudáveis e ricos em termos nutricionais — algo que podemos alcançar com a biotecnologia.

Outro aspecto extremamente relevante é que, ao mesmo tempo em que os alimentos nos fornecem suporte à vida, são veículos para a transmissão de doenças. Toda espécie de problema de saúde pode ser transmitido quando não há um controle adequado.

Obviamente, já obtivemos avanços significativos e a ciência já conhece várias práticas que evitam o problema. Porém, não é tão simples controlar que sejam aplicadas. Principalmente em países mais pobres, muitas pessoas ainda sofrem com situações que sabemos como resolver.

Quais cases temos no Brasil?

Você já conheceu alguns cases no decorrer do texto, mas separamos alguns que se destacam no Brasil para lhe permitir uma visão mais ampla sobre o setor.

Solinftec

A empresa trabalha com monitoramento operacional e climático baseado na coleta de dados por diversas fontes, buscando integrar equipamentos, máquinas e pessoas, automatizar processos e recomendar ações em tempo real.

Bovcontrol

Voltada para a pecuária, a Bovcontrol permite a coleta de dados por meio de um aplicativo de smartphone e dispositivos como brincos, chips e balanças. O sistema funciona sem internet e permite o controle nutricional, sanitário, de estoque, origem e destino dos animais. A ferramenta promete melhorar a performance na produção de carne, leite e genética.

EasyGAS

EasyGAS é uma startup que usa água para gerar combustível. O processo “quebra” moléculas da substância e, dissociando o hidrogênio, obtém um gás que pode ser usado para aquecer silos de grãos, acionar motores e outras aplicações.

Agora que você sabe o que são AgTechs e a importância que tem a iniciativa, vale refletir sobre as lições que podemos tirar das mudanças aplicadas ao agronegócio. Apesar de dividirmos a transformação digital em áreas distintas, elas guardam relações e formam um amplo cenário inovador.

Para lhe ajudar nisso, separamos uma postagem que aborda o tema. Confira a publicação: “O que a tecnologia do agronegócio pode ensinar ao seu negócio”.

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