A pandemia do novo coronavírus está obrigando a sociedade a se reinventar e acelerar a transformação digital. O que antes não passava de tendência acabou se tornando urgência, afinal, organizações de todos os setores vêm enfrentando desafios jamais imaginados.

Embora os momentos de crise sejam vividos com angústia, há uma série de lições que se pode tirar deles. Há poucos meses o home office era completamente descartado por uma série de empresas, e agora se destaca como a alternativa mais segura para os trabalhadores. Em poucas semanas, a telemedicina despontou como modelo fundamental de assistência à saúde, as videoconferências como solução para os estudos, o e-commerce para a garantia de mantimentos sem sair de casa.

Pois é, se antes muitos ignoravam ou adiavam a necessidade da transformação digital, a mudança de cultura e a adoção de tecnologias já são essenciais para a sobrevivência dos negócios. Nesse cenário, a capacidade de adaptação, de obtenção de insights e de assertividade nas tomadas de decisão aparecem enquanto prioridade em todos os segmentos.

De fato, é no caos que diversos modelos de negócios surgem. Você sabia que muitas das soluções utilizadas hoje foram desenvolvidas na crise de 2008? Para quem não lembra, naquela época houve um colapso financeiro que arrasou a economia mundial. No dia 15 de setembro daquele ano, o tradicional banco norte-americano de negócios Lehman Brothers declarou falência, gerando pânico global. Pessoas sem condições de pagar suas hipotecas tiveram de abandonar suas casas, grandes indústrias fecharam as portas, houve desemprego em massa e os preços dos alimentos dispararam.

Doze anos depois, o mundo está mais uma vez enfrentando uma dura batalha. Para além das questões econômicas, inevitáveis com a pandemia, é necessário lidar com um inimigo invisível, responsável, até o momento, por cerca de 350 mil infecções. É hora de pensar em como sair mais forte de toda a situação e começar a refletir sobre como será o mundo pós-COVID-19.

Lições da China

A pandemia teve início na China, no final de 2019. O número de casos da doença começou a aumentar por volta do dia 20 de janeiro e chegou ao pico no mês seguinte. Agora, o país asiático começa a respirar aliviado, já que as transmissões comunitárias foram zeradas. Sim, a China já passou pelo pior, e um dos principais pontos que merecem ser destacados é que os chineses agiram em alta velocidade para frear o problema. Além disso, eles utilizaram alta tecnologia para dar conta de todo o processo, incluindo meios diagnósticos, controle para evitar novas infecções e migração para outros modelos de negócios. Nesse sentido, nos últimos meses muitas empresas passaram do físico para o digital.

A China é realmente um grande exemplo de como se adaptar rapidamente a uma nova realidade. E neste momento, esse será o diferencial para empresas e profissionais. Após o surto do novo coronavírus, o mundo perceberá que quem possui essa capacidade de adaptação sobreviverá no mercado. É necessário resiliência e criatividade. É preciso transformar a crise em oportunidade.

Há pouco, falei sobre a crise de 2008. Foi naquele ano que as pessoas perceberam que poderiam ganhar dinheiro com seus próprios bens. Foi assim que surgiram empresas como a Uber e a AirBnB, referências da sharing economy. E veja como o mundo muda constantemente. Essas duas gigantes agora devem sofrer com a pandemia, afinal, as pessoas não estão saindo de casa – e muito menos viajando.

Mudanças de mindset

Sem dúvidas, a maioria dos negócios será afetada pelo novo coronavírus. Com shoppings, restaurantes, academias, escritórios, universidades e tantas outras organizações fechadas (e sem previsão de abertura), como se manter relevante? É hora de buscar conhecimento e mudar o posicionamento. Se as pessoas estão abrindo mão dos seus produtos ou serviços, não adianta seguir fazendo o que você está acostumado. Situações como as que o mundo está passando fazem com que o consumidor fique retraído e gaste apenas com o necessário. Então, que tal aproveitar a fase para refletir sobre novas oportunidades, expansão de atividades ou inovação?

Apesar de as pessoas estarem poupando recursos, alguns gastos precisam ser feitos. Por exemplo, muitos estão trabalhando remotamente pela primeira vez, o que pode demandar para grande parcela a compra de infraestrutura. No momento, tudo está sendo feito em casa, inclusive o lazer. Na Itália, por exemplo, o download de serviços de streaming, como Netflix e Amazon Prime Video, aumentou 60%.

Falando em streaming, já é possível observar as mudanças acontecendo no mercado. A Universal Studios anunciou que lançará o filme Trolls 2 via streaming, já que os cinemas estão fechados por tempo indeterminado. Será que os resultados serão melhores do que se a estreia acontecesse no cinema?

A ordem para quem deseja sobreviver no mercado é se preocupar com o que virá. Embora não se saiba quando, assim como aconteceu há 12 anos, a atual crise vai passar. Como será? Com certeza, diferente. As pessoas estão mudando, e consequentemente as empresas precisarão mudar. Toda situação adversa influencia o comportamento humano.

A previsão é de que, ao final da crise, 25% dos colaboradores continuem trabalhando em suas casas pelo menos uma vez por semana. A empresa de cosméticos Lin Qingxuan fechou 40% das suas lojas na China, sendo que todas interromperam as atividades em Wuhan, onde começou a pandemia. Utilizando consultoras, a companhia migrou para o online e aumentou as vendas em 200%.

A hora é de solidariedade e reflexão. As crises mudam padrões e despertam ideias inovadoras, capazes de mudar o mundo. O importante é se manter motivado, engajado e com a certeza de que em breve será possível explorar oportunidades nunca imaginadas. Por aqui, sigo na torcida para que todos saiam mais fortes dessa situação o mais rápido possível.

Igor Lopes

Diretor de Conteúdo no TD Jornalista que cobre o mercado de negócios em tecnologia há quase 15 anos e já viajou o mundo cobrindo os principais eventos de inovação como CES, Mobile World Congress, Oracle Open World e vários outros. Passou pelos principais veículos especializados em tecnologia do Brasil: na NZN, foi diretor de conteúdo das sete propriedades do grupo (Tecmundo, The BRIEF, entre outros), e no Canaltech foi editor-chefe e cofundador do site. Desde 2018 mostra o know-how adquirido ao longo da carreira em sua coluna de tecnologia no BandNewsTV e como diretor de conteúdo do ecossistema de inovação, TransformaçãoDigital.com.

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