O primeiro contato com a ideia de mensurar a inovação costuma causar certa estranheza, pois a sugestão de que seja possível medir o grau de inovação de uma empresa pode surpreender. Nessa situação, a maioria das pessoas provavelmente pensará: mas inovação é um tipo de coisa que se mede? Ao mesmo tempo, outras se sentirão entusiasmadas com essa possibilidade.

Sugiro que você adote a segunda postura. Afinal, você já deve ter desconfiado que, ao final deste texto, mostrarei como é possível levantar a capacidade de inovar da sua empresa, o que permitirá monitorar suas iniciativas de transformação e, desse modo, identificar os projetos mais promissores com o máximo de antecedência possível.

Como é possível mensurar a inovação?

Para desmistificar rapidamente a possibilidade de mensurar a inovação, basta entender que ela ocorre em diferentes dimensões, que se estruturam com base em capacidades organizacionais de inovar.

Assim, pode ser difícil medir alguns aspectos mais subjetivos da inovação, mas a qualificação da equipe em habilidades que favoreçam a criatividade ou a elaboração de projetos — como conhecimento sobre aplicação de metodologias como o design thinking, o Canvas e o DevSecOps, além da estrutura tecnológica — é perfeitamente possível de medir.

Além disso, tenha em mente que as empresas realmente inovadoras operam com um processo e um método para isso. Ou seja, do mesmo modo em que elas gerenciam o financeiro, elas o fazem com a inovação e, se algo é gerenciado, tem metas, objetivos e estratégias, pode ser medido.

Por que mensurar a inovação?

Ainda assim, 16% das organizações não medem os seus esforços ou resultados de gestão da inovação por causa de dúvidas sobre o que deve ser medido. Desnecessário dizer que essas organizações não são capazes de gerenciar sua inovação com muita precisão.

Ou seja, sem essa medida, uma empresa pode passar um período razoavelmente longo investindo em projetos que parecem promissores e, no final, perceber inviabilidade nessas iniciativas.

Podemos fazer uma analogia com as metas de venda para deixar isso mais claro. Na última semana do mês é muito mais difícil recuperar os resultados, mas com um acompanhamento diário é possível observar os gargalos e fazer as correções necessárias ao longo do tempo e com mais facilidade.

Como definir a estratégia de monitoramento ideal?

A boa notícia é que você não precisa adotar o método do Google para mensurar a inovação na sua empresa. Na verdade, não deve fazer isso. Uma grande empresa, com investimentos estratosféricos em novos projetos, provavelmente vai dar uma boa atenção à quantidade deles iniciados em um determinado período, por exemplo.

Mas essa provavelmente não será a métrica principal para um negócio de menor porte, que pode ter um ou dois projetos de novos produtos. Isso significa dizer que você precisa de indicadores adequados ao seu grau de investimento, a estratégia de inovação adotada e a maturidade de cada projeto.

Vejamos outro exemplo. Imagine uma pequena startup, com um único projeto, altamente disruptivo e, em razão disso, com perspectivas de resultados em um prazo mais longo. Nesse caso, medir os resultados não serve de parâmetro logo de início, já que eles só serão possíveis em um futuro mais distante.

Por isso, é mais efetivo se concentrar em evidências como a quantidade de horas dedicadas à inovação, o número de colaboradores envolvidos, o valor de captação de recursos e assim por diante.

Quais as formas de mensurar a inovação?

Já vimos que é possível escolher indicadores de acordo com seu caso específico, mas ainda assim sabemos que algumas sugestões podem ajudar a defini-los. Antes de partirmos para elas, perceba que, dentre os exemplos que usamos até aqui, podemos classificar métricas de inovação em duas classes. São elas:

  • de saída: aquelas que medem os resultados dos projetos, como retorno sobre o investimento, número de projetos concluídos e assim por diante;
  • de entrada: se referem às habilidades necessárias para buscar por esses resultados, como capacitação da equipe, quantidade de envolvidos e recursos investidos.

Vejamos então os tipos de metas que podemos incluir nessas duas classes.

01. Capacidades

As capacidades referem-se às diferentes habilidades que a organização tem para criar e gerenciar a inovação, e envolve principalmente as habilidades práticas, os insights e know-how dos colaboradores.

Além disso, abrange também o conhecimento adquirido e o capital financeiro necessário para criar inovação. Assim, se você puder identificar o conjunto de recursos necessários para inovar, vai usá-los como métricas objetivas para acompanhar o desenvolvimento da capacidade de inovar do seu negócio.

02. Estruturas

Por estruturas, nos referimos à estrutura organizacional, processos, recursos e ferramentas necessárias para apoiar a gestão da inovação. Suas métricas de estrutura devem apoiar a alocação de recursos, o gerenciamento eficiente da inovação e o processo de lançamento, bem como a velocidade do teste de novas ideias.

03. Cultura

Algumas das principais métricas de entrada de suporte nessa categoria podem ser o número de novas ideias e iniciativas que vêm diretamente dos funcionários em comparação com a administração ou o tempo gasto em desenvolvimento versus operações em todos os níveis de organização.

As métricas de saída que apoiam uma cultura de empresa inovadora podem ser o envolvimento dos funcionários em atividades de inovação, bem como a pontuação de funcionários por participação ativa na mudança.

04. Liderança e estratégia

A ligação entre estratégia e inovação é um tópico complexo porque cada organização tem uma percepção do que a estratégia significa para o seu caso. Algumas métricas concretas de liderança e estratégia são: a porcentagem do tempo gasto em inovação estratégica ou o número de executivos recebendo treinamento relacionado à inovação.

05. Métricas de negócios e produtos

As métricas de negócios e produtos, ou as chamadas “métricas de ROI”, são provavelmente uma das mais diretas das cinco categorias, pois se concentram em medir seus resultados, como o número de produtos lançados, patentes adquiridas, a receita obtida de novos produtos, ou novos mercados explorados.

Em resumo, o que você precisa fazer para mensurar a inovação é identificar as metas mais adequadas ao estágio dos seus projetos e o grau de relevância entre as métricas de entrada e de saída. Com base nesses parâmetros e nos objetivos específicos de seu plano de inovação, fica fácil definir os critérios mais importantes para o seu negócio.

Além disso, para elaborar o seu plano é fundamental buscar conhecimento em gestão da inovação. Confira a postagem que elaboramos sobre o tema!

Esdras Moreira

CEO na Introduce Formado em Redes de Computadores, com especializações em Gestão de Pessoas, Coaching e MBA em Marketing. É co-founder da introduceti.com.br, que conduz o crescimento dos negócios através de estratégias e tecnologias. Além disso é investidor no projeto Globin.it, Middas e Grupo 3Minds.

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