Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado pela Folha de S.Paulo, as indústrias brasileiras tendem a optar por inovações por questão de sobrevivência. De acordo com a pesquisa, um em cada três presidentes de organizações do setor promovem mudanças em seus processos e produtos para se manterem competitivos no mercado.

Para os especialistas, os resultados mostram que as empresas estão mais preocupadas com o futuro. Por isso, a criação iniciativas que agreguem valor aos produtos/serviços tem sido vista como uma possibilidade de manter a saúde organizacional. Apesar disso, a crise financeira que afeta o setor industrial brasileiro tem impedido que os empresários trabalhem em cima de grandes novidades.

Gianna Sagazio, diretora de inovação do CNI, explica que as dificuldades econômicas enfrentadas têm feito com que as companhias deem prioridade a gastos básicos, como o pagamento dos colaboradores. Dessa forma, as inovações acabam ficando de lado, criando um círculo vicioso. “Isso não é adequado porque a empresa pode deixar de existir se ela não mudar”, alerta Sagazio.

A pesquisa também mostra que apenas 6% das companhias brasileiras consideram alto o grau de inovação da indústria; enquanto 48% acreditam ser baixo ou muito baixo. Para os próximos cinco anos, a expectativa é de que o cenário melhore, conforme os resultados das entrevistas com os líderes empresariais. Para 31%, a indústria terá alto ou muito alto grau de inovação, enquanto 21% acreditam que será baixo ou muito baixo.

Moacir Miranda, chefe de departamento e professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, explica que a inovação industrial brasileira é mais incremental e menos disruptiva. Para serem considerados disruptivos, os processos devem ser radicalmente transformadores. “É o que acontece quando a lâmpada substitui a vela. O produtor de vela deixa de existir”, explica o especialista. Já a inovação incremental está relacionada à otimização de processos visando a redução de custos e o aumento dos lucros.

Para dar conta dos processos inovadores, as grandes indústrias têm acompanhado pequenos e médios negócios, optando pelo estabelecimento de parcerias para a criação de ambientes de inovação. As startups têm sido grandes responsáveis por esse movimento.

Apoio à inovação

Apesar de nos últimos 15 anos terem sido criados diferentes sistemas de financiamento à inovação industrial, a abordagem de incentivo também acabou sendo prejudicada pela crise econômica. Enquanto o orçamento público diminui, as empresas têm buscado soluções para conseguir recursos para inovar.

Pensando em facilitar o acesso aos modelos de financiamento disponíveis, a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) criou o MEI Tools, inventário com mais de 80 instrumentos de financiamento à inovação. Para Sagazio, há a necessidade de fortalecimento desses instrumentos, principalmente porque faltam políticas de longo prazo. “Nós entendemos que vivemos uma crise econômica, mas não podemos deixar de investir no futuro do Brasil”, afirma.

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