Já tem alguns anos que banco não é um negócio de ponto de venda.
Escrevo isso por conta do surgimento das fintechs pelo país, que tem um dos ambientes mais hostis do mundo quando o assunto é inovação. O Brasil já mostrou em diversos setores como lida com a ruptura de mercados e com o surgimento da inovação. Isso foi com aplicativos de corrida de táxi, com telefonia e agora com as fintechs.
Vem uma revolução forte por aí e o que a maioria dos agentes não percebeu é que a nova geração é que vai dizer quem fica e quem some nesse setor.
A linguagem da nova geração
As fintechs sabem bem como falar com a nova geração. Isso talvez seja o maior ativo delas. A consultoria Scratch elaborou um estudo sobre Millenials e descobriu que sete em cada dez jovens americanos preferem ir ao dentista a encarar uma conversa com o gerente da agência.
É um novo tipo de “gente” que a maioria dos bancos brasileiros não consegue entender. Existe uma histórica verídica (de bastidores) que um banqueiro perguntou a um fundador de uma fintech brasileira: “por qual motivo o cliente iria trocar o meu banco para usar o serviço da fintech”. A resposta foi mais ou menos assim: “por que o meu cliente está pouco se importando para o seu banco”.
Amenizei um pouco esse episódio, mas de fato ocorreu.
E a certeza é que realmente poucos bancos -e executivos à frente deles – entendem o que pode ocorrer. Existe uma cegueira sim, mas alguns deles estão bem preparado para uma nova revolução financeira (e tecnológica) que vem acontecendo. E eles têm dinheiro suficiente para tentar replicar e até matar a inovação, comprando algumas fintechs.
No texto “Por que as fintechs serão compradas pelos bancos“, fica um pouco melhor entender que o dinheiro nesse país está nas mãos dos bancos e que somente eles poderão investir “pesado” na revolução financeira.
No evento Innovation Pay, recentemente realizado no Brasil, a TransferWise (uma das maiores fintechs da Inglaterra), representada pelo Cassio Greco (foto acima), subiu no palco para contar um pouco sobre a conta corrente mundial que estão criando. Algumas dezenas de executivos financeiros saiu sem entender o que eles estavam criando. Isso é um sinal.
E apesar da cooperação entre bancos e fintechs no país, pressionada pela regulamentação, essa corrida do ouro está apenas no começo.
Tem banco querendo virar fintech e fintech querendo virar banco.
O fim da agência bancária e do “gerentão”.
Aquela gravata vermelha ou azul está com os dias contados. Milhares e milhares de postos de trabalho serão substituídos em breve (e muito rápido). Não faz sentido ter presença na rua (com um agência bancária) se a próxima geração estará online.
Pergunte a um adolescente de 13 anos se ele precisa de uma conta em banco. Ele precisa é de um smartphone e de uma conta no WhatsApp.
Não é admissível para uma nova geração de consumidores de serviços financeiros ter que pegar fila em banco, passar um cheque pré-datado e pedir empréstimo para um gerente de banco.
Pode acreditar, eles não vão permitir isso. Aqui vão 3 provocações sobre o futuro dos bancos no país:
– WhatsApp testa funcionalidade de pagamentos;
– Nubank melhora resultados e tem mais de 1 milhão de clientes;
– Itaú compra XP mirando digitalização.
Aquele gerente que te atendia “legalzão”, que te oferecia um plano de previdência e um seguro junto, está ainda tentando entender qual será o papel dele nos próximos 5 anos.
PS: esse que escreve esteve 14 anos na maior instituição bancária do país e é fundador de uma fintech.
O mercado e os consumidores estão mais digitais a cada segundo. Entenda a fundo o que é Transformação Digital e não fique para trás!