Se você busca recursos para alavancar o seu negócio, precisa saber o que é venture capital e como compará-lo às alternativas disponíveis. Essa atitude é essencial para que você encontre a modalidade mais alinhada à sua empresa e evite perder tempo com o que não resolve o seu problema.
Nessa avaliação é preciso considerar que você não está apenas levantando recursos, mas aliando-se a um parceiro. Algumas modalidades de investimento implicam em um envolvimento maior do investidor, outras proporcionam mais autonomia — e, consequentemente, menos apoio à gestão.
Portanto, estamos falando de uma decisão estratégica para o seu negócio. Neste post nós ajudaremos você a fazer a comparação entre duas importantes alternativas de captação. Ao final, você terá todas as informações que precisa para decidir qual delas se encaixa melhor no seu caso.
O que é venture capital?
Como o próprio nome indica (“capital de risco”), qualquer investimento de risco pode ser referido por essa modalidade de investimento. Contudo, o venture capital (VC) geralmente está direcionado para empresas de médio porte com o objetivo de criar condições para um rápido crescimento e uma elevada rentabilidade.
O aporte é lastreado por cotas na forma de aquisição de ações ou de direitos de participação. Em razão disso, há um compartilhamento da gestão do negócio entre o investidor e o empreendedor — já que estamos falando em uma participação societária.
Normalmente, os investidores se reúnem em fundos de investimento estruturados como uma empresa. Portanto, nesse caso há o envolvimento entre duas organizações com figura jurídica própria — a sua e a que representa o fundo.
O envolvimento é semelhante ao que ocorre no caso de um investidor anjo — ou seja, você receberá apoio e haverá compartilhamento de conhecimento com o objetivo de garantir uma boa gestão.
A diferença é que, no caso do venture capital, o foco está em financiar empreendimentos que estão mais estruturados, provaram seu potencial e precisam de recursos para expandir suas operações. O objetivo é acelerar e sustentar o negócio buscando consolidá-lo no mercado.
Veja, por exemplo, o caso da Easy Taxi. Anos atrás, o aplicativo de corridas de táxi despontou no Brasil e pôde expandir sua atuação para vários países. O VC foi uma ótima alternativa para garantir o investimento necessário e dar apoio à gestão do negócio.
Também é muito comum que o VC seja utilizado nos casos em que é preciso viabilizar grandes operações comerciais, de aquisição e de fusão ou para preparar o empreendimento para abertura de capital na bolsa de valores.
O grupo Kroton, da Faculdade Anhanguera, é um exemplo no caso de aquisições. O VC permitiu aquisições que elevaram o faturamento do grupo de R$ 342 milhões (2009) para R$ 1,9 bilhões (2013).
Quais as vantagens e desvantagens do Venture Capital?
Apoio à gestão
Contar com a experiência de um grande investidor é um grande benefício. Ao aportar uma quantia representativa no seu empreendimento, o fundo passará a ter um interesse direto no seu sucesso e, para isso, ele dividirá o seu conhecimento e sua vivência com você.
Como estamos falando de um caso de expansão, isso significará uma maior estruturação dos seus processos de gestão e controle, que darão maior segurança e, com o investimento, aumentarão as suas chances de sucesso.
Administração profissional
Outro ponto positivo é que os fundadores de uma empresa a percebem como uma criação própria. Há um mindset próprio, uma relação emotiva e apaixonada com o negócio, o produto e o serviço que, afinal, são quase como filhos.
Essa paixão tem aspectos positivos inegáveis, mas quando ela incorpora uma visão mais fria, lógica e profissional, passa a enxergar o mercado, o cliente e as suas estratégias de outro ponto de vista. Existindo maturidade entre os envolvidos para equalizar essas diferentes visões, o ganho é evidente.
Porte do investimento
Os fundos de VC costumam investir valores entre R$ 2 e R$ 10 milhões. Para a maioria das empresas brasileiras, podemos considerar essa média como um investimento significativo. Em razão disso, ela se torna mais estruturada e o seu potencial pode ser aproveitado em um patamar realmente superior.
Alto crescimento
Em razão do porte do investimento, o crescimento do negócio é muito mais acelerado. Afinal, esse é o objetivo que justifica o VC: os fundos procuram empresas com potencial de crescimento que, com a iniciativa, aproveitam a oportunidade.
Visão de longo prazo
Como estamos falando de uma participação societária e um projeto com a ambição de criar um grande negócio, o VC é pautado em uma visão de longo prazo. Isso não significa que não haverá pressão para que os resultados de curto prazo apareçam, mas que se trata de uma parceria duradoura.
Necessidade de maturidade do negócio
Mesmo entre as empresas mais bem estabelecidas no mercado, com uma boa validação de produto e potencial de crescimento, algumas não possuem a maturidade de visão e gestão necessárias a esse tipo de investimento.
Um empreendimento com problemas fiscais, altos riscos trabalhistas e dificuldades de gestão mais complexas se torna menos atrativo. É verdade que esse ponto interfere em qualquer modalidade de investimento, mas é bastante significativo no VC.
Diminuição da autonomia
Ao mesmo tempo em que o modelo apoia as atividades de gestão, a autonomia dos fundadores para tomadas de decisão diminui. Uma empresa pequena costuma refletir a personalidade dos proprietários e isso é menos marcante no caso do modelo administrativo em questão.
Esse não é um fator definitivo: o caso da Apple é um bom exemplo de influência do fundador e, ao mesmo tempo, de conflitos com os investidores e gestores. Contudo, é preciso habilidade para lidar com uma interferência que não existia. Isso inclui cobrança por resultados e pelo desenvolvimento de competências.
Quais as diferenças entre venture capital e o ICO?
Finalmente, chegou a hora de comparar as duas modalidades de investimento. A ICO (“Initial Coin Offering”, ou “Oferta Inicial de Moeda”), ao contrário do VC, não implica em interferência e apoio nem exige maturidade do negócio — ela é comumente usada na abertura de empresas.
O modelo consiste na arrecadação de investimento em um processo parecido com o crowdfunding, mas por meio de uma moeda digital. A empresa desenvolve um projeto com o objetivo de atrair interessados em financiá-lo que, em vez de receber uma recompensa e de apoiar propostas em que acreditam, esperam obter lucro.
A empresa disponibiliza uma blockchain e, assim, os investidores podem comprar unidades de moeda digital proporcionais ao percentual de valor da empresa que foi disponibilizado para investimento, mas não na forma de participação societária.
Segundo a Exame, foi o que aconteceu com a Ethereum, uma plataforma que arrecadou U$ 18 milhões de dólares. A reportagem ainda afirma que as ICOs já superaram U$ 1 bilhão em captação.
Pois bem, agora que você sabe em detalhes o que é venture capital e entendeu a lógica da ICO, fica fácil perceber que a alternativa digital é menos burocrática, mais ágil e informal. Em virtude disso, não há a mesma segurança — o que não significa que não exista a possibilidade de arrecadar altíssimos valores.
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