Ao término do ano passado, recebi um e-mail do Uber com a minha retrospectiva de uso. Fiz minha primeira viagem pelo aplicativo em 20/01/2016 e, ao todo, 166 viagens no ano. Até então utilizava táxi, mas com uma rotina muito menor.
Através de tecnologia e modelos de negócio mais ágeis e atuais, novas empresas estão entrando e revolucionando mercados existentes, mudando o status quo e atraindo novos clientes, como o caso do Uber.
Os taxistas, que até então eram os principais players da categoria, não avaliaram os possíveis novos entrantes, nem a maior exigência do consumidor. Quando perceberam, já era tarde.
O mesmo segue acontecendo com empresas de diversos nichos e tamanhos que não respondem a tempo as transformações do mercado. Para ter sucesso nesse ambiente digital “adapt-or-die“, empresas precisam estar aptas a mudar rapidamente o jeito como criam e entregam valor aos consumidores.
Mudanças de Mindset
Ao longo dos últimos anos, temos visto uma grande mudança no mindset das empresas em como operacionalizar e inovar, tomando como base o sucesso das startups. Práticas como Lean, Agile entre outros, ganham cada vez mais espaço. Tudo isso para acompanhar a velocidade e dinâmica dos negócios.
Esse movimento tem levado a transformação digital às empresas, que representa a transição de plataformas, produtos e workflows inflexíveis para uma jornada “permanentemente ágil”.
Segundo uma pesquisa do MIT Sloan Review com executivos em 2016, 59% dos entrevistados acreditam que as tecnologias serão transformadoras em seu ramo de atuação. Além disso, 77% das empresas entrevistadas pretendem adotar uma estratégia digital nos próximos cinco anos, sendo que 14% pretendem adotar em um ano.
O desafio começa por onde e como aplicar essa transformação. Quem irá fazer? Qual o planejamento? A maioria das empresas não está preparada para uma mudança tão grande em seu modelo de negócio.
O que impulsiona a Transformação?
Esse processo é uma revolução cultural que atinge todos os graus hierárquicos da organização e poucas pessoas estão abertas a realizá-lo – inclusive seus líderes.
Ele deve começar pela revisão da visão e estratégia da empresa, buscando um ambiente mais data driven, ágil, colaborativo, aberto a experimentação e inovação contínua.
É um processo corporativo que envolve todas as áreas da empresa, do RH a TI, passando por produto, comercial, entre outras, de forma a eliminar os “silos”, criando um ambiente mais colaborativo e de interação entre os envolvidos.
A transformação digital é definida de forma estratégica, mas sua operacionalização é suportada por alguns pilares: Práticas, Frameworks, Tecnologias, Pessoas e Cultura.
Não existe um “blueprint” padrão para a aplicação destes conceitos, mas algumas melhores práticas.
Em tecnologia, o uso de Analytics junto com o Big Data tem sido muito utilizado para tornar as empresas mais Data Driven. Existe uma tendência muito grande de adoção do Cloud para conseguir uma maior flexibilidade e escalabilidade de infraestrutura, aliado ao direcionamento de uma arquitetura orientada a serviços e aplicação do DevOps na operação de TI, de forma a garantir uma plataforma que responda com agilidade as necessidades do negócio.
Essas tecnologias, atreladas a uma gestão de portfólio com foco na estratégia e práticas mais colaborativas como Agile, Lean e Design Thinking, permitem um resultado mais assertivo como um todo.
Alguns frameworks de mercado são um conjunto de práticas que dão um direcionamento para a empresa em diversas áreas, como TOGAF para arquitetura empresarial e SAFe (Scaled Agile Framework) ou Nexus para aplicação de ágil de forma corporativa e escalável.
Transformação para todos
Todas essas ferramentas são base para uma mudança maior, que envolve cultura e, principalmente, pessoas. Esse é o maior desafio da transformação digital: a organização como um todo deve convergir para um mindset transformador, onde o todo é mais valorizado que as partes, eliminando silos e fomentando ações colaborativas, inclusive na tomada de decisão.
Hierarquias são quebradas e responsabilidades são compartilhadas. As pessoas são “empoderadas” e motivadas a fazer parte da transformação.
Essa transformação não é mais uma questão de opção. É um processo necessário, contínuo e sem um fim determinado. Não se trata apenas de evolução tecnológica, mas da quebra total de paradigmas para uma visão mais dinâmica, colaborativa, com foco no cliente, onde a mudança é a única constante.
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