A oportunidade de vivenciar uma jornada de trabalho remoto ou flexível é o sonho de muitos brasileiros. E quando falamos “muitos”, nos referimos a 81% dos profissionais.
Engana-se quem acredita que esse tipo de rotina pode ser aplicado exclusivamente em empresas de tecnologia. Afinal, na visão de um departamento de RH, ela traz benefícios que vão muito além da comodidade.
Para explicar isso, o primeiro ponto a ter em mente está dentro de nós, mais precisamente no nosso ciclo biológico. Cada pessoa é diferente, cada um tem o seu período do dia em que é mais produtivo. Alguns rendem mais pela manhã, outros durante à tarde e alguns até mesmo à noite.
Neste aspecto, possibilitar que um profissional trabalhe no horário em que se sente (e na verdade é) mais produtivo, se mostra como uma opção no mínimo interessante a ser buscada por um departamento de RH.
Mas antes de ir um pouco além em busca das vantagens e cuidados com este tipo de trabalho, é bom entendermos um pouco melhor sobre o seu “formato”.
Diferença entre trabalhar remoto e ter flexibilidade no trabalho
É bom notar que temos duas keywords muito importantes neste assunto: “Trabalho Remoto” e “Flexibilidade no Trabalho”.
O trabalho remoto (ou à distância), muito disseminado entre profissionais de TI, freelancers e nômades digitais, é uma forma de se ter flexibilidade de horários e local, seja dentro de uma empresa, seja com o seu próprio negócio. O grande apelo aqui é poder trabalhar quando e onde quiser.
Já a flexibilidade no trabalho é tema mais corriqueiro dentro de departamentos de RH ou entre gestores. Uma jornada de trabalho maleável não significa que um funcionário esteja remoto 100% do tempo. Ele pode fazer isso em momentos ou dias específicos.
Dependendo do formato da empresa, algumas tarefas serão melhor resolvidas presencialmente. Já outras, são facilmente executadas à distância, seja em casa, em um coworking, ou em qualquer lugar, para que o colaborador possa desfrutar de um benefício muito escasso hoje em dia: o tempo de vida.
O trabalho remoto é para todos?
Bom, isso depende mais da própria pessoa do que da empresa. Pela necessidade de uma rotina, ou até por preferirem um ambiente regrado, algumas pessoas não se encantam pelo trabalho 100% remoto. Mesmo assim, a flexibilidade em dias específicos pode parecer interessante. Quem não gostaria de evitar um horário de pico no trânsito e economizar este tempo para ficar com a família?
Para se ter uma ideia, 82% das 150 empresas apontadas entre os melhores lugares para se trabalhar têm implantada uma jornada flexível. Esse tipo de cultura pode e deve potencializar a imagem de uma empresa como recrutadora e despertar o interesse de novos talentos. A questão é ter um perfil cultural e valores bem definidos e tomar as providências necessárias para que a pessoa contratada se encaixe nesse padrão.
Os benefícios da flexibilidade no trabalho (e do trabalho remoto)
Para entender os benefícios de uma jornada flexível, é necessário primeiro abandonar a ideia de que ela seja contraproducente. Basta lembrar do que falamos no início: este é um assunto biológico, não apenas mais uma “invenção” dos millennials.
Resumimos as vantagens em alguns pontos:
- Motivação: funcionários que podem flexibilizar seus horários tem o aumento de sua motivação comprovada;
- Produtividade: aproveitar o momento de maior disposição, com metas e compromissos bem definidos, faz com que um colaborador seja mais produtivo;
- Resultados: colaboradores motivados e produtivos estão aptos a atingir melhores resultados;
- Inovação Interna: nada desperta mais a criatividade do que uma ideia nova. Além disso, inovar na flexibilidade atrai e retém talentos. A soma desses fatores é um prato cheio para incentivar a inovação na rotina de empresas;
- Redução de Turnover: o funcionário feliz com o seu trabalho tem menos motivos para deixá-lo.
RH se adaptando ao Trabalho Remoto
Entender os benefícios proporcionados por um trabalho remoto ou flexível é a parte mais fácil nessa história toda. O que precisamos ter sempre em mente é o seguinte: o resultado nunca será o esperado se mal executado.
A atuação do departamento de RH é fundamental para uma boa implementação destas rotinas em uma empresa, seja part time ou com pessoas longe todo o tempo.
Nessa linha, separamos algumas dicas/cuidados para o RH implementar o trabalho remoto ou rotinas flexíveis em uma empresa:
Facilite as interações humanas
“Bom dia”, “boa tarde”, conversas de corredor, celebrações e até mesmo aquela fofoquinha saudável na cozinha. Momentos como esses são extremamente importantes para a integração e união de um time, o tornando mais feliz e produtivo.
Possibilitar que essas interações aconteçam de alguma forma é fundamental na implementação da cultura de trabalho remoto na sua empresa. Incentivar momentos específicos para conversas sem compromisso, ou até mesmo um canal de chat, pode contribuir para que o time se conheça melhor e integrantes criem laços entre si.
Gestão de pessoas
Fisicamente longe uns dos outros, identificar lideranças e gerir pessoas se torna uma tarefa um pouco mais complexa. Imaginando que já estaremos imersos em cenário tecnológico boa parte do tempo, podemos mergulhar um pouquinho mais neste oceano e convidar a TI para uma conversa no RH (calma, não estamos falando de demissões, bem pelo contrário).
TI e RH juntos são capazes de implementar novos conceitos em gestão, como o People Analytics. Isso possibilita que decisões sejam tomadas com base em dados. Saber quem tem o melhor desempenho em qual área, quem está cumprindo os prazos, quem está evoluindo em seus resultados, se torna muito mais fácil e assertivo.
Segurança de TI
A segunda parte da conversa entre os dois setores envolve segurança. Afinal, o trabalho remoto exige a utilização de softwares internos tanto para a execução do trabalho quanto para a comunicação. Nesse caso, um erro de um (bem ou mal intencionado) pode afetar o todo de diferentes formas.
Monitorar atividades, oferecer manuais de boas práticas, treinamentos, autenticações no login são algumas formas de garantir a segurança cibernética no trabalho remoto.
Processo Seletivo e Fit Cultural
A flexibilidade no trabalho reduz taxas de turnover dentro de uma empresa, certo?
Sim! Mas existe um detalhe importante que deve ser observado (ainda mais no trabalho remoto): acertar na contratação é fundamental, e neste caso não estamos falando apenas de competências, estamos falando sobre perfil e fit cultural.
Para garantir o sucesso de uma contratação é sempre melhor prevenir do que remediar. E a prevenção aqui é abandonar o feeling. Uma forma de fazer isso é através do uso de softwares de Análise de Perfil Comportamental, para que gestores entendam os candidatos de maneira mais aprofundada e tenham a segurança de que o selecionado tenha, além das competências, um perfil adequado à identidade da empresa.
O trabalho remoto já é tão realidade quanto é tendência. E para uma boa implementação desta cultura o RH deve ser protagonista, garantindo que seus benefícios sejam bem aproveitados e se transformem em resultados tangíveis para as empresas.