A saída de bons colaboradores de uma empresa pode representar desafios caros em diferentes sentidos: queda de produtividade, gastos com recrutamento e treinamento e integração de novos contratados são apenas alguns deles. Pensando nisso, especialistas afirmam que a melhor solução para evitar esses difíceis períodos de transição é investir na permanência de funcionários.

Para manter a saúde organizacional, é imprescindível a criação de estratégias para aumentar a retenção de colaboradores. Com esse foco, antes de desenvolver planos de ação, os gestores precisam compreender o que está influenciando as saídas. Confira os motivos mais comuns que fazem os funcionários abandonarem as empresas, segundo o CIO.com.

1. Falta de envolvimento

De acordo com relatório da Gallup publicado em 2018, trabalhar para o engajamento dos colaboradores é uma das principais formas de mantê-los nas organizações. Os dados
mostram que 53% da força de trabalho permanece no limite do envolvimento. “Eles podem estar geralmente satisfeitos, mas não estão cognitivamente e emocionalmente conectados ao seu trabalho e local de trabalho; eles geralmente aparecem para trabalhar e fazem o mínimo necessário, mas deixam rapidamente a empresa por uma oferta um pouco melhor”, diz o relatório.

Para avaliar o engajamento de um colaborador, deve-se prestar atenção a pequenos sinais, como falta de interesse em atividades sociais da empresa, adoecimentos frequentes e execução mínima de tarefas para somente se manter empregado. Apesar de serem indicadores da falta de envolvimento, os analistas afirmam que esses fatores devem ser avaliados individualmente, e não comparados com os demais trabalhadores.

2. Filosofia de gestão

Para Wendy Duarte Duckrey, vice-presidente de recrutamento do JPMorgan Chase, o primeiro passo para melhorar a retenção de colaboradores é admitir que a filosofia de
gerenciamento das organizações pode ser parte do problema: “A maioria das pessoas não deixa seus empregos; eles deixam seus gerentes”, afirma.

Pensando em tornar o ambiente de trabalho prazeroso para todos, as empresas devem deixar de gerenciar as equipes como um todo e passar a trabalhar com cada funcionário
separadamente, investindo tempo para descobrir o que cada indivíduo precisa para executar as suas funções com o melhor de sua capacidade. Outra prática importante é escutar as preocupações e expectativas de cada um, valorizando sua experiência e a sua presença no time.

3. Gerentes despreparados

É comum ver empresas com gerentes bastante talentosos, mas pouco preparados para lidar com as nuances de seu trabalho. “Um erro crítico que as organizações podem cometer é a suposição de que [se] alguém é ótimo em seu trabalho diário, ele será ótimo para liderar e gerenciar pessoas”, explica Travis Furlow, da Paperclip Thinking. Dessa forma, as companhias precisam investir em desenvolvimento, orientação e treinamento para tornar os gerentes verdadeiros líderes, capazes de lidar da melhor forma possível com os seus subordinados.

4. Falta de perspectiva de crescimento

Uma das principais razões pelas quais colaboradores de alto nível deixam as empresas é sua sensação de estagnação na carreira. “Não importa se eles gostam do que estão trabalhando, com quem estão trabalhando e se são recompensados ​​de forma justa ou mais do que justa”, diz David Foote, analista chefe e diretor de pesquisa da Foote Partners. “Eles têm que sentir que há algo para eles pessoalmente”, caso contrário, serão tentados a procurar emprego em outros lugares.

Nesse sentido, as empresas devem construir carreiras específicas de acordo com a demanda dos profissionais. Não necessariamente um colaborador tem vontade de ser, por exemplo, gerente, por isso é necessário criar um plano personalizado conforme os objetivos individuais.

Segundo os especialistas, disponibilizar oportunidades de aprendizado e de crescimento na carreira é fundamental. “Certifique-se de que os funcionários estejam cientes das oportunidades disponíveis para crescer e expandir seus conhecimentos”, afirma Duckrey. “Uma das principais coisas – se você está realmente escutando os funcionários – é descobrir se eles têm recursos para melhorar e modificar suas funções, assumir responsabilidades diferentes, liderar novos projetos, experimentar”, completa.

5. Atrasos tecnológicos

Para Rona Borre, CEO da Instant Alliance, manter a tecnologia atualizada pode ajudar na retenção de funcionários importantes. Por ser tendência mundial, o processo de
transformação digital é essencial para manter os colaboradores engajados. Se a adoção de novas tecnologias ou atualizações não estiverem no orçamento, os analistas sugerem que os trabalhadores sejam enviados para treinamentos externos, mesmo que não sejam utilizados na organização. Isso mostra ao colaborador que seu conjunto de habilidades e seu crescimento profissional são valorizados.

6. Falta de acompanhamento

Um dos aspectos mais importantes para a saúde organizacional é o contato com os talentos. Oferecer feedback construtivo e falar sobre metas de carreira pelo menos uma vez por ano com os funcionários é fundamental. A maioria dos especialistas concorda que as avaliações de desempenho devem ser frequentes, principalmente com os colaboradores da geração Y.

Ter reuniões de desenvolvimento de carreira a cada semestre pode agregar grande valor para o crescimento, engajamento e retenção dos trabalhadores. Além disso, a regularidade de feedback proporciona mais informações sobre possíveis insatisfações dos colaboradores, permitindo que as empresas façam alterações para evitar sua saída.

7. Ambientes de trabalho muito rígidos

Com a transformação digital, novas formas de trabalho estão se tornando cada vez mais comuns. Horários mais flexíveis e possibilidade de execução de atividades de forma remota podem ser ótimas maneiras de reter colaboradores, segundo os especialistas.

Na área da tecnologia, uma pesquisa realizada pela Dice.com mostra que o teletrabalho é o benefício mais procurado pelos profissionais. George McFerran, vice-presidente executivo da Dice, diz que para as organizações que não conseguem competir com salários para a contratação de profissionais renomados, oferecer opções remotas e de teletrabalho – mesmo que seja apenas parte do tempo ou alguns dias por semana – pode resultar em grandes contratações.

8. Missão confusa

Para que os colaboradores se sintam engajados, eles devem entender quais são os objetivos da empresa, de seus departamentos e qual é o seu papel na estratégia organizacional. Ter um conjunto de valores corporativos sólido, declaração da missão e metas específicas tanto para a empresa quanto para as equipes e indivíduos pode fazer a diferença, já que os colaboradores poderão entender como suas contribuições afetam o todo.

De acordo com os analistas, a maioria das pessoas busca trabalhar em locais com cultura corporativa forte, onde todos os colaboradores, desde o CEO, acreditam e acompanham o desenvolvimento organizacional. Isso permite que toda a equipe se sinta parte da estratégia e, consequentemente, motivada a trabalhar pela organização.

9. Falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal

Outra dica para manter os melhores talentos é prestar atenção às dificuldades dos colaboradores para gerenciar o trabalho e sua vida pessoal. Para mantê-los em equilíbrio, as empresas podem adotar práticas simples, como disponibilizar serviços de limpeza e entregas de itens de supermercado em suas casas durante o horário de trabalho. Essas pequenas atitudes enfatizam o sentimento de que os trabalhadores não são apenas peças descartáveis, mas sim pessoas valiosas para a empresa.

Ao criar uma cultura de feedback, investindo na escuta das preocupações dos colaboradores e na sua valorização, as empresas têm maiores chances de manter e conquistar os melhores profissionais. “Há uma escassez de talentos, e você terá que dar um pouco para manter os melhores”, explica Duckrey. “Você não tem que ser uma empresa de bilhões de dólares ou gastar muito dinheiro para dar às pessoas regalias de luxo ou tratamento de rockstar; o que você tem que fazer é dar às pessoas a oportunidade de crescer e evoluir.”

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