Os processos de transformação digital vão além da adoção de novas tecnologias. Na realidade, a digitalização também envolve mudanças na cultura organizacional e a adaptação dos colaboradores às novas demandas do mundo conectado.

De acordo com informações do Estadão, não são apenas trabalhadores de nível operacional que necessitam de capacitação para se manterem relevantes no mercado de trabalho. Um teste realizado com 30 mil profissionais de 25 países, incluindo o Brasil, revelou que os altos executivos não estão prontos para lidar com os desafios da economia digital, o que está colocando os seus cargos em risco.

Segundo os resultados apresentados, entre presidentes e altos executivos de grandes empresas, apenas 22% obtiveram avaliação positiva sobre transformação digital. Isso significa que quase 80% não possuem as habilidades necessárias para atuar com a nova economia.

No Brasil, os testes começaram a ser aplicados há cinco meses em processos seletivos de alto escalão. A avaliação, desenvolvida pela Foxize, mostrou que a falta de habilidades e conhecimento sobre comunicação em tempo real, e-commerce e internet pode motivar a substituição dos altos executivos.

Apesar desse desafio poder ser superado com programas de capacitação, algumas das grandes empresas estão optando por trocar as suas equipes. A agência de publicidade Young & Rubicam, por exemplo, que atende companhias como Santander, Vivo e Habib’s, substituiu 70% do seu time nos últimos três anos. “Existe uma necessidade clara por novas habilidades para acompanhar as necessidades dos nossos clientes”, explica David Laloum, presidente da Y&R.

Alberto Saraiva, fundador do Grupo Habib’s concorda, dizendo que durante a criação de sua área de estratégias digitais a maior parte da equipe foi demitida. “O meu diretor anterior era um profissional muito bom, mas tinha um pensamento muito analógico.”

O mesmo cenário está sendo observado nos departamentos financeiros das empresas. Pensando na transformação digital e na adaptação das novas necessidades do consumidor, o atacarejo Tenda, por exemplo, contratou o executivo Flávio Borges para a diretoria financeira.

“Mesmo na área financeira, é preciso ter alguém que compreenda as necessidades da transformação digital e que consiga adaptar os sistemas para fazer frente a esses desafios”, diz Borges, que passou pelo teste da Foxize. “Cada vez mais é necessário que se entenda quais produtos o cliente está adquirindo, qual é a forma de pagamento usada por ele e que canais ele usa para fazer compras. E ter a capacidade de gerar relatórios sobre toda essa jornada.”

Embora o desempenho dos altos executivos no teste tenha sido negativo, os resultados no nível de gerência se mostraram animadores. As avaliações positivas alcançaram os 74%, com os profissionais entre 35 a 45 anos recebendo as melhores notas. Conforme apontado por Giorgi, da Exec, os talentos mais jovens (de até 35 anos) apresentam intimidade com as ferramentas digitais, mas possuem pouca cautela em relação a segurança das informações dos consumidores. Nesse cenário, pensar em interações mais próximas entre diferentes níveis hierárquicos pode ser uma estratégia interessante para aproveitar das habilidades dos diferentes profissionais.

A Exec explica que, além de passarem pelo teste, os executivos precisam passar por uma entrevista sobre hábitos digitais. O “interrogatório” dura cerca de uma hora e tem como objetivo checar os resultados da avaliação.

Os principais conhecimentos testados durante a pesquisa são sobre cultura digital, gestão da informação, comunicação digital, identidade digital, capacidade de trabalho em rede e visão estratégica.

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