De acordo com informações do MIT, crianças com dificuldade de aprendizagem podem ser beneficiadas pela inteligência artificial (IA). Uma empresa chamada Squirrel AI iniciou um projeto em uma escola em Hangzhou, na China, com a promessa de aulas personalizadas. Em vez de professores humanos, um algoritmo de IA é responsável pelo ensino.

Para os especialistas, a inteligência artificial será importante na educação do século XXI. Nos últimos anos, a China vem investindo fortemente em ensino e aprendizagem por IA. Gigantes da tecnologia, startups e educadores já estão participando desses programas, e milhões de estudantes já utilizam alguma forma de IA para aprender, seja através de tutoria extracurricular com o Squirrel, plataformas digitais de aprendizagem como 17ZuoYe, ou até mesmo em salas de aula.

O Vale do Silício também está interessado nos projetos. Em um relatório de março, a Chan-Zuckerberg Initiative e a Fundação Bill e Melinda Gates identificaram a IA como uma ferramenta educacional digna de investimento. Em seu livro Rewering Education, de 2018, John Couch, vice-presidente de educação da Apple, elogiou a Squirrel AI, que abriu um laboratório de pesquisa com a Carnegie Mellon University para estudar o aprendizado personalizado em escala e exportá-lo globalmente.

Apesar das recentes apostas, alguns especialistas estão preocupados com a direção da corrida da IA na educação. Para eles, a tecnologia pode ajudar os professores a estimular os interesses e os pontos fortes dos alunos. Mas na pior das hipóteses, as soluções poderiam fortalecer a tendência de aprendizado e testes padronizados, fazendo com que a próxima geração fique mal preparada para se adaptar a um mercado de trabalho que muda rapidamente.

Por que a China?

Na China, três fatores estimularam as apostas da aplicação da IA na educação. O primeiro é a isenção de impostos e outros incentivos para empreendimentos de IA que melhorem qualquer aspecto, desde o aprendizado do aluno até o treinamento de professores e o gerenciamento da escola. Segundo uma estimativa, no ano passado, os chineses lideraram o setor com mais de US$ 1 bilhão investido globalmente em IA aplicada à educação.

Em segundo lugar, a competição acadêmica na China é intensa. Dez milhões de estudantes por ano prestam o vestibular, o gaokao. A pontuação obtida determina se e onde o estudante poderá fazer sua formação, e é vista como a maior determinante do sucesso dos cidadãos. Por conta disso, os pais pagam por tutorias ou qualquer outra iniciativa que ajude os filhos a progredir.

Por fim, os empreendedores chineses dispõem de enormes quantidades de dados para treinar e refinar seus algoritmos. A população é vasta, a visão das pessoas sobre a privacidade dos dados é muito mais tranquila do que no Ocidente e os pais são grandes crentes no potencial da tecnologia, tendo visto o quanto o país se transformou nas últimas décadas.

Squirrel AI

A Squirrel AI se concentra em ajudar os alunos a obterem melhor pontuação nos testes anuais. A companhia também projetou seu sistema para capturar cada vez mais dados, o que possibilita todos os tipos de experimentos de personalização e previsão. O sucesso foi tão grande, que em apenas cinco anos a empresa abriu 2 mil centros de aprendizado em 200 cidades e registrou mais de um milhão de alunos.

Para estimular o aprendizado, o sistema da Squirrel define os pontos de conhecimento que precisam ser trabalhados. A partir de então, eles são emparelhados com palestras em vídeo, informações, exemplos e problemas de prática. A relação entre os métodos de aprendizagem são, dessa forma, codificados em um “gráfico de conhecimento”.

O aluno inicia o processo com um breve teste para avaliar se compreende bem os conceitos-chave da matéria. Se responder corretamente a uma pergunta inicial, o sistema presumirá que o aluno conhece conceitos relacionados e passa para frente. Dentro de 10 questões, o sistema tem um esboço do que é preciso trabalhar. Enquanto o usuário estuda, o sistema atualiza seu modelo de compreensão e ajusta o currículo de acordo. À medida que mais alunos usam o sistema, a IA identifica conexões anteriormente não realizadas entre os conceitos.

Por conta dos bons resultados, a Squirrel tem como objetivo integrar seu programa diretamente nas salas de aula. Segundo seu fundador, Derek Li, a companhia já está em
discussão com diversas escolas chinesas para tornar o seu sistema o principal método de ensino.

Visão dos educadores

Com as automações assumindo cada vez mais funções no mercado de trabalho, os seres humanos precisarão se concentrar em habilidades exclusivas que envolvam criatividade, colaboração, comunicação e solução de problemas. Para muitos especialistas, esse cenário mostra que a sala de aula do século XXI deve trabalhar os pontos fortes e os interesses de cada aluno.

Em teoria, a IA poderia tornar esse processo mais fácil, assumindo tarefas rotineiras na sala de aula e liberando os professores para prestar atenção nas necessidades de cada aluno. Apesar disso, outros especialistas acreditam que o sistema não prepara os estudantes para serem flexíveis em um mundo de constantes mudanças.

Pensando nessas possíveis falhas de aprendizado, uma empresa com a missão de ensinar inglês foi criada, a Alo7. Ao contrário da Squirrel, a companhia procura se afastar do modelo de aprendizado orientado para o vestibular e, em vez disso, promove a criatividade, liderança e outras habilidades sociais. A empresa oferece produtos e serviços para salas de aula físicas e digitais. Para isso, a Alo7 conta com uma plataforma de aprendizado online combinada com uma coleção de livros didáticos, bem como uma solução que conecta até três alunos por vídeo com professores estrangeiros para aulas em grupo. Até o momento, a companhia já atendeu cerca de 15 milhões de alunos e professores e fez parcerias com 1.500 instituições.

Outro diferencial da Alo7 é que sua plataforma de aprendizagem foi desenvolvida para complementar as aulas tradicionais. Para a empresa, a aplicação da IA na educação tem como objetivo libertar os alunos dos testes padronizados. Segundo a empresa, a inteligência artificial será capaz de criar ambientes de aprendizagem flexíveis que sejam tão bons para alunos sensíveis e criativos e também para os precisos e analíticos.

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