Pensar sobre marketing inclusivo tornou-se uma urgência na atualidade, mas envolve mais do que se adaptar a uma exigência da sociedade e ser socialmente responsável. Se abordamos o tema do aspecto mais humano ou apenas visando proteger a marca, os cuidados necessários são os mesmos.
Quando uma mulher competente sofre uma discriminação no trabalho que impede uma promoção, ocorre um ato sexista e condenável que precisa ser combatido. Pensando como empresa, há também o desestimulo de um talento e a limitação dos resultados que poderiam ser proporcionados.
A discriminação é uma atitude que sempre traz desvantagens, tanto pessoais quanto profissionais. Vejamos, então, como podemos lidar com isso:
O conceito de marketing inclusivo
O marketing inclusivo é uma iniciativa na qual uma marca direciona suas criações a um público amplo e diverso em termos de gênero, raça, idioma, renda, sexualidade, idade, região e etnia. Ao mesmo tempo, leva em conta a individualidade e o fato de que as pessoas são diferentes.
Assim, ele não promove produtos ou serviços considerando exclusivamente um grupo específico e com base em estereótipos. Isso significa que a empresa se esforça em desenvolver estratégias focadas nos indivíduos, com suas diferenças, particularidades e visões.
A importância do marketing inclusivo na era digital
Recentemente, a Kopenhangen se viu diante de uma crise por causa de uma publicidade não autorizada. Uma loja franqueada veiculou uma peça publicitária que associava chumbinho a gatos. Como o termo se refere a um veneno usado contra os animais, a reação foi imediata, indignada e viral.
A empresa emitiu uma nota condenando a prática e justificando que não era uma ação da marca, mas de um lojista que fez o material por conta própria e não solicitou autorização para isso. Entretanto, o estrago já estava feito. Ao que parece, a empresa vai sofrer para reverter o problema, já que o fato ocorreu meses antes e voltou a chamar atenção tempos depois.
Esse exemplo pareceu interessante porque envolve a diversidade de uma forma particular. Não se trata de um preconceito em relação a uma pessoa, sua etnia ou gênero, por exemplo. Mas de uma falta de atenção com relação a um fator que é importante para um grupo especifico de pessoas de forma direta e que, ao mesmo tempo, sensibiliza a maioria dos indivíduos.
A amplitude da inclusão
Desse modo, temos uma clara evidência de que a diversidade precisa ser considerada em toda sua amplitude que, essencialmente, envolve a forma como as pessoas percebem o mundo, o que elas valorizam e pelo que se mobilizam.
Qualquer pessoa envolvida com a causa de proteção de animais condenaria a ação se tivesse sido consultada. Manter uma equipe diversa poderia ter evitado o problema. Portanto, essa não é apenas uma forma de promover a inclusão e assumir a responsabilidade social no âmbito interno da organização, mas uma poderosa medida para evitar crises decorrentes de choques culturais entre a diversidade de pensamento e as características individuais.
Segundo Henderson & Williams, a área de comunicação de marketing é a mais afetada pela falta de inclusão (o que está evidente em exemplos como o acima). Estudos demonstram que as pessoas procuram fortalecer sua autoestima se aliando a representações de sua individualidade que, simbolicamente, identificam no mercado.
A diversidade é o mais forte agente criativo
Pessoas que pensam de forma diferente percebem o mundo de forma diversa e, por isso, são capazes de criar soluções ímpares para os problemas. Desse ponto de vista, uma equipe com integrantes diferentes é mais criativa e inovadora.
No entanto, há certa distância entre entender a importância do marketing inclusivo e colocá-lo em prática. De pouco adianta aproximar pessoas diferentes se o ambiente e a cultura organizacional não favorecerem o relacionamento entre os integrantes da equipe.
É fundamental que as lideranças tenham a sensibilidade necessária para produzir uma troca rica e saudável entre os colaboradores. Do contrário, corre-se o risco de transformar o ambiente de trabalho em algo parecido com um episódio do Big Brother, com formação de grupos e possíveis desentendimentos.
O empoderamento e a inclusão digital
Isso significa que a inclusão precisa ser uma atitude autêntica. Ou seja, embora tenhamos mencionado que ela é vantajosa em vários aspectos, sua motivação precisa ter foco nas pessoas. Em outras palavras, o marketing inclusivo funciona melhor quando é resultado de consciência em relação à inclusão social e não apenas uma estratégia com o objetivo de evitar problemas.
Se bem trabalhada, ela ajuda a produzir uma cultura organizacional mais rica, com relações mais humanas e propósitos mais valiosos para as pessoas. Podemos dizer que oferecer uma vaga para uma pessoa com necessidades especiais, por exemplo, não funciona tão bem quando ocorre apenas para cumprir com a legislação.
A lei é importante para promover a inclusão, mas não muda a cultura sozinha e só porque foi “publicada no Diário Oficial”. O problema é resolvido quando entendemos que o empoderamento é o reconhecimento do poder de realização de cada individuo tal qual ele é e não uma concessão. Na verdade, não empoderamos ninguém, todos têm um poder potencial que floresce diante de uma oportunidade.
Além disso, a Transformação Digital é algo que devemos considerar nesse contexto. De próteses modernas a softwares inteligentes, novos recursos tecnológicos podem viabilizar a inclusão de uma forma como jamais vimos. Ao mesmo tempo, as pessoas precisam se adaptar a uma nova realidade e essa já deve ser uma preocupação das empresas.
O futuro reserva um novo modo de vida e, promover a transformação, engajando as pessoas nesse objetivo, é fundamental para garantir a inclusão dos indivíduos na nova realidade que começamos a desenhar com as inovações recentes. Esse exercício precisa ser pensado e executado em termos de uma inclusão social objetiva, que se caracteriza por evitar o risco de privações, com garantia de padrões de vida adequados e envolvimento social.
A aplicação do marketing inclusivo
É importante reforçar que o marketing inclusivo não é a exploração das diferenças na tentativa de ganhar negócios. Mas a ampliação do público de marketing para incluir e expandir a experiência com a marca e, apenas como resultado, beneficiar a imagem da empresa.
Como já adiantamos, a equipe precisa de perspectivas diferentes para aprender que existem maneiras diversas de fazer as coisas. Por isso, defina um ajuste de cultura dentro de sua empresa e garanta que você não tenha pessoas de mesma opinião com uma perspectiva singular ou origens e formação idênticas. Ao mesmo tempo, é importante identificar preconceitos (usando ferramentas como o Teste de Associação de Harvard para facilitar este processo).
Outra ação saudável é buscar insights e perspectivas pesquisando seu público e entrevistando clientes. Você pode usar seus dados para explorar tendências ou trabalhar com consultores externos. No caso da Kopenhagem citado acima, por exemplo, se o lojista tivesse solicitado a opinião de um pequeno e diverso grupo antes de executar sua ação, provavelmente teria evitado o problema.
As imagens também têm forte apelo para o público. Cada indivíduo tem a tendência de se aliar com quem parece com ele. Por isso, diversifique e busque por variedade de imagens como forma de representar com mais precisão o mundo em que vivemos.
Para concluir, é justo enfatizar a necessidade de aplicar o marketing inclusivo com autenticidade, buscando evitar que as ações sejam compreendidas como atitudes com segundas intenções. Para entender melhor este contexto, acesse este material complementar sobre a diversidade no ambiente de trabalho e aprofunde ainda mais os seus conhecimentos sobre o tema!