Aqui no Brasil, ainda não é tão comum ver uma pessoa que converse intensamente com uma assistente pessoal – como a Siri, o Google Assistant ou a Alexa. Até vemos um ou outro brincar com elas, mas nada se compara ao uso que os norte-americanos já fazem dessas ferramentas.

Em muitos casos, a assistente pessoal é o primeiro “ser” com quem eles se relacionam pela manhã, pedindo para que o alarme pare de ser tocado, perguntando sobre a previsão do tempo para aquele dia ou checando quanto gastarão no trânsito entre a casa e o trabalho naquele momento.

OK, esses assistentes ainda têm muitas limitações. Eles não têm o português tão avançado quanto o inglês (mas estão aprendendo rapidamente!), e ainda não sabem compreender o contexto das mensagens como deveriam. Existe um verdadeiro exército de programadores trabalhando em melhorias para essas ferramentas e, exatamente por isso, essa realidade deve mudar muito em breve.

É o que afirmou Adam Cheyer, o criador da Siri, em um painel no South by Southwest (SXSW) – festival de música, tecnologia e interatividade que acontece em Austin (EUA) até 18 de março. Para ele, uma nova revolução está em curso, impulsionada pelos avanços em inteligência artificial.

“Os assistentes pessoais serão usados para tudo e o desempenho deles será melhor do que qualquer outra forma de interação”, disse. “Estamos perto de uma revolução tão grande quanto a da web ou do smartphone”.

SXSW 2018

Assistentes (muito) pessoais

Na prática, isso quer dizer que, nos próximos meses e anos, o mundo vai ensinar os assistentes pessoais a ficarem cada vez mais parecidos conosco. Eles serão uma ferramenta para que nós possamos fazer quase tudo. Afinal de contas, a fala é nossa maneira mais natural de comunicação – muito mais do que toques em uma tela virtual do smartphone.

E esse movimento é visível. Só para continuar no exemplo do SXSW, o Google criou uma casa conectada em Austin para que os participantes do evento possam experimentar algumas novas aplicações do Google Assistant e do Google Home, a “caixa de som inteligente” da empresa.

Nessa casa, é possível pedir uma cerveja para o Assistant, ou entrar em um carro que balança aos comandos de voz do motorista. Não é à toa que, do lado de fora, o slogan “Make Google do it” está estampado na fachada.

O Google também está fomentando parcerias nesse sentido. Na casa, a empresa está promovendo várias palestras sobre novas aplicações que desenvolvedores externos estão criando para o Google Assistant. Até jogos fazem parte da brincadeira.

Em um deles, produzido pelo estúdio americano Tool, o jogador se vê envolvido em uma história de investigação em que ele deve ajudar um detetive a encontrar o culpado por um assassinato. Toda a interação é feita por comandos de voz, como se o jogador estivesse colhendo depoimentos dos suspeitos.

Agora, junte os pontinhos. De um lado, temos o criador da Siri (Apple) dizendo que a IA vai promover a próxima grande revolução. Do outro, temos Google focando na inteligência artificial dentro do maior festival de inovação do mundo.

Nunca houve uma onda de pesquisas, trabalhos e estudos tão intensos sobre uma tecnologia como aquela que se vê atualmente nos campos da Inteligência Artificial – e quem disse isso foi Adam Cheyer nesse mesmo painel.

As aplicações da IA estão em todos os campos, seja na medicina, biologia, atendimento ao cliente, turismo… É difícil pensar uma área em que ela não pode ser aplicada.

Há riscos? Claro que há!

Ainda no SXSW, um executivo com pinta de pop star fez o contraponto para todo esse “auê” em torno da inteligência Artificial. Elon Musk, o cara que investe em coisas impossíveis (aka viagem para Marte, túneis de alta velocidade por baixo das cidades e até um lança-chamas para você se defender em um eventual apocalipse zumbi) morre de medo do rumo que a IA pode tomar.

Ele até curte a ideia e está disposto a investir nessa história, mas acha que falta uma regulação mais séria para o assunto. “Estamos muito perto de ver uma mega revolução na IA, mas essa história me assusta demais”, disse. “O AlphaZero pode ler as regras de qualquer jogo e ganhar do humano. Em qualquer jogo! Ninguém nunca imaginou essa evolução.

Digo o mesmo para carros autônomos. Provavelmente já no ano que vem, alguma autonomia estará presente em todos os carros que saírem das fábricas e esses carros vão ser muito mais seguros do que se fossem guiados 100% por humanos.

Essa evolução está muito rápida, mas nós precisamos encontrar uma maneira de garantir que essa evolução seja simbiótica com a humanidade. Acho que é a maior crise existencial que vivemos no momento, e a que mais nos pressiona. Não sou, nem de perto, um entusiasta de regulações – pelo contrário, gosto de minimizá-las. Mas esse é um caso sério, que pode representar perigo para o público. O perigo da inteligência artificial é muito maior que o das armas nucleares. De longe”, concluiu.

Fato é que a AI veio para ficar. E você, como vai encarar essa revolução?

Imagem: Teslarati.com

Igor Lopes

Diretor de Conteúdo no TD Jornalista que cobre o mercado de negócios em tecnologia há quase 15 anos e já viajou o mundo cobrindo os principais eventos de inovação como CES, Mobile World Congress, Oracle Open World e vários outros. Passou pelos principais veículos especializados em tecnologia do Brasil: na NZN, foi diretor de conteúdo das sete propriedades do grupo (Tecmundo, The BRIEF, entre outros), e no Canaltech foi editor-chefe e cofundador do site. Desde 2018 mostra o know-how adquirido ao longo da carreira em sua coluna de tecnologia no BandNewsTV e como diretor de conteúdo do ecossistema de inovação, TransformaçãoDigital.com.

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