Desde 2014, diferentes empresas vêm testando sistemas autônomos para a condução de ônibus. A expectativa é de que a tecnologia possa reduzir custos, aumentar a segurança – por evitar falhas humanas – e melhorar o conforto das viagens. Mas apesar dos aparentes benefícios, nem todos estão de acordo com a popularização dos coletivos sem condutores. Além das desconfianças em relação ao funcionamento dos veículos, muitas pessoas estão preocupadas com o futuro dos motoristas, que podem ser substituídos por softwares.
Mesmo ainda estando em fase de testes, os ônibus autônomos são uma realidade cada vez mais próxima do cotidiano. Ao longo de 2018, cidades como Verdum e Estrasburgo, na França, Babcock Ranch, nos Estados Unidos, e Sydney, na Austrália, começaram a receber experimentações com coletivos sem condutores. No início de 2019, a capital australiana também anunciou que tem como objetivo colocar em rota ônibus sem motoristas a partir de 2022. Outro exemplo é Estocolmo, capital da Suécia, que pretende colocar os coletivos autônomos em circulação a partir de 2020.
Para quem ainda não conhece a tecnologia, os veículos autônomos operam a partir de sensores, câmeras e softwares que permitem a condução remota. Como a tecnologia ainda está em aperfeiçoamento, inicialmente esses ônibus devem ser utilizados em ambientes controlados, como aeroportos e instalações industriais. Mais tarde serão introduzidos em linhas de corredores exclusivos e, por fim, rodarão junto aos carros.
Ainda não há previsão exata para que a tecnologia esteja em circulação nas ruas. Segundo as fabricantes, apesar de já estar pronta para uso, a novidade ainda precisa ser testada em ambientes reais. Além disso, faltam regulamentações, melhorias nas vias, implementação de estruturas específicas e aceitação por parte da sociedade. Sobre o assunto, em setembro do ano passado, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Transporte dos EUA deu início a uma campanha contra os veículos autônomos.
Para John Samuelsen, presidente do Sindicato, os motoristas humanos são mais capazes de atuar em imprevistos. “No 11 de setembro, em meio às chamas e ao caos, motoristas de ônibus saíram de suas rotas para evacuar as pessoas com segurança, usando seus instintos e o conhecimento das ruas de uma maneira que nenhum computador conseguiria”, desabafa.
Apesar do seu argumento, as empresas garantem que a tecnologia também vem sendo aprimorada para reagir em situações adversas. “Sistemas de reconhecimento de imagem hoje são capazes de detectar situações como um assalto a bordo e avisar a polícia”, garante Ubiratan Resende, diretor-geral da Via Technologies no Brasil.
Falando especificamente do mercado brasileiro, especialistas acreditam que os ônibus autônomos só serão vistos em circulação daqui a dez ou vinte anos.”No Brasil, não há incentivo fiscal para investir em tecnologia, diferentemente do resto do mundo, em que a iniciativa privada é estimulada a fazer esse investimento”, reflete Otávio Cunha, presidente da NTU, Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos.
Fonte: Folha