Dados se tornaram um dos ativos mais valiosos em uma empresa, porque, hoje, é a partir deles que planejamentos são feitos e decisões são tomadas. A Data Literacy é um conceito que consolida a relevância da gestão de dados e vem se tornando cada vez mais importante para um negócio.

As tecnologias da informação avançaram em um ritmo frenético nas últimas décadas. Até os anos 1990, os escritórios estavam atolados de papel e de planilhas. Com o surgimento da nuvem, informações começaram a transitar de forma virtual, e esse foi o estopim para a era digital, na qual tudo está conectado e produzindo dados, com menor ou maior utilidade.

O mundo precisou então aprender a lidar com informações de todas as naturezas, origens e formatos. É aí que surge a noção de Data Literacy (ou alfabetização de dados), que prevê que colaboradores e soluções tecnológicas “falem” dados como se fossem uma nova língua.

Siga a leitura deste artigo e compreenda melhor o que é essa tendência, descubra a importância do Data Literacy e aprenda como implementá-la em sua empresa.

O que é Data Literacy?

Segundo a consultoria Gartner, Data Literacy é a capacidade de ler, escrever e comunicar dados de forma contextual. Significa dizer que a alfabetização de dados fornece o entendimento de quais deles precisam ser rastreados, como devem ser lidos e como usá-los para otimizar o negócio.

Do dado estruturado ao não estruturado, tudo tem valor informacional: textos, áudios, imagens, vídeos, códigos de barras, QR-codes, coordenadas geográficas etc. Daí vieram os métodos de Analytics, o Business Intelligence, o Big Data, a Computação Cognitiva. Todos com o mesmo objetivo: prever movimentos, antecipar oportunidades, preparar as empresas para enfrentar desafios que se aproximam.

Esse cenário tornou-se propício para o surgimento de um procedimento de reeducação, no qual pessoas, processos e tecnologias precisam desenvolver a capacidade de ler, entender, criar e comunicar dados como informação estratégica, o principal papel da Data Literacy. Nesse contexto, os dados devem estar internalizados de tal forma nas organizações a ponto de serem insumos para todo direcionamento a ser tomado, em todos os setores do negócio.

O Data Literacy traz qual contribuição à Transformação Digital?

A materialização dessa necessidade de alfabetização deve se dar em todos os momentos que envolvem processos empresariais, sejam eles operacionais ou gerenciais. Exemplos são fáceis de serem apresentados: podemos começar com reuniões, não importa se são para diretrizes táticas ou para planejamentos estratégicos.

Esses encontros, presenciais ou digitais, devem ser conduzidos com base em dados, a partir de painéis, dashboards e interfaces gráficas que permitam a gestores e seus times a plena visualização de estatísticas e de cenários.

É aí que entra a importância do Data Literacy nas empresas: de que adianta ter esse arsenal de informação estratégica se as pessoas envolvidas não sabem transformar isso em algo valoroso para o negócio? E mais! Como pode haver uma revolução digital dos modelos de atuação se as pessoas e os processos empregados não estão prontos para consumir o principal insumo da era digital?

O fato é que uma coisa não funciona sem a outra: ser digital é ter, na essência do negócio, o dom para lidar com dados durante todo o ciclo de vida do empreendimento. Por meio de uma alfabetização de dados já consolidada na organização, abre-se um caminho para negócios inteligentes, aptos a responder à altura as demandas que o mercado apresentará (e modificará) a todo momento.

Como alfabetizar equipes quanto à relevância dos dados do negócio?

Dados são uma força vital para as organizações, e é por isso que as lideranças precisam se preocupar em favorecer um aprendizado adequado em torno desse ativo. As empresas têm investido cada vez mais em tecnologias disruptivas de análise de volumes vultosos de dados.

Assim, não pode haver desperdício desse esforço em função de um capital humano deficitário, em termos de conhecimento e de capacidade de lidar com informações. Se o objetivo dos gestores é garantir que os funcionários consigam obter insights significativos dos dados e possam aplicá-los em benefício do negócio, é preciso promover algumas iniciativas:

Tecnologias apropriadas

É indiscutível que uma análise efetiva de dados só acontece por meio da adoção de inteligências computacionais de ponta. Soluções de Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning são algumas das ferramentas mais utilizadas na atualidade.

Pensamento crítico

De nada adianta um software que ofereça análises complexas se não há, nas pessoas que devem enxergar o tom estratégico daquelas informações, uma visão crítica para considerar o que é bom, o que é ruim, o que precisa ser potencializado e qual a rota indicada por gráficos e relatórios gerados em tempo real.

Cultura de dados

Capacitar pessoas é uma tarefa árdua se não há um terreno favorável à disseminação de conceitos, valores e ideais em torno do que deve ser feito com dados do negócio. Por isso, é necessário investir em uma cultura organizacional voltada à exaltação dos dados como peça-chave para o sucesso da organização.

Livre acesso aos dados

É impossível estabelecer uma política de Data Literacy sem que todos os colaboradores possam acessar, sem burocracias, bases de dados e resultados estatísticos. Além disso, é preciso oferecer capacitação para manipulação de plataformas de análise de dados e montagem de relatórios com parâmetros redefinidos de acordo com a necessidade do momento.

Liderança pelo exemplo

Já se foi o tempo no qual os gestores eram donos da informação e colaboradores recebiam apenas recortes do que os seus superiores compreenderam a respeito do dado original. É indispensável quebrar fronteiras de cargos e permitir que todos possam utilizar dados como principal subsídio para o trabalho do dia a dia, seja em qual departamento for.

O Data Literacy é uma aposta para o futuro

Interpretação é a essência do que se espera de uma boa estratégia de Data Literacy. Pessoas e processos aptos a compreender o que dados “dizem” é o objetivo da alfabetização de dados.

É como se a empresa declarasse que passou a adotar uma nova linguagem para se comunicar, mas antes disso ela precisará aprender a identificar fontes, rastrear e coletar dados, além de transformá-los em algo inteligível e de alto valor agregado. Essa alfabetização não é mais coisa do futuro e já finca raízes sólidas nas empresas que compreenderam como o uso de dados é um caminho sem volta.

Nesse contexto, o verbo condutor é “compartilhar”, para que todos possam alcançar dados e dar contribuições para a transformação desses elementos em insights, predições e realinhamentos na trajetória empresarial. Não à toa, o Data Literacy prega que o conhecimento analítico e crítico sobre dados deve ser a segunda língua falada nas empresas — um idioma tão influente que já está claro que veio para ficar.

Esdras Moreira

CEO na Introduce Formado em Redes de Computadores, com especializações em Gestão de Pessoas, Coaching e MBA em Marketing. É co-founder da introduceti.com.br, que conduz o crescimento dos negócios através de estratégias e tecnologias. Além disso é investidor no projeto Globin.it, Middas e Grupo 3Minds.

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