Imagine um lugar onde carros dirigem sozinhos e os postos não possuem combustível fóssil. Onde uma universidade oferece educação de qualidade sem o auxílio de ao menos um professor. Um lugar onde lojas são atendidas por robôs  entregas são feitas pelo ar através de drones. Um lugar onde grandes mentes trabalham juntas e criam negócios lucrativos que muitos sequer imaginam possível. Você diria, no mínimo, que se trata de uma visão das nossas cidades daqui alguns anos ou décadas.

Na realidade, este local é bem real e não é nenhum segredo para o mundo: o Vale do Silício. A região é muito conhecida por ser um polo de talentos e gênios, sendo a sede criativa de gigantes da tecnologia e universidades renomadas mundialmente. Além disso, o local abrange outras empresas de alto investimento que injetam muito dinheiro pra região.

O vale é tão importante para o mundo dos negócios que seu alcance avança por outros setores além da tecnologia. É de lá que startups e negócios inovadores desenvolvem ferramentas que impactam profundamente setores como educação, financeiro, saúde e o agronegócio.

Aliás, o vale do Silício é um exemplo claro de uma grande mudança causada pela transformação digital. Empresas de tecnologia estão cada vez mais expandindo e misturando suas áreas de atuação, invadindo e tomando mercados que até então estavam estagnados pela dominação de empresas mais consagradas no setor.  

Mas o que de fato leva a criação e desenvolvimento destas empresas na região, e por qual motivo não vemos outros polos empreendedores e inovadores deste nível ao redor do mundo? Qual é o segredo?

Podemos pensar que o que divide uma região e a transforma nesse polo é simplesmente o capital e os incentivos investidos na região. Instale uma universidade de primeira linha, incentive grandes empresas a buscarem estes profissionais, crie políticas de incubação tecnológica e empreendedora e pronto, temos uma receita pronta para um polo industrial e tecnológico.

Mas se soa tão simples, porque não existem outros “vales do silício” espalhados por aí? É claro, existem muitos locais parecidos ao redor do mundo, como a Tech Coast, na califórnia, ou o Cyberport em Hong Kong e até mesmo polos em crescimento, como o que está acontecendo em Florianópolis, Santa Catarina (a recente mudança da Peixe Urbano para a capital  é um exemplo de como a movimentação tecnológica da cidade está crescendo). Porém, nenhum destes locais – até agora – foram capazes de atingir o patamar alcançado pela região do Vale do Silício.

A verdade sobre o vale do silício é que se trata muito mais de uma questão de mindset do que de geografia. Este mindset ecoa pelas fábricas e empresas da região e pode ser um pouco difícil de se observar em uma perspectiva exterior. Essa “cultura do avanço” é reforçada por uma série de fatores, da atitude colaboracionista das empresas até a própria transformação digital encabeçada por empresas como Google, Uber, Tesla e Airbnb.

Porém, o principal diferencial contido no mindset da região está na atitude referente ao ato de errar. Não se trata apenas de abraçar os erros e aprender com eles, mas de compreender que errar faz parte do processo de desenvolvimento de um negócio. Segundo os CEO’s do Vale, para garantir o sucesso, é preciso tentar, independente de quantas vezes dê errado.

Esse pensamento tem origens no design thinking, e pode ser tão poderoso para empresas que o próprio governo americano o incentiva através da legislação estadual, que trata assuntos júridicos com mais leveza do que em outras regiões, por exemplo.

Outro fator de importância para as empresas do vale possui um caráter ligeiramente filosófico: a objeção ao status quo. Afinal, inovar significa exatamente isso: negar o comum e abraçar o novo e ainda desconhecido.  

O vale é recheado por uma ideia compartilhada entre empresas que o que fazem lá é mais do que trazer dinheiro e novidades. Trata-se de buscar um mundo melhor, mais ágil, conectado e eficiente.

vale do siício

Isso significa uma eterna busca por métodos que melhorem a produtividade e o engajamento na jornada do colaborador.

Esse processo pode variar de empresa para empresa, mas as atividades envolvidas atualmente está fortemente enraizado na transformação digital. De fato, o vale é considerado por muitos como “a meca da disruptura digital”.

Mas é claro que nem tudo são flores. A alta procura na região fez com que o governo aumentasse as taxas e impostos a um nível quase inacreditável, levando bancos de dados e dinheiro para fora da região. Além disso, muitas empresas de médio porte – com até 50 funcionários – tem encontrado cada vez mais problemas em manter seus colaboradores devido ao alto custo envolvido, principalmente de saúde.

E por último, o controle exacerbado do governo em campos como mídias sociais, cloud storage e big data estão levando embora muitos jovens empreendedores, que buscam abrigo em outros polos tecnológicos ao redor do mundo, principalmente para a Ásia.

Esta última dificuldade enfrentada pelas empresas do Vale do Silício pode ser vantajosa na melhoria dos polos tecnológicos ao redor do mundo. Isso porque há outro fator importante para o sucesso de uma região como essa: a pluralidade de ideias e pessoas.

As empresas e startups de sucesso buscam conhecimento fora das suas linhas comuns de orientação e aprendizagem, na esperança de adquirir conhecimentos mais plurais e expandir os negócios em mais de uma vertente.

A verdade é que independente de onde o seu negócio se encontra, a relação íntima entre o setor de tecnologia e inovação atingiu um novo patamar nos dias de hoje.

Ela está expandindo em um processo inevitável onde, em dado tempo, se fundirá aos outros setores. Em breve, toda empresa será também uma empresa de tecnologia. Você está pronto para esse novo desafio?

Prepare-se com a gente: aprenda o que é Transformação Digital e quais suas consequências para o mercado.

Tiago Magnus

Fundador do Transformação Digital Tiago Magnus atuou nos últimos 10 anos em projetos digitais, trabalhando com marcas como Lenovo, Carmen Steffens, Mormaii, VTEX, Carrefour, Centauro, entre outras, e como sócio de uma das principais agências digitais do Brasil. Hoje, é Diretor de Transformação Digital na ADVB e Fundador do TransformacaoDigital.com.

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