Uma das maiores demandas da transformação digital é a necessidade de velocidade para mudanças e adaptatividade aos mercados cada vez mais voláteis. E é justamente esta uma das maiores dificuldades enfrentadas por grandes empresas ao redor do mundo.
Uma vez que a velocidade e visão a longa distância são requisitos básicos nos mercados, as startups se sobressaem com seus projetos e produtos inovadores, além de seus modelos de gestão focados na velocidade e visão de futuro. E essa diferença pode fazer com que grandes negócios sejam engolidos por empresas aparentemente menores em uma corrida mais longa.
Um exemplo bem claro do que é essa diferença entre empresas e startups vem da americana Blockbuster. A inevitável queda da empresa de locação de DVD’s coincidiu com o início da fase de crescimento da Netflix. A gigante da indústria do cinema inclusive teve uma oportunidade de comprar a Netflix no ano 2000, por meros US$ 50 milhões. Em vez disso, a Blockbuster desistiu da compra pelo fato da Netflix estar perdendo mais dinheiro do que ganhando na época.
O resultado dessa decisão todos conhecemos. Em poucos anos a Blockbuster se viu obrigada a fechar suas portas, enquanto a Netflix cresceu exponencialmente para se tornar uma empresa de alcance mundial, no valor de US$ 41 bilhões. Hoje, a Netflix não só se tornou a maior streamer de filmes e séries, como entrou no próprio mercado de cinema, se mostrando uma real (e por vezes mais competente) competidora às centenárias produtoras hollywoodianas.
A hesitação na compra motivada por uma visão de curto prazo e a dificuldade em olhar as mudanças do mercado foram decisivas no fatídico fim da Blockbuster.
E essa mudança de ir até uma locadora alugar um DVD e passar a assistir filmes via streaming é um excelente exemplo de como a transformação digital funciona. Esse processo pode ser explicado através de uma curva em S, onde a tecnologia inicia-se sendo utilizada por usuários “beta”, passa para o grande público e finalmente desaparece.
Esse “desaparecimento” geralmente é devido a novas tecnologias entrando no mercado e engolindo a antiga. Esse processo é bem conhecido entre empresários e gestores, mas o que mudou então? A velocidade em que isso acontece.
Hoje, novas tecnologias nascem e passam por cima de outras em uma velocidade nunca antes vista, e essa velocidade bate de frente com o modus operandi de grandes empresas, acostumadas a observar a mudança dos mercados em uma velocidade muito inferior.
Mas se esse é o caso, o que tanto diferencia as startups para conseguirem manter esse ritmo?
Inovação como necessidade
Um grande fator para startups inovarem tão rapidamente é o próprio mercado em que elas estão inseridas. Mundialmente, todo ano cerca de 100 milhões de novos negócios são lançados. Levando as estatísticas em consideração, significa pouco mais de 11.000 startups lançadas por hora!
Esse ambiente rápido e extremamente concorrido praticamente obriga as startups a criarem um ritmo de inovação para se manterem relevantes nos seus mercados. É questão de sobrevivência.
Gestores precisam manter olhos e ouvidos abertos no que está acontecendo ao redor deles e se adaptarem ao que seus concorrentes fazem o mais rápido possível, afinal, basta uma nova tecnologia disruptiva para levar uma empresa pro buraco em poucas semanas, acabando com todo o tempo e recursos investidos.
Recursos
Outro fator de importância para Startups é o fato de terem muitos recursos à disposição, mesmo em casos que iniciam com um time pequeno e um produto impróprio para a venda. Isso se dá principalmente pelo fato de buscarem investidores de risco, que estão dispostos a pagar caro pelos sonhos dos empreendedores, pois sabem que, caso eles se tornem realidade, resultarão em um lucro absurdo.
Do outro lado, empresas sentem o peso do orçamento. Mesmo quando surgem grandes ideias, a execução pode se mostrar complicada devido a falta de visibilidade da ideia como algo positivo a longo prazo.
Essa visão sobre o investimento em ideias tende a mudar quando a empresa adquire uma visão mais clara do futuro, e qual será o papel dela nele. Afinal, quando os líderes forem capazes de ver como uma boa ideia pode levar o negócio a concretizar seu futuro, certamente estarão dispostos a investir nela.
Growth Hacking na essência
O Growth hacking é uma arma muito comum utilizado pelas startups e que pode ser abraçada a grandes empresas da mesma forma. Pense, por exemplo, no caso da Airbnb. A startup possibilita que pessoas comuns transformem suas casas e apartamentos em locais onde outras pessoas podem alugar por um determinado período de tempo.
Nos estágios iniciais do negócio, a Airbnb precisavam encontrar uma maneira de adquirir mais usuários para disseminar a marca. A genial solução encontrada para o problema foi se aproveitar do sucesso e popularidade do Craigslist, um site de anúncios muito popular nos EUA.
Através de um elaborado sistema de de engenharia reversa, a empresa entrou no sistema API do site e desenvolveu um código que possibilitava que usuários da Airbnb compartilhassem seus anúncios dentro do Craigslist, aumentando exponencialmente sua exposição.
Depois de um período, o pessoal da Craigslist descobriu a façanha e acabou com a ação, não antes de popularizar a Airbnb ao público. Se a empresa não tivesse feito esse experimento, provavelmente não estaria no nível que está hoje. Eles viram uma oportunidade e agarraram-se a ela. Em suma, eles inovaram.
Foco no colaborador
Startups possuem uma cultura fortemente focada no dia a dia do colaborador e na produtividade dele. Essa cultura é reproduzida em uma clareza muito grande das expectativas relacionadas ao trabalho no dia a dia.
Outro fator importante é a indulgência em assuntos como o balanço entre trabalho e vida e premiações. Isso se dá pelo fato de medirem a performance do colaborador, não o número de horas trabalhadas.
Gestores de grandes empresas com viés mais tradicional costumeiramente temem esse tipo de ação, justificando que tal atitude reduziria a produtividade. Na verdade, apenas uma pequena parcela de colaboradores tenta abusar destas liberdades, e geralmente são rapidamente desligados da empresa. A grande maioria simplesmente vai ver isso como um motivo extra para trabalhar mais e melhor.
Compreender o consumidor profundamente
Uma ação inovadora de sucesso está fortemente atrelada ao valor e a surpresa que ela dá à solução do problema do consumidor. Por isso Startups sabem que insights inesperados, problemas, soluções e experiências inusitadas para o consumidor podem acontecer a qualquer um, em qualquer momento.
Por isso essas empresas adotam uma postura mais agressiva frente ao consumidor, onde absolutamente todos os colaboradores, do CEO ao assistente de marketing adentram profundamente no ambiente natural do consumidor para descobrir como as coisas estão funcionando no mundo real.
Comece toda essa jornada entendendo aqui o que é Transformação Digital.