Se me perguntassem hoje para onde o mercado está caminhando, minha resposta seria: “para o canibalismo”.
Não me entenda mal. Como falamos antes, a Transformação Digital veio para aprendermos a utilizar a tecnologia em prol de nós mesmos, seres humanos.
Mas as mudanças estão vindo em ritmo acelerado e criando uma competição que já ultrapassa o nível da concorrência. Hoje, todos os mercados estão disputando os mesmo consumidores e, nessa disputa, ganha quem entregar mais rápido experiências digitais – e até mesmo pessoais – incríveis para seus clientes.
“Esse é o momento do Darwinismo Digital – uma era onde tecnologia e sociedade estão evoluindo mais rápido do que o mercado consegue acompanhar. Isso cria o cenário propício para uma nova era de lideranças, uma nova geração de modelos de negócio que é impulsionada pelo mantra “adapte-se ou morra”.”
– Klaus Schwab, Fundador e Presidente Executivo do World Economic Forum
Apesar do nome e de sua base tecnológica, a Transformação Digital não exige obrigatoriamente tecnologia de ponta para tornar sua empresa um líder de mercado.
Seu foco na experiência do cliente busca justamente um tratamento mais humano, que atende às expectativas do consumidor durante toda a jornada de compra e, assim, cria o valor agregado que você procura para o seu negócio.
Claro que, como estamos falando de clientes exigentes do século XXI, a abordagem digital é uma obrigatoriedade. Mas você não precisa de um Watson para entregar o produto ou serviço que seu consumidor espera.
De qualquer forma, esta nova era exige que as empresas se forcem a atender às expectativas de seus clientes e, a partir daí, começam a surgir modelos de negócios disruptivos – aqueles que vão canibalizar todo tipo negócio que você conhece atualmente.
Podemos caracterizar como disruptivo o modelo que foge do que está sendo feito – ou, no caso de muitos mercados ainda vigentes, do que sempre foi feito. Negócios disruptivos são aqueles que entregam produtos ou serviços com mais qualidade, agilidade e que agregam valor à experiência do consumidor.
Em suma, esses novos modelos de negócios utilizam ferramentas digitais para colher dados de pesquisa, desenvolvimento, marketing, vendas e até distribuição e analisá-los com foco na melhora da jornada de compra.
Para entender melhor do que estou falando, eu separei os 8 modelos de negócios mais inovadores que vemos hoje em dia.
Modelos de negócio inovadores
Modelo de Assinatura
O modelo de assinatura foi, na verdade, o responsável pelo início da Transformação Digital, quando a Netflix desbancou a Blockbuster em 2007 – oferecendo filmes em streaming ao invés de aluguel.
O modelo consiste em oferecer produtos/serviços, definidos previamente, através de um pagamento mensal, sendo possível fazer um upgrade do que é oferecido através de um aumento no preço da assinatura.
Além da Netflix, o Dollar Shave Club e o Kindle Unlimited foram pioneiros neste formato, oferecendo amplo acesso ao que antes era adquirido em poucas unidades – e, muitas vezes, só quando necessário.
Modelo Free
Este modelo consiste em oferecer produtos/serviços de graça. Simples, não é?
Na verdade, não.
Em troca, os consumidores acabam oferecendo informações pessoais. Quanto mais o produto ou serviço é utilizado, mais informações são colhidas para depois serem comercializadas.
Ou seja, na verdade, o público final deste modelo não é o consumidor, mas sim as empresas que compram as informações coletas e/ou fazem publicidade destinadas aos usuários do produto/serviço.
Parece familiar?
Claro, afinal, é com este modelo que mais interagimos diariamente, seja no Google ou em redes sociais, como o Facebook e o Instagram.
Modelo Freemium
O modelo Freemium também é amplamente utilizado por quem vive o ambiente digital diariamente. Nele, serviços básicos podem ser utilizados gratuitamente – novamente, em troca de informações e possível impacto publicitário – e upgrades do produto/serviço são oferecidos através de uma assinatura mensal.
Exato, estamos falando praticamente do Modelo Free + Modelo Assinatura sendo utilizados pela mesma empresa, ao mesmo tempo. Mas não se engane, ele continua sendo muito benéfico ao consumidor, que tem a oportunidade de escolher a forma como gostaria de utilizá-lo.
Perceba que, neste modelo, é possível lucrar através da assinatura mensal, da venda de dados e do espaço publicitário. Bom, não?
Dentre as principais empresas que o adotaram, estão o Spotify, o LinkedIn e o Dropbox. Mas nos deparamos com ele também em um canal de notícias, por exemplo, que permite a leitura mensal de 20 matérias para usuários Free e acesso ilimitado a usuários Premium.
Modelo On Demand
Como o nome já diz, o modelo on demand é utilizado de acordo com a necessidade do consumidor. Aqui, o que vale é entrega de altíssima qualidade, com agilidade e conveniência – acesso instantâneo a um produto/serviço Premium.
Apesar de ser um modelo de risco, quando feito da forma correta é um dos mais propícios a se tornar disruptivo em qualquer tipo de mercado.
No Brasil, a empresa mais conhecida que utiliza este modelo de negócio é a Uber. Lá fora, os gigantes Operator e TaskRabbit também estão entre os principais beneficiados por ele.
Modelo Marketplace
Um velho conhecido dos brasileiros, o modelo de marketplace é utilizado pelo Mercado Livre há anos.
A ideia é oferecer uma grande variedade de produtos/serviços que a empresa nem ao menos possui. Ou seja, criar uma plataforma que serve como uma grande vitrine e põe em contato direto vendedores e compradores, facilitando transações comerciais e lucrando através uma pequena porcentagem de cada venda.
Além do Mercado Livre, temos outros conhecidos nossos utilizando este modelo, como o eBay e o iTunes.
Modelo de acesso sobre propriedade
Este é o modelo do “as a service”.
Conhecido lá fora como “everything as a service” ou, como defende Murilo Gun, “Life as a service” em um futuro não tão distante, este modelo permite que tudo se torne um serviço e é muito parecido com um aluguel.
Nele, uma das partes oferece algo de sua propriedade durante tempo limitado à outra parte – o que o classifica como um modelo de economia compartilhada.
Este, na minha opinião, é o modelo que mais vai crescer a curto prazo, dado o sucesso de empresas como o AirBnb, ZipCar e Peerby.
Modelo de Ecossistema
Colocando em outras palavras, “Modelo Dependência”.
Esta é a grande aposta de empresas como o Google e a Apple, que criam uma gama enorme de produtos e serviços intimamente interligado e que nós, meros mortais, nos tornamos dependentes.
A maior vitória do modelo é a dificuldade que o consumidor tem de sair dele – apesar dos grandes benefícios que ele trás. Como Jo Caudron e Dado van Peterghem exemplificam:
“o iPhone quebrou? Que pena que agora você já comprou um MacBook e um Apple Watch. Agora, vai ter que comprar outro iPhone”.
Modelo de Experiência
Como sempre dizemos, experiência do consumidor acima de tudo.
É isso que busca a Tesla, por exemplo, através deste modelo de negócio (caso você não conheça a empresa, vale a pena conferir o site).
Em geral, as empresas que optam por este modelo estão inseridas em mercados extremamente competitivos e, para se destacar, oferecem produtos ou serviços únicos – cobrando acima do valor de mercado por isso.
Entre outros exemplos de empresas que adotaram este modelo, estão Apple e a KLM Royal Dutch Airlines.
A Transformação Digital abriu novos mercados e, graças ao poder que os consumidores têm em mãos atualmente, as empresas precisam suprir demandas que nunca viram antes.
Para supri-las, é necessário ir a fundo quanto às expectativas do consumidor e atendê-las de forma única, inovadora e digital – sempre de acordo com hábitos do público que a sua empresa visa atingir.
E não se engane: estes são só alguns modelos. Inúmeros outros ainda irão surgir daqui pra frente. A Transformação Digital está só começando.
Para não ficar para trás nesta era cada vez mais competitiva e canibal, aprenda desde o início o que é Transformação Digital e como ela está mudando todos os setores do mercado.