Breaking point. Um termo que, resumidamente, pode significar um momento ou ação decisivos, que mudam a forma como vemos uma situação.
Pode parecer estranho começar um artigo falando sobre isso, mas é porque, de certa forma, é exatamente sobre isso que ele se trata.
Assim como o fogo, a roda, a eletricidade e a física quântica, a transformação digital faz parte de uma seleta parte da nossa história. Uma parte que muda profundamente a sociedade em que vivemos.
Graças aos extensivos bancos de dados, tecnologias de informação e computação, a transformação digital troca, melhora ou elimina aqueles processos que antes requereriam toneladas de trabalho e esforço humano por soluções data-driven e processos automatizados. E isso tudo está acontecendo neste exato momento.
Mas o que, efetivamente, atingimos até agora? Quais os resultados da transformação digital?
Nova forma de consumo
O varejo já tem sentido o peso das mudanças há algum tempo. Lojas físicas já enfrentam quedas consecutivas no seu volume de vendas. E não só isso, o número de lojas também tem decaído. Só em 2015 foram mais de 100.000 lojas fechadas no Brasil, além de uma considerável diminuição no tráfego de pessoas em shoppings. Aliás, uma pesquisa realizada pelo IBOPE revelou que os shoppings brasileiros registraram um recorde de lojas vagas em 2016. Isso tudo quer dizer que estamos enfrentando uma crise no setor?
Não exatamente.
A transformação digital está suprindo esse gap, e com muito sucesso. As empresas brasileiras estão, lentamente, saindo do seu status analógico em busca de uma metodologia data-driven, focado onde realmente importa: a experiência do consumidor.
Para se ter uma ideia do resultado dessa mudança, uma pesquisa publicada no Wall Street Journal revelou que, apesar de uma queda de 52% no fluxo de pessoas, as lojas americanas registraram um faturamento 15% maior em 2016.
Isso foi possível porque a transformação digital possibilitou um aumento na visitação de novos clientes, no tempo de permanência nas lojas e, principalmente, no ticket médio consideravelmente mais alto. Além disso, o aumento de informações detalhadas sobre clientes, graças ao Big Data e o BI, também ajudaram lojas a entenderem o comportamento do consumidor e, assim, desenvolverem campanhas mais assertivas e baratas.
Eficiência na comunicação entre empresa e cliente
A digitalização também está influenciando a forma com que nos comunicamos. O uso de cartas, por exemplo, até pouco tempo ainda era uma forma de comunicação muito utilizada por empresas ao redor do mundo.
Pode parecer um algo singelo, levando em conta que, por exemplo no Brasil, o custo de envio de uma carta comercial é de R$ 1,70. Mas uma empresa com um número muito grande de clientes sofre bastante com essa despesa. Se o seu negócio possui, vamos dizer, 10 milhões de clientes, o custo desse envio pode chegar incríveis R$ 12 milhões por ano, apenas com os custos de postagem.
Agora imagine abandonar o papel – e os custos envolvidos com ele – por uma tecnologia CCM omnichannel, capaz de interligar todas os meios de comunicação entre o cliente e a sua empresa. E-mail, mensagens, Facebook, Messenger bot, e até mesmo a comunicação impressa que restar, através de um agendamento de disparos, do mais barato ao mais caro.
E a centralização é apenas a base das vantagens. Ela também facilita, por exemplo, a segmentação e personalização de clientes, possibilitando ao time de marketing desenvolver campanhas ou promoções para uma parcela específica dos consumidores.
Aliás, falando em marketing, essa comunicação unificada é uma arma poderosíssima para o setor. As informações coletadas durante a jornada do comprador e as interações com a empresa (compras, contatos, históricos de documentos etc) se transformam em uma enorme e crua fonte de dados para campanhas hipersegmentadas e certeiras.
Mas é claro que nem tudo são flores…
Setores com avanço lento
Enquanto alguns setores, como o varejo, já despontam e avançam com a transformação digital, outros sofrem para entender as novas mudanças. Talvez o principal deles seja o setor industrial.
Uma pesquisa realizada durante o Industry of Things World Forum revelou que apenas 26% dos empresários do setor possuem uma estratégia de transformação digital bem articulada e em andamento. 29% possuem uma ideia desenhada, mas sem colocá-la em prática, e incríveis 45% não apresentaram qualquer tipo de estratégia.
Apesar disso, tecnologias disruptivas estão aos poucos mudando essa visão. A Internet das coisas (IoT) tem um lugar especial dentro do setor industrial. 88% dos entrevistados revelaram que a IoT terá um papel fundamental para o sucesso das empresas no futuro.
Para se ter uma ideia, a Business Insider calculou que, até 2020, o setor deverá investir em US$ 70 bilhões em soluções IoT ao redor do mundo. Um avanço considerável dos US$ 29 bilhões investidos em 2015.
No geral, as soluções são voltadas ao desenvolvimento de sensores e chips que buscam uma melhoria na coleta de dados de performance nos sistemas e máquinas das fábricas. Isso possibilita que o gestor saiba de antemão quando uma máquina precisa de reparos, além de também gerar insights em como fazê-las funcionar com maior eficiência.
Humans (may) not apply
Outra área da transformação digital que já demonstra um avanço considerável é o da Inteligência Artificial. Uma área que, aliás, até poucos anos atrás era exclusiva ao campo da ficção científica. Apesar disso, a IA possui um potencial gigantesco, e dá seus primeiros passos rumo a uma mudança significativa em nossa sociedade. Para o bem ou para o mal.
Já existem diversas pesquisas que relatam sobre como a IA, auxiliada pela automação, pode ultrapassar as capacidades humanas no trabalho. E se você pensa que está a salvo, pense novamente. Isso pode acontecer em qualquer setor.
Isso ocorre porque, apesar das máquinas ainda não serem capazes de realizar trabalhos complicados, elas excedem espetacularmente bem ao fazerem tarefas pequenas e previsíveis. E se observarmos com atenção os trabalhos complexos que possuímos hoje, a grande maioria deles podem facilmente serem quebrados em pequenas tarefas previsíveis, uma após a outra. Além disso, a IA possibilita uma curva de aprendizado muito mais rápida do que qualquer ser humano. Tome por exemplo os carros automáticos.
Para que você, caro leitor, tenha uma ideia mais concreta disso, vamos falar sobre algo que está acontecendo agora. Nos EUA, existe uma empresa que oferece um software de gestão para grandes corporações que substitui o setor de organização e planejamento de produção.
O software define e separa as etapas automatizadas das não automatizadas, em seguida reúne um time de freelancers através da internet, distribui tarefas, controla a qualidade de cada entrega e a performance geral do colaborador até a entrega final.
E qual é o segredo disso tudo? A coleta de dados. Enquanto o software avalia cada entrega, é capaz de coletar informações sobre as tarefas realizadas, os acertos e erros. Em suma, os freelancers estão ensinando uma máquina a fazer o trabalho deles!
E isso é bem perigoso para a economia. Segundo a Digital Dividends, cerca de dois terços dos trabalhos no mundo estão sob risco real de automatização, embora a velocidade que isso vá acontecer ainda seja uma incógnita.
Todas essas mudanças demonstram como nós fazemos parte da vanguarda da Transformação Digital. E mais do que isso, cada avanço, cada dado coletado e cada insight gerado por empresas são responsáveis por, de certa forma, direcionar o futuro da nossa sociedade. Which way, sir?
Quer ir além? Entenda todo este novo cenário descobrindo desde o começo o que é Transformação Digital.